sexta-feira, abril 04, 2008

Correu há alguns meses atrás, na comunicação social, que os bispos portugueses levaram uma "puxão de orelhas" de S. Santidade, pelo decréscimo da prática religiosa em portugal.

Correu também, posteriormente, que o Papa aconselhava ou impunha, ( não sei bem) que as homilias não se prolongassem, por mais de dez minutos e versassem exclusivamente sobre passagens das escrituras Sagradas.

Passaram já mais de 40 anos depois do Concílio Vaticano II, sem que as doutrinas dele saídas - e que foram entusiásticamente recebidas pela juventude católica de então- fossem implementadas principalmente no que diz respeito a uma efectiva e responsável participação dos leigos na vida religiosa das respectivas comunidades; Os leigos continuaram simples ouvidores das prédicas da sua hierarquia ou serventuários do pensamento desta.

Sente-se já a necessidade de convocação de novo Concílio, com novas orientações, face às velozes transformações sociais que o mundo sofreu, sem que tenha havido uma efectiva prátia do que foram as orientações do Concílio Vaticano II.

Por isso me parece razoável o aludido "puxão de orelhas", vindo aliás de alguém que pela sua firmeza, há muito me habituara a admirar.


Queixam-se os nossos prelados da CEP, de estarmos perante um estado militantemente ateu. Porém, poderemos perguntar nós, onde e quando convocaram eles as suas "hostes" para responder de forma militantemente religiosa, travar os desmandos do estado, e fazer valer princípios da nossa doutrina?

Recordo que a seguir ao 25 de Abril de 1974, essas "hostes" responderam prontamente ao apelo da sua hierarquia, vindo a combate, pela reposição da sua Rádio Renascença, repondo-a em funcionamento e com maior vigor, quando se encontrava eminentemente perdida. Sim, faltam "Generais", no combate e, de mansinho, mansinho a crise de valores está aí bem instalada, tendo já ferido de morte o sistema de educação nas familias e nas escolas e com ele toda a sociedade.

As conversas são como as cerejas, e por isso, me alonguei neste artigo, pois só pretendia falar de uns dias de férias Pascais que tive na Póvoa e em que mais assíduamente assisti a algumas homilias em diferentes comunidades locais pequeníssimas, onde em alguns casos, os oradores se perderam em elogios e louvaminhas "puéris" sem aparente razão, a alguns elementos da comunidade, sem se aterem - como recomendou o Papa - às Sagradas Escrituras.

Ora, eu parece-me que qualquer distinção elogiosa, de
exaltação de um qualquer elemento da comunidade - sendo de interpretação subjectiva- tem como reflexo a humilhação de todos os elementos não exaltados; para além de que não devem as homilias ser o atribuir de "medalhas" ou uma "passerelle" de vaidades. No entanto, pode ser uma forma- e isto também acontece - de fazer chamamento à reciprocidade do elogio; Quando eu era muito menino, a brincadeira de que mais gostava, era fazer altos elogios à montanha para que ela me devolvesse o eco.

Isto porém, não vale a pena, até porque a realidade para cada um, não é a que outros tentam transmitir-lhe ou a que é captada pelo seu sistema sensorial, é antes o fruto sintético do labor interpretativo do cérebro, dos elementos captados. Como diria Nietzshe, não há factos, só interpretação de factos.

Na mesma linha e para terminar. Sinto saudades do tempo em que os sacerdotes, quando se dirigiam à comunidade, o faziam designando-a sempre de "Caríssimos irmãos"; Hoje parece terem aprendido com os políticos- o que é um péssimo exemplo- e dirigem-se às eminências, exelências, senhores presidentes, senhores doutores, senhores professores, minhas senhoras e meus senhores !...

Enfim, perdi estatuto. O mundo pula e avança.

Ass. Zé Macário

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