quinta-feira, dezembro 11, 2008

Nascer e Morrer. O Mote.

É verdade; nada se perde, tudo se transforma. Este teu texto veio mesmo na altura certa, para se falar em transformações. Transformar ou pelo menos dar alguma vida àquilo que noutros tempos teve uma vida intensa, e que por motivos que todos nós conhecemos, se foi degradando, perdendo a sua utilidade e que acabará mesmo por cair e ser coberta por ervas, silvas, sabugueiros e outras plantas que os ratos, pássaros e o próprio vento se encarreguem de para lá levarem as sementes, tal como noutros tempos os nossos pais lá guardavam os cereais.
Estou, como é fácil de perceber, a falar de uma eira, conhecida de todos nós, com o nome de “eira dos Gonçalinhos” esta eira que dispõe de uma casa (casa da eira) está como todos nós sabemos, a cair e sem qualquer tipo de utilidade seja para quem for.
Havendo já uma forte vontade por parte de muitos dos consortes desta eira, em quererem dar vida aquela casa, e animar aquela eira tal, como noutros tempos o foi, é chegada a hora de todos dizermos sim, a este projecto. Os mais cépticos estarão já a ver que irão ficar sem o seu quinhão, naquela eira, provavelmente neste momento, com mais de cem ou duzentos consortes, é difícil de se saber qual o seu quinhão, mas fiquem descansados, que bem pelo contrário, o valor aumenta com a recuperação do imóvel.
Pois bem, voltando então ao texto, com o titulo, “Nascer e morrer” e como muito bem diz o seu autor, Kim Kosta, mesmo com a certeza de que tudo o que nasce morre, mas também de que na vida nada se perde tudo se transforma, aproveitemos então esse principio, e sem receios, transformemos a eira, num local do povo e para o povo, uma vez que neste momento a eira já deve pertencer praticamente a todas as famílias da Póvoa.
Não deixemos cair, e transformar-se numa coisa inútil, uma coisa que é de todos e que como tal poderá ter uma utilidade pública que se possa enquadrar nas necessidades da povoação, e de todos os que se encontrando fora, gostam de passar lá uns dias das suas férias.
Animemos então a Póvoa, reconstruindo e dando vida àquilo que noutros tempos foi dos locais mais alegres, onde o trabalho se misturava com as brincadeiras, tanto nas malhadas, como nos serões das desfolhadas de milho.
Jorge Venâncio

quinta-feira, dezembro 04, 2008

O PODER DE UM BLOG

O PODER DE UM BLOG
Quando fui convidado pelo sr. Administrador a colaborar neste blog, longe estava eu de pensar que ele iria ser o responsável pelas obras de restauro e conservação da capela da Póvoa. Tudo começou, porque um dia um amigo meu, professor do Liceu Latino Coelho-Lamego, o Dr. Giordano, entrou na capela com a sua máquina digital e não resistiu a tirar umas fotos, as primeiras que saíram no blog. Amante exímio da arte da fotografia e não menos da arte sacra, confidenciou-me passados uns dias que “era pena se não conservavam as pinturas do tecto, porque valiam bem uma intervenção e o mais rápido possível”.
Como me ofereceu essas fotos, resolvi também partilhá-las com os visitantes do blog. O sr. Jorge Venâncio, logo as apreciou criticamente e, num comentário de então, coincidiu na mesma observação: “Temos que salvar estas pinturas”. O povo da Póvoa reagiu favoravelmente, mas com algum cepticismo e temor, perfeitamente compreensíveis. Onde ir buscar o dinheiro para essa intervenção? E quem vai gerir as complexas burocracias que se antevêem para obras desta natureza? Aliás, a prudência não aconselhava aventuras sem fim à vista.
Surgem opiniões divergentes, mas todas à procura da melhor solução, o que gerou um debate salutar. Era preciso começar. E foi quando eu disse ao sr. Administrador: “Pode contar com o meu apoio, porque pela minha experiência, as obras de Igreja, depois de iniciadas, nunca ficaram por concluir. Há que começar, que o dinheiro aparecerá”. Depois, veio a escolha criteriosa da empresa especializada neste tipo de restauro, a autorização preciosa da Comissão de Arte Sacra Diocesana, a constituição atempada da Comissão de restauro e os donativos surpreendentes das mais diversas proveniências.
Em conclusão, foi uma obra de todos e para todos. Feliz o povo que assim se mobiliza. Não me cabe analisar sociologicamente a realização desta obra memorável. Mas não deixo de a enquadrar naquele tríptico verbal de Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”. Sim, porque amputar a primeira parte desta frase, seria elidir o sentido último das acções do ser humano, independentemente de ser cristão; omitir a segunda, seria desresponsabilizar o homem nas suas obrigações de programar o melhor para a humanidade; esperar que as obras nasçam sem intervenção de ninguém seria viver na ilusão ou na utopia.
Eu entendo que foi, previamente, Deus que o quis e, por isso, nada faltou: nem o sonho nem a obra.
Resta-me felicitar o sr. Administrador do blog, pela “primeira pedra”, diríamos, colocada na construção do projecto (assim concebo o seu alerta inicial para o que era necessário fazer), e agradecer à Comissão de restauro pela ousadia com que se lançaram neste sonho ambicioso e a todos os ofertantes, desde as entidades públicas, aos particulares, aos cidadãos anónimos. Todos podem ficar cientes de que gravaram, com a sua generosidade, letras de ouro na história deste povo.
Pe. Assunção

segunda-feira, dezembro 01, 2008

RESTAURO DA CAPELA (CONTAS FINAIS)



CONTAS FINAIS DAS OBRAS DA CAPELA DA PÓVOA
RECEITAS

-Em caixa ---------------------- 4.926,79€
-Comissão---------------------- 600,00
-Anónimo----------------------- 1.000,00
-Comissão---------------------- 2.235,00
-C. de festas de 2007--------- 2.973,10
-Comissão------------------------3.183,00
(inclui 2.041,00 da C. de Festas de 2006)
-Anónimo ------------------------2.000,00
-Comissão------------------------875,00
(inclui 50,00€ da D.ªLurdes)
-António Alves Pinto------------250,00
-Conselho Dir. dos Baldios---2.500,00
-Ofertas várias-------------------113,60
-Domingos Rasteiro-------------50,00
-Comissão-------------------------250,00
Ofertas várias---------------------69,73
-Comissão ------------------------260,00



TOTAL DE RECEITAS: 21.286,22€



DESPESAS

-Empresa Quadrifólio-------5.735,40€
(1.º pagamento)
- “ “ -------13.382,60
(2.ºpagamento)
(total da empresa:19.118,00 incluindo o IVA)
-António Faustino--------------500,00
(Reparação de estrutura do tecto)
-Electrificação-----------------1.140,00
-Colocação dos projectores---30,00
-Via Sacra------------------------295,00


TOTAL DE DESPESAS: 21.083,00


Saldo positivo de : 203,22€



Nota: A devolução do IVA, (21%) chegou 8 meses depois de ter sido pedida, quando já todos os pagamentos estavam feitos.
3.318,00€

Em caixa: 3.521,22€



V.ªNª de Souto d’El-Rei, 29 de Novembro de 2008
A Comissão de restauro

terça-feira, setembro 23, 2008

Rota da História

Teria com certeza mais de treze anos quando vi pela primeira vez um preto em pessoa; tendo visto até essa altura, somente várias representações imagéticas.
Até essa idade ouvia muitas vezes falar de pretos, principalmente a indivíduos regressados de missões católicas em África, que os descreviam não como pessoas, mas antes, como hoje se descrevem ou representam os marcianos; admitindo-se, quando muito, que fossem criaturas de algum animismo sincrético.
Diga-se de passagem, que sendo os missionários, nessa altura, dos poucos conhecedores da realidade africana, se compraziam de a relatar cá para os papalvos, apimentadamente recheada de vivências e peripécias sobre pessoas, deslocações, caçadas, safaris etc, absolutamente anedóticas.
Entendiam-se os costumes dos nativos não como objecto de culturas ancestrais, mas antes como instintivos hábitos selvagens muito próximos dos macacos, que era necessário submeter, ensinar, educar?... Ensinar, numa clara lógica de supremacia cultural e humanística da raça branca.
Num preto, todos os actos, gestos, costumes, rituais etc., eram risíveis. Riamo-nos dos relatos da sua indumentária, adornos, tatuagens, brincos argolas, guizos etc, colocados nos mais diversos sítios do corpo, por vezes e para tal, objecto de diversos furos e mutilações. Risíveis eram as suas formas de comer em grupo de um mesmo recipiente e directamente com as mãos, sem qualquer garfo ou colher.
Risíveis, também entre nós brancos, as homenagens festivas, expressas nas mais diversas danças, gestos e rituais, que os pretos prestam aos seus “maiores” (Homens grandes), chefes de aldeia, de concelho, de distrito, régulos, feiticeiros etc, a quem – supomos - veneram como ídolos. Como exemplo – remoto - desta forma colectiva de entender os pretos, lembro o vergonhoso facto histórico do aprisionamento e humilhação do Gungunhana.
No entanto, risível, risível, parece-me hoje a forma como os brancos assimilaram todos esses “bárbaros” costumes dos pretos.
Risível, parece-me hoje saber que há brancos com brincos chocalhos, argolas ou arganeis (pircings), colocados em todo o mapa corporal, inclusive orgãos sexuais e até nas bordas do cu?...
Risível, é que esta onda atravesse todos os estratos sociais, incluindo as “elites”. Curiosa e excepcionalmente, nunca vi nenhum militar padre ou bancário, com alguns destes penduricalhos presos às orelhas ou ao nariz, nem tão pouco, usando aquele exótico corte de cabelo tipo crista da galo.
Risíveis, parecem-me ainda as recepções a qualquer politicozeco, acompanhadas de fanfarra, banda, e tantas vezes com utilização das próprias criancinhas em encenações folclóricas, lançando a escada do “Olimpo”, a balofos e inúteis ídolos com pés de barro.
Entristece-me saber adulterada a língua pátria, com substituição do muito pelo bué, e apraz-me saber que os brancos ainda não comem a sopa com as mãos e directamente da panela, sem garfo nem colher.
Não é intenção deste artigo criticar no nosso povo a importação de tão exóticos costumes e artefactos, tanto mais que alguns até nos enriqueceram, principalmente no domínio da música e da dança, mas tão somente evidenciar através destes exemplos como anda a roda da história, praticando nós hoje os actos, que ontem eram objecto da nossa chacota.
Mudam-se os tempos, mudam-se os homens, mudam-se as vontades. Aquilo que ontem era, hoje já não é, e um dia voltará a ser.
Para onde vais mundo ?

Zé Macário

terça-feira, agosto 05, 2008

A PÓVOA

PASSADO,PRESENTE E FUTURO

I
Minha terra é tão linda
Num lugar tão pequenino
Onde passei minha infância
Nos meus tempos de menino
II
De tão pequena que é
E nunca mais aumentou
Dela saíu tanta gente
E mais pequena ficou
III
Esta terra pequenina
De tantas e sãs gerações
Que me trás sempre á lembrança
Tão gratas recordações
IV
Desde menino a adulto
Recordações de pasmar
É triste ver esta terra
Com tendências de acabar
V
Pouco ou nada se tem feito
Para ela melhorar
todos querem é ter proveito
Se ela o tiver para dar
VI
Que triste realidade
Com tristeza no olhar
Quando se olha e se vê
Quase tudo por cultivar
VII
Será que não vai mudar
Este desleixo abismal
Ver tanta terra inculta
Desde pego ao mial
Para não falar nas restantes
Que estão tal e qual
VIII
Eu falo de tudo isto
Pois são casos cruciais
Que antigamente se viam
Com tão lindos batatais
IX
Falando noutros terrenos
Sendo um caso mais banal
Onde então se cultivava
Noutro tempo o cereal
X
Estes terrenos então
E outros não referidos
Pois são para algumas famílias
Como terrenos perdidos
XI
Deixo-vos com estas quadras
E com vocês meditar
Vamos todos dar as mãos
Em conjunto trabalhar
Evitando deste modo
Da nossa terra acabar

José Venâncio

sexta-feira, agosto 01, 2008

IRONIAS DO TEMPO



Meus amigos, afinal o tempo não se esgotou e não parou no infinito do tempo que o tempo nos legou. Em qualquer tempo é tempo de fazer que o tempo seja mais tempo e não haja mais tempo de dizer que o tempo nos bastou. Mas se o tempo for o tempo, aquela fracção de tempo que em todo o tempo sempre esperou! E se for este o tempo desse imenso tempo, do muito tempo que a vida nos negou? Poderá ser, de facto, este o tempo que o próprio tempo nos destinou. Apeguemo-nos ao tempo, não percamos tempo porque o outro tempo, o tempo nos levou. Mas se o tempo não for o tempo daquele tempo que ao tempo cada um dedicou, lá virá o tempo, esse mesmo tempo em que cada um acreditou. E se, mesmo assim, o tempo não nos bafejou, chegará o tempo de outro tempo que o tempo nos marcou.Para viver este tempo, retomemos o tempo daquele tempo em que na cadeira da escola cada um se sentou. Este nosso tempo já não é o tempo daquele tempo que a memória avivou, mas será o tempo de recordar o tempo de um outro tempo do tempo que não mais acabou.
ASS. O mestre do tempo

domingo, junho 08, 2008

OS REIS MAGOS-HISTÓRIA E FANTASIA

DIVULGANDO O PATRIMÓNIO ARTÍSTICO…

Sendo intemporal e não se confinando ao tempo natalício, vejamos o significado desta pintura da capela da Póvoa:



OS REIS MAGOS-HISTÓRIA E FANTASIA
Devemos aos magos a tradição de trocar presentes no Natal. Em vários países, a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de Janeiro e os próprios pais vestem-se de reis magos.
A descrição mais pormenorizada dos reis magos foi feita por S. Beda Venerável (673-735) que acerca deles refere o seguinte:
“Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos e partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”.
Envoltos numa densa simbologia, representavam os reis de todo o mundo, e simultaneamente as três raças humanas, em idades diferentes. O ouro entregue por Melchior é o reconhecimento da sua realeza; o incenso de Gaspar é em honra da sua divindade; e a mirra de Baltazar (resina antiséptica usada para embalsamar os corpos) representa a imortalidade e é o reconhecimento da humanidade de Jesus.
Para lá do evangelho de S. Mateus (Mt 2, 11) não existem outros documentos históricos para explicar a vinda destes reis magos, a adorar o Senhor. Esta narrativa cheia de poesia fala de uns magos e não de três. Aliás, nas catacumbas de Domitila (séc. IV), aparecem quatro, e em representações sírias e arménias, chegam a ser em número superior. A tradição fixou o número três, pela quantia dos presentes oferecidos. Talvez fossem astrólogos ou astrónomos, pois ao verem a estrela, seguiram-na até à região onde nascera Jesus, dito o Cristo. “E vendo a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo”(Mt 2, 10).
Quem não ficou nada satisfeito com a sua vinda, foi Herodes, porque temia tratar-se de um enredo político para o destronar. Esse seu modo de actuar é atestado por historiadores como Flávio Josefo, na sua obra “Antiguidades Judaicas”. Em paralelo com o texto de Mateus, o referido historiador judeu afirma que Herodes misturava-se por vezes, disfarçado, com a multidão para saber o que pensavam do seu reinado. Por isso, os magos no regresso, voltaram por outro caminho (Mt 2, 12).
Para lá da exegese, que vê nos magos o cumprimento da profecia “os reis de toda a terra hão-de adorá-Lo” (SL.71,11), todo o cristão, ao contemplar esta pintura, pode ver neles um resumo do evangelho e enriquecer a sua vida de fé, ao descodificar o significado eloquente das distintas dádivas. Seguir a estrela da fé, desinstalar-se do comodismo da indiferença religiosa, e pôr-se a caminho deste Deus que suscita a curiosidade dos sábios de todas as partes do mundo, eis o grande sinal para que nos aponta a visita dos reis magos.

Pe. Assunção
Nota: Esperamos muito em breve mostrar fotos do tecto já restaurado. Esta pintura foi fotografada ainda antes das obras de restauro. Por isso, apresenta fissuras e outros sinais de deterioração.

quinta-feira, maio 29, 2008

Tell me Why (tradução)


Em meus sonhos, crianças cantam canções de amor
para todos os meninos e meninas
O céu é azul, os campos são verdes e o riso é a lingua do mundo
Então eu acordo e tudo que eu vejo é um mundo
cheio de pessoas em necessidades
Refrão:
Me diga por que(por que) tem que ser deste jeito?
Me diga por que(por que) Há alguma coisa que eu perdi?
Me diga por que(por que) porque eu não entendo.
Quando tantos precisam de alguém,
nós não damos uma mãozinha(ajudinha)
Me diga Por que?
Todo dia eu me pergunto o que eu preciso fazer para ser um homem?
Eu preciso ficar e lutar para provar para todo mundo quem eu sou?
É para isso que minha vida é, para gastar num mundo cheio de guerra ?
Refrão
(Crianças) Me diga por que ? (Declan) Me diga por que ?
(Crianças) Me diga por que ? (Declan) Me diga por que ?
(Juntos) apenas me diga por que, por que, por que ?
Refrão
Me diga por que(por que, por que, o tigre corre)
Me diga por que(por que, por que nós disparamos a arma)
Me diga por que(por que, por que nós nunca aprendemos)
Alguém poderia nos dizer por que nós deixamos a floresta queimar?
(por que, por que nós dizemos que nos importamos)
Me diga por que(por que, por que nós ficamos e olhamos)
Me diga por que(por que, por que os golfinhos choram)
Alguém pode nos dizer por que nós deixamos o oceano morrer ?
(por que, por que se nós todos somos iguais)
Me diga por que(por que, por que nós passamos a culpa)
Me diga por que(por que, por que isto nunca acaba)
Alguém pode nos dizer por que nós não podemos ser apenas amigos ?
(por que, por que)

sábado, maio 24, 2008

Profissão de fé

Enquanto católico, creio em Deus – pai – criador e senhor de todas as coisas visíveis e invisíveis; e acreditando n’Ele enquanto pai, acredito que conhece em pormenor o coração de todos os filhos, não me acometendo no entanto o arrogo abusivo de tentar interpreta -Lo enquanto divindade.
Não conseguiria entender a atitude de Deus na passagem bíblica sobre Caim e Abel, se não acreditasse que os verdadeiros pais conhecem profundamente o âmago dos filhos, conhecendo implicitamente as intenções das acções destes – não sendo o inverso totalmente verdade.
À primeira vista, não se percebe que sendo Deus, pai de Caim e Abel, aceite de bom grado os pequenos agrados de Abel, olhando com indiferença – é o mínimo que se pode dizer – as valiosas ofertas de Caim; e estimule assim o ciúme e a inveja deste em relação ao seu irmão.
À luz do pensamento humano, poder-se-ia mesmo perguntar em última análise, quem foi afinal o verdadeiro assassino de Abel. Porém, não, não vamos por aí.
Os pais ao tomarem atitudes de diferenciação entre os filhos, apenas tentam corrigir as palpitações destes – que bem conhecem – para que não “caiam”, não se “aleijem” e não sofram futuramente.
É porém, de muito difícil entendimento esta dialéctica e nem sempre produz os melhores resultados.
É de difícil aceitação por parte dos filhos, a ideia de que os verdadeiros pais conhecem bem – por ventura melhor do que eles próprios – o fundamento das suas acções, inibições, limitações, comportamentos e até intenções.
O pai é sempre pai, até muito para lá do fim dos seus dias, e com o conhecimento empírico que tem sobre a vida, deve reprovar aos filhos, comportamentos que levem à sua queda ou ao seu sofrimento.
E quando este diálogo for impossível – o que acontece muitas vezes, principalmente devido à necessidade de afirmação e independência dos filhos – o afastamento do pai não deve querer dizer mais do que isto: não aprovo o que fazes, não estou contigo nesta caminhada, não serei conivente com o mal que sei espreitar-te.
Arrepia caminho!
É realmente difícil esta dialéctica, até porque os filhos nunca vão aceitar que muitos dos males que subsequentemente os venham a acometer, são afinal fruto da não audição atempada e respeitosa dos pais. Sobre isto, leia-se São Paulo, o homem que no seu tempo, nas suas cartas às comunidades religiosas que se iam fundando, melhores conselhos deu sobre comportamentos humanos e familiares – embora nem sempre compreensíveis à luz da cultura e do pensamento contemporâneos.
Não devem os pais exasperar os filhos, mas também não me parece que devam afligir-se em demasia, pela exasperação que eles se auto infligem, enquanto objecto de aconselhamento ou repreensão dos pais.
Nada de novo afinal!
Já tudo era assim no tempo de Adão e Eva.



Ass: Zé Macário

sábado, maio 17, 2008

EDITORIAL DO ARAUTO D’EL-REI


Paróquia de Vila Nova de Souto d´El-Rei - 27 anos em revista

A VISIBILIDADE DOS NÚMEROS

Se a Paróquia é de natureza teológica, a sua missão deverá ser logicamente de carácter pastoral. Deste modo, não é uma filosofia que a sustenta nem uma sociologia que a faz actuar. É antes de mais um modo de estar no mundo, segundo os critérios do Evangelho e da vontade do seu Fundador.
Sem prescindir da sua especificidade, são visíveis todavia e, à semelhança de todas as instituições humanas, os seus aspectos organizativos, em função da sua vitalidade e da promoção e coordenação dos dinamismos de vida cristã.
1.- Entre 1980 e 2007, é este o número de Baptismos, Confirmações, Matrimónios e funerais:
Baptismos – 321 Confirmações - 360 Matrimónios - 98 (1) Funerais – 292
(1) O número de casamentos é o registado no livro de assentos da Paróquia. Os que se realizam fora da Paróquia estão registados ou na paróquia da Sé (os que se celebraram no Santuário dos Remédios) ou nas outras Paróquias onde se realizaram.
2. - Crianças na catequese, por anos (no ano de 2007/2008)

Anos............1.º.. 2.º.. 3.º.. 4.º.. 5.º.. 6.º.. 7.º.. 8.º.. 9.º.. 10º
Crianças....... 7....8.... 5.....9....14....7.....0.....10..15......0
...........................................Total de crianças - 75

3.- Número de catequistas – 22
4.- Elementos do Conselho de Pastoral – 23 (criado em 4/07/2003, com estatutos aprovados)
5.- Lugares de culto com Eucaristia Dominical – 4 (Arneirós, Juvandes, Póvoa e Lar de Idosos). Aos sábados, tem ainda sido possível uma missa vespertina, alternando ora na Póvoa ora em Juvandes.
6.- Padres ordenados na Paróquia a partir de 1910 – 5 (3 da Póvoa e 2 de Juvandes)
7.- Seminaristas actuais – 1 (de Juvandes, no 9.ºano, no Seminário de Resende)
8.- Congregações no território de Vila Nova de Souto d’El-Rei – 1 (Mosteiro das Irmãs Dominicanas contemplativas, com 12 religiosas residentes)
9.- Lares – 1 (Lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia)
10- Irmandades – 1 (Irmandade do Bom Jesus com cerca de 400 Irmãos), criada em 1676.
11- Jornais paroquiais – 1 (O Arauto d’El-Rei)

Pe. Assunção

domingo, maio 11, 2008

CONTRACAPA

Bocas da reacção

Seis anos volvidos sobre a sublevação do PAIGC na Guiné Portuguesa - assim se chamava na altura - encontrando-me como militar em Lisboa, já a bordo do N/M Niassa, para partir rumo a essa província, integrado num contingente de rendição, o Sr. Ministro do Exército, subiu a bordo, e no salão nobre desse navio discursou às suas tropas. Desse discurso, dirigido especialmente a milicianos, retive o seguinte:
- Exorto-vos a que sejais cuidadosos e pratiqueis os ensinamentos que vos foram ministrados, porque isto é uma guerra só operada por milicianos, sendo deles portanto, as principais consequências.
Educados que fôramos desde a nascença num forte nacionalismo, amor à Pátria e homenagem aos seus heróis, seus governantes e seus símbolos, não podia esta juventude regatear - embora excepcionalmente muitos jovens, principalmente filhos dos maiores beneficiários do regime, tenham cobardemente fugido (à guerra) para países estranhos - dizia eu, não podiam estes jovens regatear esforços na defesa do seu território, mesmo que plenamente conscientes dos perigos que corriam as suas vidas.
Era no entanto realmente uma guerra de milicianos, administrada do interior de gabinetes - de "ar condicionado" - por profissionais do quadro permanente, com várias comissões assim cumpridas, e motivações bem diferentes.
Por uma questão corporativa, por motivo de uma medida administrativa que o governo tomou, tentando atrair milicianos regressados do ultramar ao quadro permanente, aqueles profissionais sublevaram-se (em 25 de Abril) traindo a ideologia "ditatorial"que, anos e anos tinham alimentado e ensinado a muitos contingentes de mancebos recrutados para o serviço obrigatório e confiados aos seus comandos e ensinamentos; traindo ainda o estado"ditatorial" que lhes pagava, a quem tinham servido de esteio (sim, porque ninguém consegue ser ditador sem um forte esteio) e a quem deviam obediência.
Qual a legitimidade e autoridade democrática da interpretação, por aqueles militares, de que o povo queria mudar de regime ou de que o quereria através de um golpe de estado seguido de revolução?
Em retrospectiva, não gostei da humilhação e extradição do nosso primeiro-ministro de então, o tal das afáveis conversas em família – e que os nossos irmãos brasileiros receberam de braços abertos.
Não gostei do abandono das províncias ultramarinas à sua sorte, com o consequente êxodo quase total dos brancos “europeus” atónitos e atordoados de medo.
Não gostei da delapidação e degradação das suas riquezas, muitas eventualmente enterradas nas próprias casas na esperança de um dia poderem voltar.
Não gostei da estropiação e morticínio atrozes a que o abandono conduziu, numa luta fratricida sem precedentes.
Não gostei da degradação das modernas cidades ultramarinas.
Aqui na metrópole, não gostei da febre das nacionalizações ou das ocupações selvagens.
Não gostei da destruição da nossa economia com o corte abrupto do nosso tecido produtivo e comercial; de lembrar que tínhamos uma forte marinha mercante (incluindo muitos e grandes paquetes de luxo) e uma companhia aérea que rivalizavam com as melhores, e estavam principalmente vocacionadas para as nossas relações com a África portuguesa, e que, a seguir ao 25 de Abril tiveram como única actividade durante anos, o transporte de pessoas e bagagens de retornados, em fuga desesperada.
Não gostei da perseguição, extradição ou fuga dos nossos empresários.
Sabemos como estamos, com todas as vicissitudes do 25 de Abril, mas não sabemos se seria possível e como, uma gradual transição democrática – eventualmente já em curso nessa altura – e uma autodeterminação das províncias ultramarinas, sem a consequente devastação por lutas fratricidas, provocadas pelo abandono e fuga “irresponsáveis” da tutela.
Pode muito bem ser, também sobre esta perspectiva que se conduza a análise histórica do 25 de Abril, mesmo sem colar ainda ao período pós revolucionário, o desmembramento das famílias, a expansão do consumo e tráfego de drogas, da sida, da insegurança e do aumento desmesurado da criminalidade.
Não é no entanto sob estas perspectivas históricas que, os já lendários “históricos” oficiais que ainda assistem de cravo na lapela às comemorações de Abril – possivelmente mendigando reconhecimento e mitigadas palmas – induzem a que seja analisada a história.
Os nossos jovens devem aprender história - e com certeza que até gostarão – mas deve ser-lhes ensinada com toda a verdade, sem ocultação de qualquer perspectiva.
Para muitos dos nossos jovens e até para muita gente adulta, o 25 de Abril deu-se para depor Salazar, quando afinal Salazar, havia já 5 anos, nos “olhava em repouso eterno, do outro lado do mundo”.
Tal é a mistificação!
Parece-me que nem o Estado Novo era simplesmente o que se tenta retratar num “ballet rose”, nem este estado democrático pode ser retratado sem os processos pedófilos que me parece colarem-se-lhe como feijão carrapato, ou como os cravos vermelhos distintivos da revolução.

Tonho D’Adélia

quarta-feira, abril 23, 2008

Tempos que já lá vão!...

Década de 50, anos de Jac e Pré-Jac, com suas fardas azuis nas raparigas, e pretas e brancas nos rapazes - e que lindas que elas eram!... E que beleza conferiam às procissões, tão abundantes naqueles tempos!
Com excepção das pessoas da vila de Arneirós, mais ligadas à indústria de calçado, toda a minha gente participava em todos os actos religiosos da sua igreja matriz.
Do lado direito do presbitério, junto ao altar mor - em lugar de honra, cuja deferência nunca percebi, mas que concerteza reflectia alguma "complacência" com o situacionismo do tempo - estava sempre o Dr. Justino com seu genuflexório e cadeirão particulares, forrados a vermelho.
Ainda no presbitério, ao centro, o padre e dois acólitos, que, da sacristia, eram eventualmente assistidos por outros.
Ao longo da nave central da igreja estava o povo "anónimo", com homens à frente e mulheres atrás, de cabeças cobertas com lenços e véus.
No coro, participavam, entre outros, os Porteladas, os Calzinhas e os Amorins, de mãos levantadas fazendo de cabides aos chapéus, de cabeça inclinada à Direita, entoando com seus fortes vozeirões:

"Queremos" Deus homens e "gatos"
Oh Pai Supremo Redentor
Zombam da fé os insensatos
Erguem-se em vão contra o Senhor.

Eu apurava o ouvido para tentar perceber o sentido daqueles versos!... Eles repetiam:

"Queremos" Deus homens e "gatos"
Oh Pai Supremo Redentor
Zombam da fé os insensatos
Erguem-se em vão contra o Senhor.

Continuei durante muito tempo sem perceber, achando porém que eles também não.
O guarda-vento, policolor, irradiava uma multicor luz difusa, que compunha agradavelmente todo o quadro.
Desde os cânticos e rezas em latim - de bela sonoridade - que todos cantavam, mas ninguém percebia, até aos gestos e rituais que compunham o cerimonial, tudo oferecia um aliciante quadro - se bem que polvilhado de sacrifício - para crianças curiosas, à descoberta do mundo.


Zé Macário

terça-feira, abril 15, 2008

DIGRESSÕES LINGUÍSTICAS ACERCA DA PALAVRA “CÔNGRUA”


Por ocasião da Páscoa, ocorre o costume de em várias Paróquias se recolher a “Côngrua Paroquial”. Por falta de conhecimento da origem da palavra, aparecem popularmente as pronúncias de “congra”, “côngora”, “côngura” e outras. Tudo são corruptelas da palavra certa, que é “Côngrua”. O fenómeno é curioso, faz parte das “metamorfoses” da nossa língua materna, que sendo um ser vivo, nasce desenvolve-se e não é imortal.
Não cremos, porém, que seja para breve a sua extinção e, a morrer, será das últimas. Mas a verdade é que nas próximas décadas, calcula-se que mais de metade das línguas existentes no planeta venham a desaparecer, sobrevivendo apenas de futuro as mais faladas no mundo. Por aí, a nossa aguentar-se-á com ou sem o acordo ortográfico, que firmado por motivos políticos, é certo, e não por razões linguísticas, tem em vista a sua maior afirmação no mundo, tornando o Português a língua dos 200 milhões de falantes.
Mas voltemos ao nosso tema. Em latim, denomina-se por “congrua sustentatio” aquilo que se atribui ao sacerdote, com munus pastoral, para a sua sustentação adequada (côngrua sustentação). Para simplificação do significante, um efeito da “lei do menor esforço”, acaba por se suprimir a palavra sustentatio (sustentação) e usa-se apenas a palavra “congrua”. Passa-se um fenómeno de substantivação do adjectivo. Algo semelhante se verifica, por exemplo, na palavra “caldo” que vindo do latim “cibum calidum” (alimento quente) se substantivou, para se designar simplesmente por “caldo” (à letra, o quente).
Importa referir que a Côngrua faz parte dos bens temporais da Igreja. Estes destinam-se a satisfazer três fins legítimos e consentâneos com a missão da Igreja: a realização do culto, a sustentação do clero e as obras de apostolado e caridade. A hierarquização destes fins é arbitrária. A título de exemplo, a conservação dos templos ou o seu restauro insere-se no primeiro dos fins. Mas, dependendo das circunstâncias, se fosse prioritário socorrer os pobres numa necessidade, este último passaria a ser primeiro.
Portanto, o adjectivo qualificativo côngruo, na sua forma de masculino, tal como aparece em verbete do dicionário, tem como sinónimos entre outros: condizente, adequado, proporcionado, apropriado, ajustado, decoroso, congruente, honesto, digno, etc. Devo manifestar a minha admiração e reconhecimento a tantos, e são tantos os fiéis, que sem saberem a origem da palavra (para eles é absolutamente indiferente) conhecem e testemunham, com o sentido preciso de gratidão e justiça para com a Igreja, o valor daquele donativo que sempre foi voluntário e nunca foi “imposto”. Se o fosse, perderia a congruência e enfraqueceria a justiça, porque esta nem sempre consegue ser humana e humanizadora.
E a propósito dos bens temporais da Igreja, os meus amáveis leitores aguardarão ansiosamente as contas finais das obras de restauro da capela. A isso têm direito. O pré-orçamento foi colocado no blog em devido tempo, tal como os pormenores técnicos da intervenção. Logo que a iluminação esteja colocada, (está, de momento, a ser estudada pela Comissão de Arte Sacra Diocesana) de modo a valorizar o tecto e a destacar a sua policromia, última operação a efectuar, aqui mesmo serão divulgadas. Resta-me agradecer a todos os ofertantes e responsáveis pelo empreendimento. Pela minha parte pessoal, apenas me ocorre a passagem do Evangelho, após a missão cumprida, “somos servos inúteis, não fizemos mais do que o que devíamos fazer”.


Pe. Assunção

terça-feira, abril 08, 2008

Restauro do tecto da capela da Póvoa

Citação:

"O poeta é um fingidor
E finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente".



Inicialmente algo apreensivo quanto à execução do restauro do tecto da capela da Póvoa, confesso-me agora maravilhado com a aprimorada conclusão da obra.

Bem sei que há hoje uma extensa gama de podutos capazes de um restauro perfeito... Terá sido executado por pessoal altamente especializado...

Porém, o resultado é espectacular, com calafetagem perfeita, afinação e acerto de tintas magistral.

Tudo respeitou de tal forma a traça, o traço, a tonalidade originais, e a desmaiada policromia gravada pela corrosão do tempo, que tive dúvida de que alguém lá tivesse mexido.

Nada, absolutamente nada, ficou ao acaso ou foi adulterado. Porém, o que mais me fascinou foi a autenticidade conferida à pintura das taliscas e buracos – que eu julgava impossível – que parecem tão autênticos, tão autênticos, que dá vontade de, por entre eles – no escuro da noite – espreitar as pernas da lua, quando ela ali se detém a adorar o Menino.

Ai se não fosse pecado tal acto dentro da capela!...

Não fora a vergonha e, incrédulo como S. Tomé, teria a tentação de os ir tactear ( os buracos e frinchas) com os meus dedos, e confirmar se são realidade ou pintura.



Zé Macário

sexta-feira, abril 04, 2008

Correu há alguns meses atrás, na comunicação social, que os bispos portugueses levaram uma "puxão de orelhas" de S. Santidade, pelo decréscimo da prática religiosa em portugal.

Correu também, posteriormente, que o Papa aconselhava ou impunha, ( não sei bem) que as homilias não se prolongassem, por mais de dez minutos e versassem exclusivamente sobre passagens das escrituras Sagradas.

Passaram já mais de 40 anos depois do Concílio Vaticano II, sem que as doutrinas dele saídas - e que foram entusiásticamente recebidas pela juventude católica de então- fossem implementadas principalmente no que diz respeito a uma efectiva e responsável participação dos leigos na vida religiosa das respectivas comunidades; Os leigos continuaram simples ouvidores das prédicas da sua hierarquia ou serventuários do pensamento desta.

Sente-se já a necessidade de convocação de novo Concílio, com novas orientações, face às velozes transformações sociais que o mundo sofreu, sem que tenha havido uma efectiva prátia do que foram as orientações do Concílio Vaticano II.

Por isso me parece razoável o aludido "puxão de orelhas", vindo aliás de alguém que pela sua firmeza, há muito me habituara a admirar.


Queixam-se os nossos prelados da CEP, de estarmos perante um estado militantemente ateu. Porém, poderemos perguntar nós, onde e quando convocaram eles as suas "hostes" para responder de forma militantemente religiosa, travar os desmandos do estado, e fazer valer princípios da nossa doutrina?

Recordo que a seguir ao 25 de Abril de 1974, essas "hostes" responderam prontamente ao apelo da sua hierarquia, vindo a combate, pela reposição da sua Rádio Renascença, repondo-a em funcionamento e com maior vigor, quando se encontrava eminentemente perdida. Sim, faltam "Generais", no combate e, de mansinho, mansinho a crise de valores está aí bem instalada, tendo já ferido de morte o sistema de educação nas familias e nas escolas e com ele toda a sociedade.

As conversas são como as cerejas, e por isso, me alonguei neste artigo, pois só pretendia falar de uns dias de férias Pascais que tive na Póvoa e em que mais assíduamente assisti a algumas homilias em diferentes comunidades locais pequeníssimas, onde em alguns casos, os oradores se perderam em elogios e louvaminhas "puéris" sem aparente razão, a alguns elementos da comunidade, sem se aterem - como recomendou o Papa - às Sagradas Escrituras.

Ora, eu parece-me que qualquer distinção elogiosa, de
exaltação de um qualquer elemento da comunidade - sendo de interpretação subjectiva- tem como reflexo a humilhação de todos os elementos não exaltados; para além de que não devem as homilias ser o atribuir de "medalhas" ou uma "passerelle" de vaidades. No entanto, pode ser uma forma- e isto também acontece - de fazer chamamento à reciprocidade do elogio; Quando eu era muito menino, a brincadeira de que mais gostava, era fazer altos elogios à montanha para que ela me devolvesse o eco.

Isto porém, não vale a pena, até porque a realidade para cada um, não é a que outros tentam transmitir-lhe ou a que é captada pelo seu sistema sensorial, é antes o fruto sintético do labor interpretativo do cérebro, dos elementos captados. Como diria Nietzshe, não há factos, só interpretação de factos.

Na mesma linha e para terminar. Sinto saudades do tempo em que os sacerdotes, quando se dirigiam à comunidade, o faziam designando-a sempre de "Caríssimos irmãos"; Hoje parece terem aprendido com os políticos- o que é um péssimo exemplo- e dirigem-se às eminências, exelências, senhores presidentes, senhores doutores, senhores professores, minhas senhoras e meus senhores !...

Enfim, perdi estatuto. O mundo pula e avança.

Ass. Zé Macário

sexta-feira, março 28, 2008

As obras da nossa Capela



Agradecimento

Terminadas que estão as obras da capela, não queríamos deixar passar esta oportunidade sem um sentido agradecimento pela generosidade de todos os que com os seus donativos, tornaram esta obra possível.
Gostaríamos em primeiro lugar de dirigir uma palavra de admiração, agradecimento e reconhecimento ao Sr. Padre Dr. Assunção pelo empenho que dedicou a esta causa, não se tendo poupado a esforços e estando presente sempre que necessário, para que esta obra não morresse antes de nascer. O seu interesse e entusiasmo foram para todos nós um estímulo e uma certeza de que seríamos capazes de levar por diante este projecto. Todos temos a noção da importância do seu empenho da sua dedicação e da sua generosidade que são dignos de público reconhecimento.
Em segundo lugar queremos agradecer às comissões de festas de 2006 e 2007, pela forma como souberam gerir os donativos recebidos, de modo a que uma boa parte revertesse a favor das obras da nossa capela, sem que tal tivesse afectado a animação que foi vivida durante esses dias. As comissões merecem, também elas, o nosso elogio não só pelas ofertas, mas também pela boa gestão que fizeram dos recursos que tiveram à sua disposição, proporcionando, durante os dias de festa, momentos de convívio e de fraternidade que a Póvoa há muito tempo não vivia.
Também a comissão de baldios merece o nosso muito obrigado, pela sua generosa oferta, fazendo crer à comissão que poderíamos contar com eles e avançar sem receios, pois não iríamos estar sós.
Agora, que estamos a chegar ao fim, queremos confessar as dúvidas e os receios que sentíamos no inicio deste processo pois os valores em presença eram significativos. No entanto, o início das obras aconteceu e dia após dia, semana após semana, mês após mês a nossa confiança foi crescendo, a nossa crença de que era possível foi-se firmando. A nossa comunidade respondeu ao apelo, aderiu à proposta que foi lançada e mostrou do que éramos capazes de fazer colectivamente. As adesões foram muitas, os residentes na nossa aldeia, os filhos da terra que se encontram espalhados por vários pontos do país, mas que guardam no coração a sua terra e as suas raízes, fizeram as mais variadas e generosas ofertas, podendo dizer hoje como o poeta: “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”.
Neste quadro de agradecimentos, temos todo o orgulho e sentido de dever, em dar uma palavra de grande consideração, reconhecimento e admiração pelas gentes de Juvandes, pois também elas se associaram às pessoas da Póvoa, como dois povos que se fundiram num só, por uma causa, que quiseram que fosse delas também. Para vós povo da Juvandes, o nosso bem-haja.
A todos os que colaboraram das mais variadas formas os nossos sinceros agradecimentos. Estas são justas palavras de gratidão por tudo aquilo que, com a generosa participação, espírito de sacrifício e solidariedade de todos vós, conseguimos levar por diante tal obra. Partilhamos também o nosso sentimento de dever cumprido, para com a nossa terra, a salvaguarda do nosso património, e a nossa devoção à Nossa Senhora do Pranto.

A Comissão


Nota:
Considerando que as obras de restauro se encontram concluídas, logo que a parte de iluminação que se encontra em estudo esteja efectuada, serão colocadas algumas fotos nesta página.

quarta-feira, março 26, 2008

A POLÉMICA DATA DA PÁSCOA, TRADIÇÕES E SIMBOLOGIA

1- Já várias pessoas me perguntaram porque não se celebra numa data fixa o dia de Páscoa, tal como o Natal, por exemplo.
De facto, o problema dessa data já não é de agora. E nada me repugna se um dia vier a estabelecer-se uma data fixa no ano, sempre a um Domingo, certamente. Trata-se de uma questão disciplinar e não dogmática.
No princípio, os cristãos mantiveram a data móvel, porque, segundo o livro do Êxodo, já os judeus celebravam a festa da Páscoa, anualmente, no 14.º dia depois do equinócio da Primavera, em comemoração da saída do Egipto, dirigida por Moisés. As cristandades da Ásia continuaram a celebrar a Páscoa nesse dia 14, qualquer que fosse o dia da semana. Em Roma e no resto da Igreja, celebrava-se no Domingo seguinte a esse dia 14 de “Nisan”. No século II, acaba por prevalecer o uso romano, que escolheu o Domingo seguinte à Páscoa judaica, porque Cristo ressuscitou a um Domingo (em latim “dominicus” = dia do Senhor).
Continuando a existir conflitos por causa da data, o concílio de Nicea no ano 325 d.C, para dirimir a controvérsia, determinou que se celebrasse sempre no Domingo seguinte à primeira Lua Cheia que ocorre após o equinócio da Primavera boreal.
Sendo assim, já sabemos que a Páscoa pode cair entre 21 de Março e 25 de Abril. E todos os anos, há que verificar o calendário para ver se a Páscoa é alta ou baixa. No meu ponto de vista, seria mais cómodo para nós não terem respeitado o dia da festa judaica e desprenderem-se totalmente dessa data móvel, para celebrar antes a Ressurreição, num dia anual fixo de Domingo.
2- Tradições: o coelhinho e os ovos de Páscoa
A figura do coelhinho está simbolicamente relacionada com esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinónimo de preservação da espécie, numa época em que o índice de mortalidade era altíssimo. No Egipto Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
A relação entre a reprodução e os significados religiosos da Páscoa está na esperança de um vida nova, que emerge quer da significação da festa judaica quer da cristã.
E os ovos da Páscoa? Também se situam neste contexto de fertilidade e de vida. Chocolates, enfeites e jóias tomam a forma de ovos nesta quadra pascal. Em suma, nós os cristãos temos motivos para festejar a Ressurreição do Senhor. Ela é o centro e a razão da festa. “Se Cristo não tivesse ressuscitado seria vã a nossa fé”.
3- Na capela da Póvoa, este ano houve um acrescido motivo de alegria pascal. O tecto sofreu obras de restauro. Estão praticamente concluídas as obras. Por cima do altar, na capela-mor, ergue-se, em bela pintura, um Cristo Ressuscitado. Só lhe falta uma iluminação adequada para o valorizar. Ao tecto, que Ele, na sua glória, já não pode morrer, ressuscitou. Aleluia.
Continuação de feliz Páscoa para todos.
Pe. Assunção

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

O candeeiro de cristal (texto enviado por "asas de vento")


O candeeiro de cristal

Ao longo das nossas vidas, todos nós nos deixámos arrebatar pelo simbolismo de um ou outro objecto com o qual estabelecemos uma qualquer relação. Também eu não fujo à regra e, como tal, trouxe à memória uma especial recordação, esta, sim, especialíssima. Trata-se de um velho candeeiro de “cristal”. De aparência imponente, escondia em si grandes fragilidades, tal como as do vidro que lhe deu origem. Todavia, fazia questão de exibir com requinte as suas formas poliédricas em que sobressaíam: o seu pé fino e firme, a sua perna alta e esguia, o seu tronco estreito e arredondado, a sua chaminé curvilínea e sensual. Se bem que naquele tempo tudo fosse mágico, este velho candeeiro era-o ainda mais pelo seu aspecto asseado, pela lisura das suas faces, pelo contraste que o envolvia e pelo misticismo que encerrava. Do alto do seu pedestal, supervisionava tudo o que gravitava em torno da sua auréola de ouro: o arquitectar de projectos, o lavrar de escrituras, o afirmar de intenções, o testemunhar de factos, o proferir de sentenças... Enquanto isso, a sua velha irmã, a candeia, encostada ao canto da cozinha, conformava-se com tarefas bem diferentes, mas não menos nobres: assistia à reza, alimentava os serões, guardava o fumeiro… Por seu turno, o seu irmão mais novo, o lampião, alimentava a bicharada da corte, ia à fonte em noites de breu, tapava os talhadoiros das proximidades… Com tais personagens e tão diferenciadas funções, parecia estarmos na presença de três classes luminescentes distintas. Não era assim, no entanto! Embora com diferentes desempenhos, todos trabalhavam para a mesma causa e a todos era proporcionado o alimento necessário à sua incandescência. Tratava-se, portanto e tão só, de uma classe que, por seu turno, iluminava a vida de uma outra – a dos não iluminados. Apesar disso e sem que nada fizesse para tal, o distinto cristalóide era destacado dos seus parentes próximos a pretexto da sua fragilidade, do seu aprumo ou da nobreza das missões que lhe eram confiadas. Por tal motivo, de quando em vez, assumia posturas egocêntricas, altivas e, até, de algum autoritarismo. Mesmo assim, era tido, pelos luminescentes das vizinhanças, como um referencial de virtudes ímpares, inigualáveis e só ao alcance de entidades supremas. A tudo isto, a velha candeia assistia de forma passiva e serena até que a sua chama se extinguisse. Por outro lado e com a maior das ingenuidades, o lampião sonhava, apenas, tornar-se no mais humilde dos panos que aliviassem o pó das superfícies polidas de tão distinto exemplar. Mas tal não quis o destino. No mais lúcido dos momentos e no mais leve dos alertas, afastou-se dele definitivamente e deixou-se guiar por aquela outra luz, a das estrelas, as tais que tudo sabem, tudo dizem e tudo anunciam. Seguidas de perto, estas amáveis criaturas fartaram-se de brilhar para si, só para si, tanto em noites de acalmia quanto de tempestade. Todavia, a figura do ditoso candeeiro não tinha ficado para trás. As suas luminescências cruzavam-se em redor do desdito lampião, como uma espécie de fantasma em encruzilhada de noite escura. Como a noite não passasse e a cruz se não desvanecesse, eis que é chegado Júpiter que, num assomo de raiva, soprou forte, muito forte e, num ápice, transformou em grãos escuros e informes a essência de tal cristal. Apagaram-se as luzes, a noite ficou mais noite e a aurora que se aproximava deu lugar a um novo dia.

(Extraído da obra “Álbum de Recordações” de Catarina Vá Com Deus)

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

EDITORIAL DO ARAUTO D’EL-REI

CRISMA, EM PREPARAÇÃO, NA NOSSA PARÓQUIA

No dia 18 de Maio próximo, irão ser confirmados 25 jovens da nossa Paróquia. Que importância dar a esta preparação nos dias de hoje, quando há décadas atrás, o bispo passava ocasionalmente pelas paróquias e celebrava, sem mais, este sacramento? Pelo menos, três razões o justificam:
1. A necessidade de receber o Crisma, para ser padrinho do Baptismo; 2. A vontade de aprofundar a fé e ratificar o Baptismo; 3. A oportunidade dos jovens pertencerem aos grupos organizados de apostolado juvenil.
Infelizmente, seria infrutífero este sacramento se outras fossem as motivações para o receber, tais como:
A) uma cerimónia social sem continuação na vida cristã; B) recebê-lo sem estar convicto da sua importância, mas apenas para estar segundo as normas da Igreja; C) ou entendê-la como a meta final da preparação cristã, sem compromissos posteriores com a Igreja.
São estas as implicações do Crisma: Fortalece a vida espiritual do Baptismo; é um momento necessário na iniciação cristã; é o sacramento do Espírito Santo; é o sacramento do compromisso eclesial e do testemunho cristão.
Daí, a necessária preparação “prolongada” para amadurecer a vida cristã e proporcionar aos crismandos o despertar de convicções, da criação de laços de fraternidade entre eles e o contacto destes com a vida pastoral da comunidade.
Assim entendido este sacramento, será com grande alegria que o rito da unção na fronte dos jovens, que sucederá na nossa paróquia no próximo mês de Maio (não se realizava já há 4 anos), resultará em festa cristã, extensiva aos seus padrinhos e a toda a comunidade que presenciará o gesto da imposição das mãos, o qual significará a entrega da missão que o sr. Bispo lhes confia.

NOTÍCIAS BREVES

- Comissões de festas exemplares
Na Póvoa, as últimas duas comissões de festas em honra de N.ª S.rª do Pranto apresentaram um saldo de 2.041,00€ (no ano 2006) e 2.973,10€ (ano de 2007). Ao considerarem que as obras de restauro da capela da Póvoa acarretavam uma despesa que não era fácil de suportar por um povo com uma diminuta população, decidiram entregar as sobras para a Capela da Póvoa. Parabéns pela atitude. Um exemplo para todas as comissões de festas. E que não lhes faltem nunca o apoio e os donativos necessários para organizações futuras de festas, por sinal, muito bem programadas, e administradas com uma gestão criativa e eficiente.
- Fim das obras, para breve
Estão em estado adiantado as obras de restauro e conservação da capela da Póvoa. No próximo número do jornal, esperamos apresentar já as contas finais, bem como alguma foto do tecto da capela após o restauro.
- A comunhão solene, juntamente com a primeira comunhão, serão realizadas a 4 de Maio de 2008; o Crisma será no dia 18 do mesmo mês.
Pe. Assunção

sábado, fevereiro 02, 2008

Dire Straits (Brothers in arms)

These mist covered mountains
Are a home now for me
But my home is the lowlands
And always will be
Someday you'll return to
Your valleys and your farms
And you'll no longer burn to be
Brothers in arms

Through these fields of destruction
Baptisms of fire
I've witnessed your suffering
As the battle raged higher
And though they did hurt me so bad
In the fear and alarm
You did not desert me
My brothers in arms

There's so many different worlds
So many different suns
And we have just one world
But we live in different ones

Now the sun's gone to hell and
The moon's riding high
Let me bid you farewell
Every man has to die
But it's written in the starlight
And every line in your palm
We are fools to make war
On our brothers in arms

TRADUÇÃO

Estas montanhas
cobertas de névoa
são um lar para mim agora
mas meu lar
são as planícies
e sempre serão
algum dia vocês voltarão
para seus vales
e suas fazendas
e não mais
arder o desejo
de ser um companheiro
de batalha
por estes campos
de destruição
batismos de fogo
assisti a todo
o seu sofrimento
enquanto a batalha
se acirrava
e apesar de terem
me ferido gravemente
em meio ao medo
e ao pânico
vocês não me desertaram
meus companheiros
de batalha
há tantos mundos diferentes
tantos sóis diferentes
e nós temos apenas um
mas vivemos em
mundos distintos
agora o sol
foi para o inferno
e a lua está alta
deixe-me dizer "adeus)
todo homem tem de morrer
mas está escrito nas estrelas
e em todas as linhas
de sua mão
somos tolos de guerrear
contra nossos companheiros
de batalha

terça-feira, janeiro 15, 2008

PÓ DE ARROZ (CARLOS PAIÃO)

Pó de Arroz,
Na face das pequenas
Será beleza apenas, só
Uma corzinha com

Pó de arroz
Rosa é, mulher o pôs
E o homem vai nas cenas
Eva e Adão outra vez

É como enfeitar um embrulho
Arroz com gorgulho talvez



REFRÃO: Pó de arroz
Do teu arrozal
Esse pó que é fatal
És a tal que se encanta com

Pó de Arroz
Não faz nenhum mal
É de arroz integral
Infernal, quando chegas com
Todo o teu arroz (bis)



Pó de Arroz
Tens hoje só pra mim
Pós de perlimpimpim
És um arroz doce sim

Pode ser
Um canto de sereia
Serei a tua teia
E tu serás meu algoz

Mas quando te vais alindar
Alindada vens dar no arroz

domingo, janeiro 06, 2008

Quero É Viver

Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver

Amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será
mais um prazer

E a vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com a idade
interessa-me o que está para vir
a vida em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

Encontrar, renovar, vou fugir ou repetir

Vou viver,
até quando, eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer

A vida é sempre uma curiosidade
que me desperta com idade
interessa-me o que está para vir
a vida, em mim é sempre uma certeza
que nasce da minha riqueza
do meu prazer em descobrir

Encontrar, renovar vou fugir ou repetir

Vou viver
até quando eu não sei
que me importa o que serei
quero é viver,
amanhã, espero sempre um amanhã
e acredito que será mais um prazer

Reativar este blog

Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...