
No tempo da formação
da nossa nacionalidade
não era de certeza,
uma grande novidade
o amor de um rei
por uma jovem princesa.
Oriana era seu nome
Mas o mesmo não se tome
Como sendo duma fada,
Muito menos de desvirtuada

Sem dotes nem feição
Sem virtude nem razão.
Fugindo à persseguição
Com motivo?!...com razão?!...
A jovem encontra abrigo
Num campo semeado de trigo
E transgredindo a lei
Ali fica no lugar de Souto D’El – Rei.
A história que vou contar
não é pura imaginação,
é baseada no falar,
de quem não querendo inventar
ma contou com emoção.
Era uma jovem moura,
e um rei; esse era Cristão,
de tal forma a ela se a afeiçoa
que seu amor por ela aperfeiçoa,
dando fruto a proibida relação.
Até que em certo dia
se levanta grande alvoroço,
junto à Ermida da Santa Cruz
uma menina é dada à luz,
filha do rei ainda moço.
O rei, com isso não contava,
dizendo ser filha de um forasteiro
pé rapado e sem dinheiro,
ou talvez de um cavaleiro
posto depois com outros em debandada.
Ignorando o seu amor pela moura
e temendo no reino grande embrulhada,
ordenou-lhe então o rei
imediata retirada.
O povo enfurecido
por tal acto do monarca,
levanta-se em desenfreado ruído.
E em cortes se regista em acta:
a princesa é Cristã,
não queremos que ela parta!
O rei, desvairado
talvez mesmo assustado,
com voz grave ameaça
toda aquela populaça:
- Quem ao diabo se vender,
ou tiver tal ousadia
da princesa defender,
pode desde já pensar,
que ao inferno o mandarei lançar
e nós, os outros, faremos folia.
Então toda aquela gente
se vira para ele de repente
e sem se fazer esperar,
de novo monarca vai enfrentar:
- Vossa Majestade isso não diga
pois tal não nos faz diferença;
comeremos, beberemos até encher a barriga
sem nisso mais pensar;
ou tal coisa julgar,é assim que a gente pensa.
Com tal determinação
do povo ou (raia miúda),
não restava ao rei solução,
que não fosse aceitar a filha.
Impondo porém uma condição,
e logo dali se põe em fuga.
A moura, mulher se princípios
rejeita qualquer negociação,
dizendo que o amor não tem preço,
nem se prende a artifícios
e deitando a pequena no berço
pede ao povo protecção.
Seguiu-se grande discussão
com todos ali envolvidos,
para o topo do planalto seguiram
e ali mesmo construíram
um palácio de feição!
As paredes de granito duro
e pedras a servir de colchão,
um palácio pobre mas seguro
para quem esteve em apuro
e não mais tem ilusão!
Do palácio apenas restam,
penedos e pedras lendárias
e ainda histórias várias,
de quem um dia lá passou
e tão fascinado ficou
que sempre ali voltou.
Nas crianças fica a memória,
da sua verdadeira história
daquele lugar de magia
de em tais pedras se baloiçar,
como quem está a sonhar
ser rei ou princesa por um dia.
E se o rei os penedos visitasse
e por encanto encontrasse
a mesma moura de outrora,
seria naquela hora,
que com ela casaria
e a felicidade de ambos voltaria!
Eu cá por mim digo:
aquele lugar é imponente!
E ficaria muito contente,
se na realidade soubesse um dia
que quem noutro tempo ali vivia,
era gente como nós,
como os nossos pais e nossos avós!...
05/11/05 Celeste Gonçalinho de Oliveira Duarte
3 comentários:
Para completar esta linda lenda falta uma foto do grande berço (uma enorme pedra em forma de cama que assenta sobre outra, e embala como um berço) onde se fala ter sido embalada a moura.
Vamos passar para o site com uma fotografia das penedias em volta, esperando em breve ter fotografias do berço da moura
E se esta “lenda” de repente ganhasse vida?
E se fosse uma peça de teatro como falámos?
Penso que ficava giríssimo!!!
E os outros, o que pensariam?
Herminia Gonçalinho
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