domingo, abril 22, 2007

O ontem e o hoje


Nunca foi minha ideia vir aqui falar de história, e muito menos trazer para este espaço quaisquer tipos de recordações de guerras, mas aparecem por vezes noticias que nos fazem mudar de ideias.
Provavelmente ainda hoje não estaria aqui a escrever estas linhas, se não tivesse recentemente lido, um artigo de Alexandre Herculano publicado em 1838, com o seguinte teor: “Dentro em pouco os inválidos que lá existem terão de ir mendigar o pão, que a pátria tem obrigação de lhes dar, havendo eles ganho o direito a recebe-lo com o seu sangue, e com os perigos e fadigas da guerra, que só sabem avaliar aqueles que os têm passado
(Referia-se aqui A. Herculano, aos veteranos de guerra que se encontravam no Real Hospital de Veteranos, em Runa.)
Ao ler este artigo, lembrei-me imediatamente de duas coisa:
De dois velhos soldados que tive o prazer de conhecer e que tinham participado na 2ª guerra mundial, e todos os anos compareciam fardados, ostentando as devidas condecorações de guerra, no dia do aniversário da assinatura do Armistício, (11 de Novembro) na Avenida da Liberdade em Lisboa, e do que mais recentemente fora prometido aos ex-combatentes do ultramar.
Se Herculano em 1838, já escrevia aquilo, o que diria ele hoje se cá andasse?
Puderam aqueles dois militares contar com o apoio de um hospital real, (agora, lar) onde viveram os seus últimos dias, de vida devidamente acompanhados e com a assistência que mereciam, porque uma princesa, de nome “ Maria Francisca Benedita Ana Isabel Josefa Lourença Inácia Gertrudes Rita Joana Rosa” que casara com um sobrinho com apenas 15 anos, quando ela já tinha 30, e que após enviuvar, resolveu mandar construir em Runa um hospital, que demorou 35 anos a construir, e ao qual dedicou toda a sua vida e riqueza, em favor dos veteranos de guerra., mas que após a sua morte passou por algumas dificuldades financeiras. E agora? O que tem sido dado aos milhares de ex-combatentes, que continuam a sofrer de graves perturbações, provocadas por uma guerra que não quiseram?
Estes tal como aqueles, também merecem continuar a ser vistos como verdadeiros patriotas. Cumpriram aquilo que a Pátria lhes exigiu. Cumpra a Nação o seu dever de patriotismo para com eles, não os esquecendo, como tenta esquecer, para os deixar impunes, aqueles que tão mal têm feito a este país.
JV

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro, algo de muito positivo foi feito pelos ex-combatentes. Não te esqueças que, através da Associação de Deficientes, alimentada com dinheiros públicos, existem subsídios e pensões que em grande parte dos casos nem sequer se justificam.In illo tempore, bastava ter uma unha encravada e logo se beneficiava desses subsídios ou pensões. Todos nós conhecemos dezenas de casos desses e de tantos outros que os acumulavam com os seus ordenados do activo e no exercício de outras actividades. A principal das justiças foi feita pelo governo anterior ao considerar o tempo de serviço prestado para efeitos de aposentação.É verdade que há vítimas de guerra, mas até não nos podemos queixar muito do tratamento que lhes foi dado. O que me parece é que uns quantos, sempre os mesmos, querem usufruir de regalias a que, sinceramente acho que não têm direito.Estou à vontade para falar porque também fui considerado ex-combatente.Em termos comparativos, a quantos milhares de outros cidadãos, vítimas de acidentes diversos foi feita justiça? Também eles, de forma diferente, contribuiram para o desenvolvimento do país e consequentemente para a sua independência. Não tem sentido qualquer compensação financeira a acumular à reforma.

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