Coisas simples da minha aldeia
Um dia caminhava eu apressada,
E embora pequena como era,
Já tinha tarefas à minha espera,
Mas isso não era coisa que me preocupava.
Descia o carreiro
Junto àquele ribeiro
Que vai dar ao muradal,
Quando ouvi uma forte chilreada
Ali mesmo ao pé de mim.
Embora perto como era
E não estando eu à espera
de uma “orquestra” assim
Não vi realmente nada!
Não desisti
E foi então que vi
Um minúsculo ninho de pardal
E o ninho, tinha um pequenino ovo.
Não querendo aquele momento perturbar,
Retirei por momentos o meu olhar;
Ora, não sei porque magia
Quando olhei de novo
O tal ovo já eu não via,
Já ali não estava!
Mas que estranha coisa, que maçada…
Seria então eu a culpada,
Do que no ninho acontecia?!
Por certo não seria!...
Olhei novamente
E desta vez mais atentamente;
No lugar do ovo, estava um ser pequenino,
Tão frágil, tão franzino,
Que me fazia dó
Mas não estava só
Este ser estranhamente depenado.
Às vez com o bico muito aberto
Outras, com ele fechado,
Estava o pardal mãe ali tão perto
Tratando dele com cuidado,
A alimentá-lo e a aquecê-lo
E eu esqueci o tempo ali a vê-lo!
Quando finalmente cheguei
Já o sol ia alto,
Porém esperava-me uma ruidosa reprimenda,
Que me serviria no futuro de emenda
Mas tive sorte e lá escapei!...
Oh! Como eu gostaria
De um dia
Poder voltar ao muradal
E ver de novo
Um ninho com um ovo,
Um ovo de pardal
Que eu pudesse tocar
Com a minha própria mão
E carinhosamente afagar
Dando largas à minha emoção!...
Celeste Gonçalinho de Oliveira Duarte
Agualva, 29 de Setembro de 2006
Agualva, 29 de Setembro de 2006
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