terça-feira, setembro 26, 2006

Auto análise ( Zé Macário)

Tendo saído da Póvoa ainda bastante novo, parecia-me ter poucas afinidades com o povo que há tantos anos deixara para traz.
As minhas curtas férias aí, eram bastante laboriosas e por isso pouco comunicativas; quis o destino que agora ao ser nomeado para integrar a comissão de festas 2006, fosse “forçado” a uma comunicação mais afectiva e mais efectiva e assim, observar mais de perto o nosso comportamento enquanto “ poveiros”.
Fiquei pois com a forte impressão de que o facto de nascermos limitados, num povo pequeno, pelos montes que circundam este povoado e pela falta de vias e meios de comunicação que nos pusessem em contacto com o mundo exterior, nos limitou o cérebro a um pensar pequeno – muito pequeno, mesmo.
Se isto me pareceu notório nas escolhas de espaços para a realização das festas ou mesmo o limitadíssimo espaço para a montagem do palco ou ainda do balcão, fui também sempre confrontado com a nossa ideia de menos capazes, por exemplo para a feitura de andores, preferindo pedi-los emprestados a outras freguesias, do que servirmo-nos com a prata da casa.
Outra coisa que resultou desta minha observação, foi a grande dificuldade de comunicação – objectiva, claro está; As pessoas parece não usarem os mesmos códigos de comunicação e então acontece que, quando se pensa que determinado assunto já fora tratado, vem a saber-se que afinal não era bem assim, e tal e coisa, e coisa e tal…
Assim como quando vários interlocutores combinam uma hora para um encontro, vêm a saber depois que isso não era para levar a sério, e esse encontro poderá realizar-se duas ou três horas mais tarde ou mesmo num outro dia; Resultando daqui, que para além de as pessoas nunca saberem exactamente o que está tratado ou por tratar, leva-as ainda a um mútuo encolher de ombros e a um deixa andar…
Enfim, a reflexão que aqui deixo, que tem só o valor que tem, não passando de uma teoria como outra qualquer, pode no entanto contribuir para melhores entendimentos futuros – eventualmente em outros agrupamentos, sendo afinal essa e só essa a sua intenção.
Ainda na mesma linha de pensamento, parece-me disfuncional ou funcionalmente negativa dentro de um grupo, a ideia de dever consultar sempre o grupo, de cada vez que um ou vários elementos quiser exercer uma iniciativa; O excesso de democraticidade consultiva, inibe, atrasa ou anula a iniciativa, o que me parece desaconselhável, devendo preferir-se assumir e jogar sempre com a total confiança do grupo.
Acho que devemos ser mais humanos e menos sujeitos à ditadura do politicamente correcto.

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