quarta-feira, fevereiro 15, 2006

A juventude dos nossos pais




Era demais
a juventude dos nossos pais
as suas brincadeiras
aos domingos tardes inteiras,
ou à noite no Inverno
a rapaziada
só fazia trapalhada,
era mesmo um inferno!
Um certo dia
em casa de uma mulher
cujo nome dizer não interessaria,
sem que esta visse
ou alguma coisa sentisse,
à força na casa entraria
um determinado animal
muito sujo e irracional
e qual havia de ser?
Um porco está-se mesmo a ver;
mas tudo correu mal!...
No escuro
e sem nada ver,
desata à toa a correr
desorientado
e muito assustado.
De repente
um forte cheiro sente
vindo de uma vasilha
idêntica a uma bilha
de gargalo estreito
e estava tudo feito…
O bicho “embriegado”
com o aroma perfumado
das azeitonas da panela,
vai direitinho a ela
começa então a fossar,
a panela a abanar,
a grunhir,
e os caroços a partir
e às duas por três,
o suíno,
viu-se preso pelo focinho.
“Bem feito
e bom proveito,é para não seres guloso;
come lavagem, deixa à mulher o que é gostoso”
-assim dizia a rapaziada
rindo em alta gargalhada.
Vem então de lá a mulher,
trazendo na mão uma colher
e grita
muito aflita:
-Ai Jesus, vou já buscar uma luz,
quero agora ver
o que aqui está a acontecer!...
Surpreendida
e enfurecida
com o que via
e sentia
chama os rapazes” malditos”
manda-os para os cantos dos infinitos,
para o raio que os parta;
dizendo-se já muito farta
de tão estúpida brincadeira
de gente sem carácter nem canseira.
Sem discussão
foge um por cada lado,
deixando ali o porco entalado,
a mulher indignada
e muito revoltada
com aquela situação
para combinar lá fora
uma possível hora
de outra tropelia
a realizar ao outro dia …

Celeste Gonçalinho

1 comentário:

Anónimo disse...

Foi com grande prazer que lemos os teus poemas. Gostamos muito e aprendemos bastante. Obrigado!

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