sábado, junho 23, 2007

Alô! Chamo-me Nuno, e sou neto do meu avô.
E é exactamente deste meu velho avô que começo por falar-vos:
- Ora, o meu avô não sabe que a terra é esférica, e suspensa no firmamento como todos os astros.
Ele pensa que ela é semi-esférica e assente numa base circular compacta, abaixo da qual nada existe.
Entende ele, e isso me ensina, que na terra existe uma escada – imaginária – talvez uma semi-construção em patamares da mítica torre de Babel.
Ora – ainda segundo ele – nós ascendemos ao conhecimento e à sabedoria através da subida de cada um desses patamares.
Nos primeiros patamares, nem a linha do horizonte conseguimos vislumbrar, e depois dos primeiros, a vista vai alcançando cada vez mais amplitude, ao mesmo tempo que se vai reforçando a sua telescopia.
Só que também em cada patamar que vamos subindo, fica sempre maior a diferença entre o que ficamos a saber e a consciência que vamos tomando do muito mais que há para descobrir.
Será também daí que resulta a conclusão do Outro que diz:
- Quanto mais sei, mais sei que nada sei. Daí também a humildade dos sapientes.
Não sei se será genética a predilecção que a minha família tem pelos montes, sendo certo porém que todos os subimos com muito agrado.
Paramos várias vezes ao longo da encosta e vamos apreciando as vistas que se alcançam de cada ponto. E é nessas paragens que o meu avô espraia embevecido as suas lições, quase sempre metafóricas.
Por mim, ouço-o com respeito e com o amor que todos sentimos por este ancião – acho que é assim que ele gosta de ser chamado!
E é engraçado que a verdade é que, quando estou na póvoa, a minha visão é limitada pelos montes, ao passo que se subo ao cimo do monte Dufe, passo a ser dono de uma região que vai daí até Tarouca, ao São Cristóvão e Vila Real.
Se porém subo ao monte de Santa Helena avisto uma região que vai de Montemuro até Armamar.
Se subo à Serra das Meadas, a minha vista domina toda a região do Pinhão até ao Porto.
Como conclusão acho que há alguma razão na ideia de que o nosso conhecimento é tanto maior conforme a “altitude” em cada um dos “patamares” da escada que vamos subindo na vida.
Deixemo-nos apaixonar pelos montes!
Começo a compreender os alpinistas.

Ass: Nuno Costa e Avô

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