terça-feira, dezembro 12, 2006

Restaurar a nossa capela é preciso

Não querendo fazer afirmações que venham a revelar-se desajustadas, mas, pretendendo porém, também eu, dar a minha opinião no que diz respeito a um possível restauro na talha e pinturas existentes na nossa capela, pelo que penso saber, é bem possível, que não passe de um simples sonho este nosso desejo e antes se torne numa utopia pensar naquele edifício religioso que tanto acarinhamos, com nova vitalidade.

Perguntar-se-á, mas porquê?

Vários são os motivos que constituem entrave, verdadeiro impedimento para que projectos desta natureza se concretizem:

  1. A talha é barroca, (séc. XVII ou XVIII) mais provavelmente deste último. As pinturas apresentam características, que apontam para o mesmo estilo artístico. Assim, penso que estão reunidas as condições, para que este conjunto goze desde logo do estatuto de interesse artístico, pela qualidade e originalidade dos elementos ornamentais e pela sua antiguidade.
  2. Este facto não facilita em nada a obtenção de luz verde no sentido da intervenção em objectos desta natureza, devido às exigências que o próprio processo implica.

Refiro-me concretamente aos diversos procedimentos a levar a cabo, como por exemplo, o estudo em laboratório e com equipamentos sofisticados dos materiais de origem das obras a restaurar e mão de obra altamente especializada, o que acarreta encargos por vezes incomportáveis.

  1. Outro problema que se coloca com alguma frequência aos responsáveis por ponderar a exequibilidade e decidir essas intervenções, é não ter a garantia, por vezes, de um restauro qualificado e fiel ao objecto original; ou seja, é necessária a abonação de que não se descaracterize ou desqualifique o património.

Veja-se o seguinte caso:

Parte da pintura que da abóbada da sé de Lamego já caiu, deixando sinais inequívocos de visível degradação!

Põe-se -nos então a questão:

Como é que uma cidade com uma tradição religiosa e artística reconhecidas, se mantém impávida e serena, a assistir ao lento e triste definhar de um património tão valioso? É possível que a resposta seja esta: o autor daquelas pinturas, foi um artista italiano de nome Nicolau Nazoni famoso palas obras de rara beleza que criou, sendo mesmo uma autoridade no mundo artístico daquela época (barroca).

Intervir numa obra desta envergadura implica grande responsabilidade ao nível técnico e financeiro…

Contudo não pretendo fazer uma equivalência entre as duas situações citadas, até porque, não é equivalente -julgo eu - ,o valor artístico nos dois casos.

Tudo o que disse até agora é pouco encorajador, mas pode ser que eu esteja equivocada. Para além disso dá a sensação, de que tenho uma posição contrária à do administrador do blog e à do Sr. Dr. Assunção, o que não é verdade. Pelo contrário considero urgente, tentar encontrar meios, que nos permitam preservar o nosso original património religioso e se se vier a considerar essa possibilidade, temos o dever de estar atentos, para que tudo se faça com a maior honestidade e qualidade artística contando com pessoas credíveis nestas matérias que respeitem e não adulterem as obras de arte.

Celeste Gonçalinho Oliveira Duarte

3 comentários:

Anónimo disse...

Parabens por este texto.
Este é mais um de entre os muitos temas aqui publicados, que me parece valer a pena ser debatido e comentado.
Mesmo sendo um ignorante no que a esta matéria diz respeito, e por isso não poder expressar qualquer tipo de parecer fundamentado sobre este assunto, gostaria no entanto de aqui colocar algumas questões e fazer algumas observações.
Eu também penso que não irá ser nada fácil tal obra. Os preços certamente não serão comportáveis pelos fundos de uma capela como a nossa, mesmo contando com a boa vontade de toda a população.
Fiquei no entanto após a leitura do teu texto com algumas dúvidas, e por isso gostaria, mesmo correndo o risco de fazer perguntas ignorantes, de as colocar.
O facto de ser do Sec. XVII ou XVIII, pode só por isso ter o estatuto de interesse artístico?
Dizes que o facto de poder ter esse estatuto, poderá não facilitar em nada a obtenção de luz verde para tal intervenção.
Deduzo, (bem ou mal?) que terá de haver um pedido e o mesmo ser aceite e despachado favoravelmente, para se poder iniciar uma obra de restauro.
Penso que seja o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) o responsável por este tipo de coisas, tal como está definido na sua página de apresentação da Internet.

“IPPAR, no desempenho das suas funções, tem a seu cargo algumas actividades cuja divulgação pública é da maior importância no quadro de uma sã transparência do relacionamento da Administração com o cidadão.
Neste tema dão-se a conhecer algumas das principais intervenções no domínio da recuperação e valorização do património: divulgam-se os concursos públicos que o IPPAR vai lançando; aborda-se, igualmente, a problemática da classificação do património”.
É precisamente aqui que começam as minhas dúvidas.
O facto de poder gozar do estatuto de interesse artístico, (o que será óptimo, ou não!...) significa por um lado que o IPPAR olha para a nossa capela como um património Nacional, e como tal será o responsável pela sua manutenção e restauro, ou pelo menos este último, mas ao mesmo tempo, olha para ela como mais um monumento que se irá perder irremediavelmente no tempo, já que não autoriza obras de conservação propostas pelos que sempre zelaram por ela, e uma vez que a mesma capela não tem interesse turístico, nem provavelmente poderá projectar em termos profissionais ninguém. Neste caso dificilmente haverá intervenção por parte do IPPAR, ou outro Instituto. Por outro lado, ao ser preciso a garantia da não descaracterização, por parte de quem efectuar o restauro, logo é de prever que mais uma vez o órgão responsável não irá dar qualquer autorização para esta obra, assim como não dará qualquer tipo de ajuda, porque se irá sempre escudar nesses pressupostos, da descaracterização ou da desqualificação. Nesse caso só restará ao povo da Póvoa uma coisa: - Verem cair de podre o tecto da sua capela, para que depois sem qualquer tipo de património a conservar, se possa pregar umas ripas de madeira e tapar as telhas! Não me admira nada que possa vir a ser este o fim da nossa capela, pois todos nós conhecemos inúmeros monumentos que se foram degradando, sem que ninguém tivesse feito nada por eles. Não precisamos de ir muito longe, bem perto de nós temos casos desses. Mas também os temos nos grandes centros.

Aproveito para desejar a todas as famílias da Póvoa e aldeias vizinhas, votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo.
Jorge Venâncio

Anónimo disse...

O meu comentário ao texto da D.ª Celeste é de agradecimento por sugestões muito prudentes no eventual restauro. Sei perfeitamente que não é um entrave mas uma preciosa ajuda. De acordo com essa forma de pensar, aguardo a visita de pessoa autorizada e com credibilidade para nos informar do tipo de intervenção a fazer nas pinturas ou na talha. Tenho conhecimento, pessoalmente, de erros clamorosos que se têm cometido em lugares de culto onde não vai antes a Comissão Diocesana de Arte Sacra avaliar e fazer uma peritagem aos objectos a restaurar. É uma realidade. Não será o nosso caso. Dentro de dias já poderei informar desse parecer que será obtido.
Quanto ao tecto exterior, era o maior problema, pela humidade eminente que podia infiltrar-se, esse já está solucionado, pela colocação recente de um telhado novo.
A madeira do forro e não tanto as pinturas (que deverão manter toda a sua caracterização, logicamente)é que está a necessitar de alguma reparação. Bem haja, por isso, pela sua chamada de atenção que é um contributo muito positivo.
A nossa capela não é um monumento nacional a precisar das autorizações do Estado, nem está clasificada como de interesse público por iniciativa estatal, pelo que é da competência da Comissão de Arte Sacra Diocesana a autorização e vigilância na sua conservação. Estão em curso presentemente várias intervenções de equipas credíveis (especializadas em restauros)nas igrejas e capelas da diocese, sob a orientação da Comissão diocesana.
Espero que não seja também uma despesa exorbitante e que esteja ao nosso alcance.
Um bom e santo Natal para todos os responsáveis e colaboradores do blog, leitores, amigos da Póvoa, e todos os paroquianos de Vila Nova de Souto d'El-Rei quer se encontrem dentro ou fora do território da Paróquia.
Padre Assunção

Anónimo disse...

Acho muito bem que se equacione com muito cuidado o que se pretende fazer na capela, nada de amadorismos,para não estragar.
Sei que,são obras que custam muito dinheiro, têm de ser executadas por profissionais competentes,e acho também que é possível conseguir verbas das entidades oficiais e porque não da Diocese de Lamego.
A título de exemplo as obras na Igreja de Melcões em que a verba das entidades oficiais foi muito significativa.
Contem com a minha disponibilidade para ajudar financeiamente, visto não ter formação nem vocação que possa ser útil para este fim
Boas festas de Natal e Ano Novo
Um abraço.

Neca

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