sábado, junho 16, 2007

Deixei passar algum tempo sem comentar a polémica do Arado de Ferro, para ver se o tempo me dava outras perspectivas de abordagem do respectivo contencioso.
Não gosto da generalidade dos deputados, por os achar demasiado loquazes e pouco eloquentes; espertos como ratos e pouco inteligentes. Pior ainda quando começamos a ter conhecimento de que podem afinal ser formados astutamente fora das sedes do saber e imporem-nos regras que não serão portanto fruto do saber ou da inteligência.
Ora sendo assim, não nutro qualquer simpatia pelo nosso Arado de Ferro, dado que também ele já fora deputado, em funda lavra.
Porém, caído este em desgraça, já não como deputado mas como cidadão, devo prestar-lhe alguma solidariedade, embora até esta, já tenha sido nacionalizada em tempos de outro governo da mesma cor deste, e com direito a ministro e tudo. Pois se bem se recordam até já tivemos ministro da solidariedade.
Sim, eu pensava que a solidariedade era um sentimento pessoal e espontâneo, porém já em tempos não muito distantes, foi tutelada por um ministério.
Lembram-se? Perdemos a noção do ridículo? Agora, ou há muito tempo? Confesso que estou confuso ou pelo menos, confundido.
No entanto, perante a lucidez que parece restar-me, deixem que vos diga o seguinte:
- As ditaduras e prepotências só existem porque as toleramos, nelas colaboramos, ou contra elas não actuamos solidariamente.
O que está a passar-se com o senhor Arado, seria impensável com um qualquer cidadão filiado no meu sindicato, sem mobilizar solidariamente todos os associados para uma paragem colectiva de todos os serviços, até que o problema desse senhor estivesse resolvido.
Porém, diga-se de passagem que o meu sindicato pagaria aos grevistas todos os dias de paragem, ainda que se tratasse de meses consecutivos.
Acredito que os cidadãos com mais de cinquenta anos que se referiram de forma indecorosa ao Salazar, teriam morrido na prisão se ele fosse tão mau como alguns dos novos “senhores” de hoje, e que tão mal dizem dele para – por contraste – se empoleirarem e manterem no poleiro. Pergunto porém onde está o grito solidário dos professores? Onde está o grito dos seus representantes sindicais?
A prepotência ridícula que se passa hoje com o Arado, passar-se-á amanhã com qualquer enxadita, que despersonalizada e descaracterizada, dirá em qualquer sítio: não faço minhas as palavras daquele senhor.
Esta falta de solidariedade transformará as Charruas em arados de pau de pinho, que partem a relha ou os timões à primeira pedra fixa que encontrem na lavra.

Ps: Diz-se que o presidente da CIP diz que é por medo de retaliações que não se divulgam os nomes dos financiadores de um novo estudo de um novo aeroporto.

Ass: Zé Macário

2 comentários:

ARQUIMEDES disse...

Concordo plenamente com a análise que faz em relação à falta de solidariedade dos colegas e da classe. Todavia, só se deve ser solidário com aqueles a quem a razão e o mérito assistem. Pelo que sei esse senhor arado, habituada a que andava a fazer galerias subterrâneas, não diferiria muito de uma toupeira que muito danifica por onde passa. Esse dito senhor já terá feito muito toupirices para chegar aos lugares onde chegou. Acho que ele não foi feliz nas suas intervenções públicas. Como é do conhecimento geral, existe um estatuto disciplinar a que o mesmo está sujeito e a sua violação implica procedimento disciplinar. Até aqui tudo bem. Se do processo a que foi sujeito ressaltar qualquer penalização, tem ele todos os mecanismos de recurso previsto na lei e que são muitos. O "ilustre funcionário" foi suspenso daquelas funções e não demitido. Acontece que até lhe deram o prémio adicional que só os funcionários públicos têm direito, o de ir para o seu posto de trabalho de origem e usufruir de todas as regalias sem nada fazer. Quando ao diz-se que diz-se, eu diria que ele disse o que disse à comunicação social e não o deveria ter dito sem ser em sede de inquérito ou audiência. Há milhares de processo em curso, de professores como ele, e ninguém fala deles. Se a razão lhe assistir, ser-lhe-á feita justiça, com pena minha porque também eu ajudarei a pagar a choruda indemnização. É lógico que o meu amigo não acredita que ele disse ou fez somente o que disse. Da mesma modo, reprovo a forma e as vias utilizadas, em sua defesa, pela directora regional. De facto, tudo isto cheira mal, mas num país de ..., nada poderá cheirar bem.

monted'ufe disse...

Talvez este arado quando estes campos eram propriedade de outro senhor, tivesse sido utilizado de forma idêntica. Todos sabemos que os tempos mudaram, mas os métodos continuam iguais.
Se como disse o autor: “Acredito que os cidadãos com mais de cinquenta anos que se referiram de forma indecorosa ao Salazar, teriam morrido na prisão se ele fosse tão mau como alguns dos novos senhores” provavelmente hoje estes não estariam a usar estes métodos, já que seus pais teriam morrido na cadeia. Por tudo isto quase me apetece dizer:
" Ó tempo volta para trás"

Reativar este blog

Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...