quarta-feira, abril 25, 2007

Laureados ( por Zé Macário)

Tive ocasião e o prazer de, logo no inicio da minha participação no bloog, homenagear em vários escritos, pessoas simples da Póvoa, que influíram no meu crescimento, e que libertando-se da lei da morte, merecem serem lembrados entre os vivos. É no prazer das coisas simples da vida, que se vê a grandiosidade dos homens, que, por actos valorosos se vão da lei da morte libertando.
Foi tal o prazer nessas homenagens a pessoas idas, quanto o desprazer de imaginar homenageados aqueles de cuja vida, que se saiba, ninguém beneficiou.
Estes – que por vezes, nem na morte foram acompanhados – tendo vivido mortos ou nulos, não podem libertar-se nem nos é legitimo que os libertemos da lei da morte, até por configurar um acto de grande injustiça em relação aos outros.
Como de costume, no 25 de Abril e já perto do 10 de Junho, cá virá a procissão dos condecorados e comendadores – alguns valorosos entre tantos nulos…
Alguns mesmo, deixando atrás de si esteiras de vítimas exploradas.
Enfim, foge cão, foge cão, que fazem varão! Para onde? Para onde, se me fazem conde?!
Também no que diz respeito às coisas e gentes da Póvoa, me parece não devermos fazer promoções ou louvaminhas exageradas àquilo que nos parece menos merecedor. E neste particular, revejo-me muito num artigo de um anónimo que realço pelo conteúdo, entre outros seus de que mais gostei e invejo, pela singeleza e beleza da construção literária. Absoluto amante da vida, não posso ver em qualquer outra criatura um mérito maior, do que o dos nossos pais ou avós, que audaciosamente operaram o feito valoroso de nos parirem, criarem e educarem – sem a rendição à tentação do aborto – apesar das dificuldades com que o fizeram, afrontando, na nau das tormentas o mar revolto, que era a vida do seu tempo.
Não apoiarei portanto a promoção da imagem de alguém que, de si ou de seu, nada dera aos seus ou à sociedade. Não tenho nada contra quem o queira fazer – cada um sabe das suas razões – mas, também eu não darei nada para esse peditório.
Porém àqueles simples, que por “simples” actos valorosos, se vão da lei da morte libertando, também eu louvarei por toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e a arte.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu caro Costa, revejo-me plenamente neste artigo, ressalvando apenas a questão do aborto. Talvez seja melhor esta via legal do que tantos partos prematuros, abortos espontâneos e nado-mortos originados por excessos e maus tratos. Eu próprio sou um dos únicos três sobreviventes de sete gravidezes mal sucedidas da minha mãe. Poderia ter sido pior, diriamos nós à boa maneira portuguesa!

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