sexta-feira, novembro 24, 2006

PERSONALIDADES DA PÓVOA

D. Tomás Gonçalinho

1. Uma personalidade incontornável na história recente desta terra é o padre Tomás Gonçalinho. A minha admiração por ele, quero deixá-la bem expressa nesta nota. Quando o senhor administrador do blog me convidou a visitar o site da Póvoa e a participar nele, se possível, senti-me honrado, porque ainda era eu seminarista e já ecoava nos ambientes eclesiásticos: “a Póvoa é a terra do sr. Padre Tomás Gonçalinho”.
Feliz a terra que lhe serviu de berço! No arquivo paroquial da nossa Paróquia, o livro de assentos de Baptismos, no número 13, reza assim:
“Aos vinte e quatro dias do mez de Abril de mil novecentos e dez, nesta egreja parochial de S. Sebastião de Villa Nova de Souto d’ElRei, concelho e diocese de Lamego baptisei solemnemente um individuo do sexo masculino a quem dei o nome de Balthazar que nasceu no lugar da Povoa desta freguesia no dia dezeseis do referido mez e anno pelas dez horas da manhã filho legitimo e primeiro deste nome de Joaquim Gonçalinho e Maria d’Oliveira proprietarios naturaes recebidos e parochianos desta freguesia, neto paterno de Manuel Gonçalinho e Maria Luiza e materno de Jose d’ Oliveira e Maria Duarte. Foram padrinhos os quaes sei serem os próprios José de Oliveira viúvo e Maria Augusta de Freitas casada… E assina o Pároco de então, António dos Santos Coelho.
Obs: As palavras sublinhadas são para respeitar a forma como se escrevia em 1910, sem a alterar, podendo compará-la com a ortografia actual.

2. Um mestre de liturgia
Ninguém é profeta na sua terra, lá diz o provérbio. Mas talvez aqui não se cumpra, porque os seus conterrâneos praticam muito do que ele ensinava, nomeadamente a nível de liturgia. Quem o não conhece dentro da Ordem Beneditina e até fora do país como uma autoridade neste campo? Há dias passei pelo Colégio de Lamego, e com a generosa colaboração do meu prezado amigo P. Abel Matias, abri o primeiro número da Revista “Ora et Labora” de 1954, ano primeiro, p.8-17. Que belo artigo de incentivo à implantação da reforma litúrgica em Portugal, muito antes dos documentos do Concílio Vaticano II que haveriam de sair apenas em 1965!
São dele estas reflexões feitas na mesma revista, ano 1, n.º2, p.73-74: “A liturgia, tem-se repetido, é drama; mas um drama em que não há meros espectadores, em que todos sacerdotes, ministros e fiéis são actores, cada um com o seu papel especial e bem definido a desempenhar”. Noutros artigos seus, defendia já a escolha da língua materna para a Eucaristia (nesse tempo, a missa ainda era em latim), e a celebração voltada para o povo. Uma inteligência aberta, um inovador, um grande mestre. Assim o podemos definir.
Não admira que a sua terra seja de gente culta, de religião esclarecida, de fé adulta. Bem haja pelo seu legado, Sr. Padre Gonçalinho. A sua lição perdura, agora na Liturgia Celeste.
P. Assunção

1 comentário:

Anónimo disse...

O facto de ter pouquíssimo tempo disponível,não me permitiu comentar e agradecer em tempo útil, a forma generosa com que nos surpreendeu e premiou, com o artigo que faz referência à figura de merecido destaque, que foi o Sr. D. Tomás Gonçalinho.
Depois, interpreto a sua partilha connosco de saberes/pesquisa como uma demonstração de amizade, de carinho e respeito por todos os naturais daquela terra,desde logo porque nos valoriza através do exemplo positivo que nos reconhece.
Constitui certamente novidade para muitos de nós, nomeadamente o facto de que o Sr. D. Tomás foi um homem de vanguarda- se me é permitido o termo-. Falo naturalmente, da sua avançada visão e abertura, no que diz respeito a uma diferente compreensão face às realidades, que se avizinhavam e consequentemente a necessidade de se implantar um novo modelo de orientações, no que diz respeito a conceitos e práticas religiosas a considerar como esseciais para uma igreja tolerante arejada, renovada e aberta aos seus fiéis.
Agora vou-lhe contar um episódio que se passou na Escola Secundária de Gouveia onde estive há dois anos a trás a leccionar.
Conheci naquela escola um artista plástico, que no final do ano lectivo, testemunhou com serenidade e uma certa nostalgia perante professores e alunos a sua experiência como seminarista do Mosteiro de Singeverga e aluno do Sr. D. Tomás gonçalinho. Descreveu-o como como uma pessoa vigorosa, de personalidade recta e de elevada competência profissional, um professor altamente qualificado e por isso muitíssimo exigente, no que tocava aos conhecimentos dos seus alunos e por fim um intelectual como poucos.
Sr. Dr. Assunção, vou fazer-lhe um desafio em forma de pedido caso tenha lhe seja possível:Surpreenda um dia as pessoas da Póvoa com um registo biográfico do Sr. D. Tomás escrito pelo Sr. Dr.Assunção. Tenho a certeza que todos lhe ficariam muito gratos!
Obrigada pela sua colaboração e pela publicação das fotos de algumas das pinturas barrocas da abóbada da nossa bela capela.
Celeste Gonçalinho Oliveira Duarte

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