terça-feira, outubro 17, 2006

Utopia

Procurei-me na minha ausência,
quis ao menos encontrar minha aparência,
no rasto dos meus passos
fatigados e duridos de canseira;
nas marcas dos sonhados abraços
até na enfadonha poeira;
na dor da terra que pisei,
mas nunca me vi,
nunca me reconheci,
jamais me encontrei!...

Foi em vão a minha procura!
nesta luta por achar-me...
onde estou?!
Onde vou, de onde vim?!
Quem sou?!
Ainda ontem acreditei que o sabia,
mas tenho dúvidas agora! Quem diria?!
Cansei de buscar-me assim...
de nunca me vislumbrar,
de não me encontrar!...

Oh! Quanto corri eu,
sempre na procura de mim?!
Cansou-se esta luta obstinada,
mergulhou em sono profundo, adormeceu...
desenhou-se na noite por fim,
a minha silhueta e mais nada!...
ó triste desilusão
que escondes a minha real essência,
apenas me mostras tão fraca aparência,
que mais não é do que mera imitação!...

Oh! Quanto empolgante para mim seria,
encontrar o meu eu um dia...
mas não!
Vagueio e corro,
definho e por fim,é certo que morro,
sem de mim achar sinal;
sem possibilidade de sorrir
por não puder concluir,
quem sou eu afinal!...

Celeste Gonçalinho de Oliuveira Duarte
Cacém 30/09/2006

Sem comentários:

Reativar este blog

Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...