sexta-feira, junho 08, 2007

Bons amigos



Saúdo os meus caros conterrâneos que muito honro e aos quais agradeço as palavras amáveis que me vão colocando como comentários, nas minhas simples deambulações, que nada mais são do que um olá ao pessoal, matando saudades de tempos da minha infância, e, não querendo sequer tornar-me maçadora, nem falsa moralista, mas não deixarei de contar uma pequena história do meu avô, José Gonçalinho. Aquela figura por vezes caricata, mas de uma bondade infinita, presenciada por todos que mais de perto com ele lidaram e partilharam alguns bons momentos.
E, como de animais se trata, esta parecendo anedota, foi realmente uma das mais hilariantes situações que ele contava com prazer.
Tendo alguma angústia por alguém passar nos seus terrenos das Castanheiras, com o gado, comendo as novidades, (termo muito utilizado, como sinónimo de algo que estaria semeado), sem que para isso usufruísse de qualquer autorização sua, situação grave na altura… resolveu investigar e passar algum do seu precioso tempo, escondido atrás de alguma possível árvore…, muitas horas decorreram e já cansado de tanto esperar e, pensando em regressar, eis que surge o intruso…ou melhor, os intrusos, pois sem qualquer preocupação preparava-se para atravessar o terreno, o Chica, com as suas belas ovelhas, que não eram tão poucas como isso. Come aqui, debica acolá e, sem a menor das inquietações, o Chica assobiava, feliz, por mais um dia de faina estar a chegar ao fim e, poder ainda ter tempo para ao lusco fusco galantear a sua amada Ana.
Eis que surge um valente berro que o tira de seus pensamentos e que lhe dá a ordem de não tentar sequer pôr um pé em cima daquilo que lhe pertencia, com as ovelhas. Só podia passar sem as ovelhas. O Chica atónito com a situação coça a cabeça, olha à volta e para as suas ovelhas, pois o caminho era longo se tivesse que voltar atrás, então, pensou alguns segundos mais, e, sem hesitar pegou nas suas ovelhas e uma a uma atravessou-as a todas às costas, perante o olhar incrédulo do meu avô que já ria à gargalhada, com a situação.
Como amigos que eram continuaram por muitos anos a falar no sucedido e o Chica dizia sempre: “ Lixei o tio Zé Gonçalinho”.

Fernanda Gonçalves

1 comentário:

ARQUIMEDES disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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