quarta-feira, janeiro 10, 2007

Continuação da Apresentação do Documento

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9- Sempre se pesca neste rio menos no Inverno e mezes defetos (?).

10- As pescarias deste rio são publicas, menos as aberturas de alguas açudes dos senhores dellas.

11- Cultiva-se todos os aredores deste rio, alguns arvoredos, que tem pelas bordas são muitas arvores sylvestres de ameeyros e salgueyros.

12- As suas agoas não tem virtude partecular que se conheça.

13- Sempre se conservou té o prezente o mesmo nome.

14- Entra este rio em outro chamado o Baroza no sítio aonde chamão a Ponte de Cavellas.

15- Compõem-se este rio de muitos aludes e levados para moinhos, e por essa cauza he navegável.

16- Tem este rio coatro pontes de cantaria e duas de páo; hua das de cantaria se chama a Ponte de Perta Rouca, outra a Ponte de Lamellas, que está no meyo desta freguezia, outra na cidade de Lamego chamada a Ponte de Balsamão, outra logo por bayxo do lugar de Balsamão chamada a Ponte Nova; as duas de páo hua está no limitte da villa de Magueyja e a outra no limitte da freguezia de Penude.


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17- Em toda a sua corrente se compõem de moinhos de callés, sem outra deferença nem compozição, não há pizoens, nem lagares de azeyte nelle.

18- Nunca em tempo algum e menos no presente consta, que suas agoas se tirasse ouro.

19- Se alguas propriedades se regão com agoa do tal rio, não consta ser por foros pensoens.

20- Este rio terá pouco mais ou menos de comprido duas legoas, as povoacoens por onde passa são as seguintes, a primeira povoação he Perta Rouca, Magueyja, Quintella, Arneyrós, a cidade de Lamego, o lugar de Balsamão e não comprehende mais.

21- Não há couza mais algua notável de que se possa dar conta,

E para constar ahonde conveniente for, fiz escrever este na verdade, na mesma forma de bilhete que me foy remetido da camera por ordem do Illustríssimo Reverendíssimo Senhor Doutor deste Bizpado passa tudo na verdade que sendo na prezente o assino in sacris. Arneyrós 13 de Julho de 1758

O vigário Manoel da Costa Guerreiro



Nota:

Este Documento resultou de uma pesquisa que fiz no Instituto dos Arquivos Nacionais / Torre do Tombo e da amabilidade da Dra. Sara Loureiro, que fez o favor de o transcrever. Por isso renovo os meus agradecimentos pelo trabalho realizado.
O objectivo da recolha desta informação advém da minha curiosidade, no sentido de conhecer um pouco melhor a nossa terra. Assim recuei no tempo até ao séc. XVIII para desvendar uma pequena parte da sua História. Apresentei assim, um Documento escrito pelo pároco da nossa freguesia há 249 anos e que consta nos “Registos Paroquiais”.
Foi muito aliciante para mim partilhar com os visitantes leitores deste blog mais estes dados sobre Vila Nova de Souto D´El- Rei e espero que eles constituam matéria de interesse para todos.

Dra. Sara Loureiro e Celeste Gonçalinho Oliveira Duarte

2 comentários:

Anónimo disse...

Às autoras do texto transcrito:
Li com muito apreço o texto que nos deram a conhecer, retirado do arquivo paroquial de 1758. É um meritório trabalho, o de desvendar o passado a partir de registos que, felizmente não se perderam, e são verdadeiros marcos na história de um povo. Sabemos, a esta distância no tempo, os nomes de lugares que constiuíam a Paróquia, de forma minuciosa bem como os vários lugares de culto. Os limites territoriais estão descritos de forma precisa. Podemos desde já conhecer a população demográfica, a localização das serras e rios mais próximos como a serra de Ufe, o rio Blsemão, o Coura e o Varosa.
É muito interessante a alusão a aspectos da fauna e da flora da região.
Confirma-se que o nome de Vila Nova de Souto d'El-Rei aparece apenas em 1769. Nesta data, figura ainda o nome de Arneirós como em todos os documentos anteriores. Daqui a razão de continuar a dizer-se Arneirós-Vila Nova de Souto d'El-Rei, tendo necessidade de procurar a sua história ora num ora noutro nome.
Porque reconheço a dificuldade em decifrar com rigor as palavras, pela ausência de domínio de alguns conteúdos de carácter eclesiástico e sobretudo pela qualidade desta página do blog, os meus parabéns a quem transcreveu e pesquisou (Dr.ªSara Loureiro e Celeste Gonçalinho). Valeu a pena.
Um blog pode também servir de reencontro com as origens não por mera nostalgia, mas como inspirador de iniciativas de futuro. Há como que uma unidade entre os antepassados, os actuais e os vindouros.Também o que hoje se escreve, será um dia tema de curiosidade a ser estudado pelos vindouros...
P. Assunção

José Monteiro disse...

Parabéns às autoras da mensagem! Desconheço se existe alguma Monografia da Póvoa, mas aqui fica o repto: porque não prosseguir no trilho já encetado? Como amador das coisa da História, se há algo que me incomoda, é perguntar a um jovem (os mais velhos, quanto mais não seja por tradição oral, lá vão sabendo alguma coisa...)algo sobre a sua terra e por resposta ter o desconhecimento total e absoluto!
É preciso recolher e transmitir os factos históricos, mas também coisas mais pueris e comezinhas como os trajes que se usavam, o que se punha na mesa, que cantares animavam os serões e que modinhas se dançavam, que jogos entretinham as crianças, etç.
A obra é de monta, mas possível...
Apoio moral já têm o meu (e qualquer outro que julguem necessário). Mãos à obra!!

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