quinta-feira, novembro 30, 2006

Fim dos adversos ( por Zé Macário)

Nascida há bem pouco tempo, sob forte determinismo, algures em Lisboa, a TLEBES propõe-se entre outras coisas, acabar com as conjunções adversativas mas, porém, todavia, contudo. Estas teriam nascido com a terrível missão de borrar a “pintura” toda, em qualquer discurso laudatório e não só, pois que quando algo parecia belo ou perfeito, aparecia sempre alguém carregando um mas, porém, todavia ou contudo…
E vem isto a propósito do seguinte:
- Divergindo do que diz a minha querida amiga Drª Celeste Gonçalinho e, embora sem qualquer educação ou cultura estética precoce, penso que desde muito tenra idade, todos os “poveiros” contemplam e admiram a beleza interior da sua capela; eu próprio me refugiava muitas vezes nessa contemplação para suportar de bom grado, as rezas baixinhas ( bzzzzz) das “ratas de sacristia” , as longas ladainhas e tantas , tantas vezes, sermões arrogantes, intimidatórios e nulos de conteúdo.
Porém ( e cá temos uma das tais adversativas) não obstante admirar tal beleza, parece-me de muito mau gosto a pintura de alguns motivos do tecto, e refiro-me especialmente a um, que tem um vitelo pintado e sob o qual fico, no coro, quase sempre que vou à missa. Não diminui no entanto por isso a minha contemplação e, ao contrário do que pensa o comum dos mortais, o burro que está ao lado, hó ironia, não é tão quadrado como o tal vitelinho, e não consigo desligar a figura deste vitelo, da ideia de uma qualquer operação plástica da nossa Li Caneças…
Embora jubilado da honra de juiz com que fui cumulado pelas gentes da Póvoa, para as festas do ano transacto e com que me passeei pelas ruas da aldeia à frente da banda, inchado de orgulho ( tanto maior porque o meu irmão fora também juiz da senhora da Lapa) quase não cabendo dentro do fato, permitam-me que continue “ debitando “ algumas palavras:
- Na peregrinação à Lapa, tudo correu bem e o pessoal de Melcões, Póvoa e Juvandes divertiram-se imenso; Todavia ( malvadas adversativas) o sermão da missa campal pronunciado pelo Bispo não sei de onde, foi uma seca de mais de uma hora, em que cada palavra era seguida de mais dez sinónimos, que nunca disseram algo, isto é: falou, falou e não disse. Enfim uma verdadeira seca! Verdadeiramente lamentável como alguém abusa assim da paciência dos fiéis, que apesar de fiéis, já dormiam “ esparramados “ sobre a erva seca, vencidos pelo cansaço.
Também o sermão da festa da Póvoa me pareceu outra grande seca, pois o autor centrou todo o discurso na história da sua vida, coisa que francamente não sei a quem poderia interessar, a não ser que se nos tentasse impingir como modelo de vida, o que para além de arrogante, se tornaria de muito mau gosto. Porém ( hó santa adversativa) este sermão não foi muito alongado, dado o prévio aviso que o autor já teria para não se tornar enfadonho; No entanto tivemos de lhe pagar para ele nos contar ( como muito bem quis – elogio em boca própria é vitupério ) a história da sua vida, quando deveria ser ele a pagar-nos para o ouvirmos.
Ainda uma nota para falar da exposição:
- Aqui, concordo com a opinião e louvor do nosso querido Dr. Assunção, porém ( continua a perseguir-me a adversativa) devo penitenciar-me por ter contribuído para algum deslustre, pelo facto de ter proposto que ela fosse aberta a todas as pessoas que quisessem expor, pois cheguei à posterior conclusão ( errare humanum est ) de que ela seria de muito maior valia, se constituída só pelos trabalhos da nossa querida Drª Celeste Gonçalinho, dado o seu educado e apurado sentido estético. Até porque um olhar menos disperso e mais concentrado exclusivamente em trabalhos seus, guindá-la-ia por indução ao patamar do reconhecimento colectivo.
Espero que futuramente não se caia no mesmo erro.
Nota ainda também, para o facto de se ter percebido ( ideia aliás reconhecida também pelo senhor Drº. Assunção) que a Póvoa é talvez a aldeia à volta da cidade, com maior nº de licenciados por metro quadrado, alguns até, bons quadros superiores de grandes empresas, embora a sua modéstia seja proibitiva do uso do Dr..
Como nota final, e confessando a minha grande ignorância, a minha mãe sempre me falou dos serafins que suportam a talha da nossa capela, mas ( hó maldita edversativa) nunca percebi a relação hierárquica existente entre serafins, querubins, anjos, arcanjos, sendo que, marmanjos deveriam ser… assim uma espécie de anjos alentejanos, pois, era marmanjo que a minha mãe me chamava, sempre que me via embasbacado, absorto ou mais lento. Quanto ao anjo da guarda, esse matreiro conheço-o bem, pois nunca me faltou, só tendo metido férias por altura do meu casamento…
- E já agora, que alguém me explique também a relação hierárquica entre monsenhores, cónegos, vigários, padres, diáconos, subdiáconos, etc, pois parece-me muito mal que um católico praticante, tenha absoluto desconhecimento sobre estas matérias.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei deste post e do sentido crítico revelado, especialmente em relação aos pregadores... E concordo com a crítica, pois a homilia deve ser breve e centrada no Evangelho, que é a Boa Nova que interessa aos crentes. Já o Papa Paulo VI dizia que o anúncio da Palavra deveria ser feito com o jornal numa mão e o Evangelho noutra. Queria dizer que a Palavra de Deus ilumina a vida do homem. Quanto aos títulos dos padres, é questão sem grande importância. Acrescento só que o nosso Pároco, Joaquim Assunção, é padre, cónego da Sé de Lamego e Abade de Vila Nova do Souto d'El-Rei. Abraço de um conterrâneo.

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