quarta-feira, outubro 26, 2005

Jogos tradicionais da minha aldeia


Esta pequenina aldeia da Póvoa, situada no sopé do monte Ufe, cheia de beleza e cor, que o sol beija logo de manhã bem cedinho, é formada por gente simples e laboriosa, que nos tempos mais antigos apenas viviam da agricultura e criação de gado.
Hoje os tempos mudaram e há já muita gente formada, pois sempre tiveram grande paixão pela cultura.
Conta a minha mãe, que no tempo dela, poucas eram as meninas que iam à escola, pois tinham de ser as “amas-secas” dos irmãos mais novos.
Então distraiam-se com os brinquedos que eles e elas construíam.
As meninas era com as “nenas” que faziam de farrapos e depois punham-lhe os cabelos com lã das ovelhas.
O jogo das pedrinhas era um dos preferidos; deixavam os manos a dormir e lá corriam elas a ver se havia parceiras. Metiam na boca dos meninos uma chupeta feita de açúcar e já está!
A cabra cega, o lencinho vai na mão, as cartas, as lavadeiras do rio, etc, etc...
Os rapazes, esses divertiam-se com o jogo do arco, empurrado por uma gancheta lá percorriam os caminhos da aldeia em 3 tempos.
O pião, a maior parte construído por eles; o jogo do botão. Por isso as camisas dos gaiatos apareciam sempre sem botões!
O ferrínho, o jogo da verga- loureira; este ultimo jogava-se muito na escola e só com rapazes pois era preciso muita força.
O pino, o jogo da choca; este era jogado principalmente no monte e com pinhas.
O rou-rou – aqui já entravam rapazes e raparigas.
O jogo dos potinhos –este era um jogo também muito engraçado,
As célebres rodinhas em que se cantava; a borboleta que vai a voar, mais um cravo roxo que na roda entrou, etc.etc...
Diz a minha mãe que foi assim que passaram a infância de todos do seu tempo; mas que eram tempos alegres e felizes, apesar de não haver televisão nem game-boy, nem playstation , nem computadores , nem nada...
Havia apenas trabalho para os miúdos e para os crescidos.
Era apenas, uma pequena aldeia, onde vivia “uma grande família”...
Como é bom ouvir estas coisas(muito aqui ficou por contar). Algumas delas ainda eu vivi, as outras; só em sonhos...
Deixo aqui um desafio; vamos recordar e viver esses tempos no próximo verão fazendo uma verdadeira tarde de jogos tradicionais...

Do coração,
Herminia Gonçalinho Oliveira

sábado, outubro 22, 2005

Ai que saudades!...



Ai que saudades!....
Sim, que saudades eu tenho dos meus tempos de menina e moça!...
Dos serões que fazíamos todos em casa, ouvindo as anedotas e adivinhas do meu pai, ou escutando a “Nau Catrineta” que a minha mãe tão bem cantava. E nós, os irmãos, todos bons cantores, não esquecíamos os fados de Coimbra, que todos gostávamos.
Recordo com saudades aquelas idas pelo corgo abaixo, tudo numa corrida, a não ser que se encontrasse algum namorico. Nessa altura esquecia-se o tempo.
E se aparecesse o Zé Minhoto!....
- “ó que caraçasaquela é que é rica!.. dizia ele. Nesta altura o tempo passava sem se dar conta, e quando se podia, lá vinha o desgraçado a “acamboar” com um grande pedregulho metido no molho da erva.
- Aquilo é que são marotos!...
E o Chica? Ai o Chica a imitar tudo e todos, era da gente se mijar a rir.
Este foi mais um dotado que se perdeu no tempo e no espaço; mas os tempos eram difíceis e não havia as facilidades e as ajudas que há hoje. Caso contrário teríamos agora o Chica no lugar do “Bisalhão” para ajudar a Júlia Pinheiro na 1ª Companhia, e tenho a certeza que desempenharia bem o seu papel.
Recordo com saudades os bailaricos na eira de pinheiro, ao som do realejo do Isac.
As idas à Stª Eufémia, que para nós era uma festa.
A noitada do fogo dos Remédios, onde nunca o meu pai faltava, assim como eu e o meu Manel.
Òh tanta, tanta coisa boa e bonita!....
Até as próprias maroteiras dos rapazes, desde o roubar, ou melhor, fazerem desaparecer as galinhas, e a pobre raposa é que ficava com as culpas, ao irem durante a noite tirar a roupa dos estendais, para a irem estender na torre do sino. Só deles….
Já agora aproveitando a embalagem, deixem-me que lhes conte apenas duas de entre muitas das suas façanhas.
Uma noite, resolveram pregar uma partida ao tio David.
Foram buscar a burra e prenderam-na dentro de casa, junto à porta. Quando ele ia a entrar, deu logo um grande beijo no focinho da burra. Estão a ver o que lhe podia ter acontecido?! não havia luz, e ele entrar em casa, e sem contar bater contra o focinho do pobre animal!...
Claro a sua reacção foi gritar:
- Acudam-me, acudam-me….
- Tio António, anda um “sprito” maligno na minha casa.
- Ai minha rica casinha que tenho de te abandonar.
Doutra vez resolveram ir passear uma galinha a cavalo na burra do tio Minhoto.
Trouxeram a malograda galinha, que vinha toda contente a passear a cavalo, até ao largo. As do “Mestre” deram conta, abriram a janela e a galinha assustada, queré-qué-qué, queré-qué-qué, lá se foi, tentando esconder-se na sombra da noite, mas provavelmente não se conseguiu safar, e acabou nos estômagos dos raposos, como tantas outras.
Não acham que é para se ter saudades desses tempos? Mas…tudo passa, tudo esquece, só a saudade permanece.
M.C.O.V.G.

terça-feira, outubro 11, 2005

O Magusto




Como prometido; embora com algum atraso, aqui vão algumas fotografias do local onde se pretende realizar o magusto. Pedimos desculpa pela qualidade das mesmas, mas foi o que melhor e para já se conseguiu.
A comissão de festas, pretende sempre que possível, arranjar eventos desta natureza na nossa terra.
Para tal é necessário que haja apoio, em termos de presenças, pois tais, só se justificam se as pessoas residentes e não só participarem. Também podem convidar amigos, das terras visinhas.
O magusto poderá não ser só castanha, também poderá ter animação, conforme a adesão.
Agradecemos a todos que façam a vossa inscrição até ao dia 23 deste mês nesta página, nos comentários. Conforme se forem inscrevendo, passaremos as incrições para a página principal.
Inscrições
-Muito boa ideia e contem com o Neca e a Margarida
-Também estaremos presentes. Jorge e Isabel
-Encontramo-nos no Magusto da Aldeia, Herminia Gonçalinho e António Pinto
-Contem também comigo Alda Cristina Fernando João
-Vamos Adorar estar lá nesse dia Alzira Gonçalinho Carlos Cardoso

sexta-feira, outubro 07, 2005

PAULA DISSE:




Paula disse...
Póvoa, cantinho de paz, de lembranças, de amor pela natureza. Póvoa é onde nos encontramos com nós próprios.Passei lá todas as minhas férias grandes e muitas épocas festivas, como o Natal e Páscoa.Foi na Póvoa que aprendi, com os rapazes, a assobiar, aprendi a nadar, no rio Balsemão, com as suas águas geladas e de seixos que feriam os pés, mas que eu adorava. Descia, juntamente com a Rita (amiga de Vila Real que também ali passava férias), o Souto até ao rio sempre contente e sem me preocupar com o percurso imenso que tanto custava mas não deixava de fazer.Foi naquela aldeia que fiz grandes amizades, a Nela e a Lurdes. Também tinham férias “grandes” mas era neste período que tinham mais tempo para ajudarem na lida da casa, na lavoura ou no tratamento do gado.Para estarmos juntas íamos todas para o monte e, enquanto as vacas pastavam calmamente, nós conversávamos e brincávamos. À noite brincávamos às escondidas, saltávamos à corda. Éramos muitos, a Dília, a Paula, o Jorge, o Rui, o João, o Fernando, o Nelson a Leonor, a Lurdes, a Cristina e tantos outros.Já na adolescência, os namoricos tomaram o seu percurso normal.Crescemos, casamos …E a responsabilidade do emprego, da família, dos filhos que vieram e encheram a nossa vida de uma outra forma, fez-nos esquecer como foram boas aquelas férias “grandes”.Porque é necessário levar os “putos” à escola, porque hoje o trânsito está infernal, porque é preciso ir às compras, porque há aquelas contas para pagar, porque hoje o Nuno tem natação, porque a Joana tem música, porque hoje é domingo e é preciso levar os miúdos à catequese, porque, porque, porque…Hoje parei por momentos e sentei-me no sofá, no intervalo da natação e da música. Uma nostalgia serena percorreu-me todo o corpo arrepiando-me. Quero voltar à Póvoa, tenho saudades. Quero olhar pela manhã o soito, com o sol a bater no monte, ainda meio adormecido, como que a espreguiçar-se, esticando os seus braços, sobre os castanheiros e fazendo lembrar aos passarinhos que são horas de procurar alimento e o chilrear ecoa pelo monte numa melodiosa sinfonia.Quero levar o Nuno e a Joana num passeio pelo pinhal e mostrar-lhe a paleta de cores que a natureza usa e modifica sempre que a Estação é outra.Aqueles tons castanhos, laranja e vermelhos do Outono; os mais variados verdes do Verão e todo o arco-íris das flores, fazendo com que cada uma seja mais bela do que outra, tentando captar a atenção dos insectos que rodopiam numa grande azáfama.Quero que cheirem a terra molhada os fenos secos. Quero que o avô Costa conte as suas fantásticas estórias da mocidade e nos retrate um pouco o nosso passado, por vezes difícil de entender. Quero levá-los ao berço da Moura e ao pico do monte. Quero que eles conheçam outras realidades diferentes das suas, onde as crianças, em vez de uma playstation jogam cartas enquanto o gado pasta no monte, que em vez de aulas de música, sabem, como ninguém, distinguir o canto dos pássaros e os imitam na perfeição. Quero que vejam a neve nos beirais e quero acordá-los a meio da noite para verem os flocos a cair. Quero olhar para o céu e contar as estrelas. Quero ter tempo e espaço para não pensar, só para ver e escutar.Quero ir à Póvoa………………..Teresa Paula

VAMOS TODOS AO MAGUSTO






É isso mesmo vamos todos ao magusto!
Vamos todos reviver velhos tempos.
Ah!. não se esqueçam, de se inscreverem, ou aqui (nos comentários) ou então tentando falar com a ........., bom. 2ª feira vou dizer quem está a organizar, e provávelmente irão ter algumas surpresas. Não se esqueçam por isso mesmo de 2ª feira fazerem uma visita aqui á nossa página
.
Façam como o Neca e a Margarida, que já se inscreveram. Sem espinhas............
Bom fim de semana, e esperamos pela vossa visita na próxima semana, assim como muitas inscrições.
Para que ninguem se perca pelas ruas, esperamos poder apresentar fotografias do local onde se irá realizar o magusto.
Bom fim de semana, e um abraço para todos.

quinta-feira, outubro 06, 2005

A Póvoa, passado e futuro



Não vão longe os tempos, em que todas as casas eram habitadas, mesmo aquelas, que nos anos mais recentes, serviram de palheiros.
Hoje porem, a realidade é outra. Cada vez, mais casas fechadas, mas também, cada vez mais casas recuperadas, e mais gente com vontade de recuperar outras. São os filhos desta terra, que por um motivo ou outro tiveram na sua grande parte de imigrar, enquanto que mais recentemente outros emigraram, mas sempre com a sua terra no coração.
Pretendem todos eles sempre que possível, passar algum do tempo disponível, na terra que os viu nascer e mais tarde partir, transportando consigo as recordações de infância, que nunca mais se apagaram da memória. E são tantas as recordações, e por vezes tão estranhas, que os mais novos, hoje ao ouvi-las, e porque convivem com realidades completamente diferentes das do nosso tempo, outra coisa não dá que não seja motivo de risota e escárnio. Mas para todos nós, que ainda nos lembramos dos finais de dias de segadas, em que, em alegre cantoria as mulheres e homens anunciavam o fim de mais um dia de ceifa, ou os fortes berros dos malhadores de mangualde que gritavam após mais uma malha feita “ á eiiiiiiira!.. á eiiiiiiira!.., para anunciarem ás mulheres que tinham acabado de malhar o trigo ou o centeio, para que estas viessem fazer a respectiva limpeza, (na eira dos Gonçalinhos ainda hoje se encontra uma grande pedra, para onde subiam os homens, para gritar “à eira”, mas isto acontecia em todas as outras) ou ainda, as loucas correrias pela levandeira ou corgo, acima e abaixo, para verificar se a água para regar o cebolo, ou apegar as batatas ou outra coisa qualquer, ainda cobria a marca, que antes de se juntarem outras águas se tinha feito. Tudo isso para além de trabalho era brincadeira, tal como eram mais recentemente, por volta dos anos 70 as malhadas já efectuadas com malhadeiras, e que os rapazes muito bem aproveitavam para se divertir, criando falsos caminhos por onde supostamente as raparigas teriam que passar, para depois caírem em algum buraco. O pior era quando lá caía alguma pessoa mais velha!...
Nós não tínhamos computadores, nem televisão, por isso tínhamos que arranjar diversões na rua, e criar os nossos teatros, até mesmo aquelas brincadeiras de quem ía pela calada da noite roubar as burras para assustar as pessoas, ou se metia nos cedros do cemitério com a mesma finalidade!.... Hoje recordamos tudo isso com nostalgia. Provavelmente a mesma com que os mais novos um dia recordarão os seus feitos, numas imortais férias na Póvoa. Aquela terra onde a liberdade que lhes falta nas grandes cidades, aqui podem desfrutar, sem os receios de que seus pais são acometidos nos grandes centros. Por isso, na Póvoa, as noites são mais pequenas, não para fazerem os mesmos jogos que nós fazíamos, como seja o “rou-rou, a barra ou até mesmo o pino”, mas outros jogos que muitas vezes se traduzem em amenas cavaqueiras e troca de conhecimentos, de que hoje são possuidores, fruto das novas tecnologias. Nós não tínhamos essas diversões, por isso mesmo, de tudo fazíamos divertimento. Como nos dava prazer esperar as raparigas, junto ao tanque, para as molharmos, ou então para esperarmos que enchessem os canecos de água e nós atirarmos umas pedrinhas para dentro, para que elas voltassem a ter que os encher novamente e demorassem mais uns quantos minutos a ouvir uns piropos. Por vezes fugir era o nosso recurso, para não sermos reconhecidos pelos pais, que muitas vezes vinham procura-las tal era a demora a que estavam sujeitas, por nossa culpa.
As noites de Inverno eram demasiado grandes, para que fossem passadas inteiras dentro de casa., por isso arranjava-se de quando em quando umas churrascadas, lá para os lados do cruzeiro, que mais tarde se liquidavam, nos confessionários, com uns puxões de orelhas, e alguns tostões que se davam na missa, para remissão das referidas faltas, já que dar vida às galinhas para se entregarem aos donos era impossível, e demais a mais quem as tinha comida tinha sido a maldita raposa.
Tudo isto nos trás muitas saudades, tal como já todos sentimos da alegria que este ano teve a nossa festa. Sim aquela foi a festa de uma família, a família da Póvoa, onde os mais novos, que estiveram em grande número sentem aquela festa como sendo a sua, e por isso foi muito bonito ver a alegria com que todos se divertiram e contribuíram para a festa, mesmo tendo-se a certeza de que não estiveram lá os seus grupos preferidos, como os Anjos ou os D’zrt, entre outros, mas muito bem, isso não foi pretexto para não darem o seu contributo, e dizerem bem alto á Póvoa que poderá contar com eles em próximas edições, ou outros eventos, como por exemplo, o mais que provável magusto que se irá realizar no final deste mês. A festa essa será na mesma altura, ultima semana de Agosto, com um programa que esperamos venha a ser do agrado de todos. Para tal, podem também colocar aqui em (comentários) as vossas sugestões.
Um abraço para todos.
(Jorge Venâncio)

segunda-feira, outubro 03, 2005

Memórias da Póvoa (por Fernando Costa)




Memórias da Póvoa…Quando era garoto passava o ano inteiro à espera do próximo verão para ir passar as férias à Póvoa com a Avó Gloria e o Avô Macário… Apesar ter imigrado para Lisboa com apenas 3 anos e portanto as minhas experiências na Póvoa serem as de uma criança/adolescente à descoberta de uma terra e das suas gentes muitas vezes enigmáticas e dignas dos melhores contos de aventuras juvenis, sempre senti que no meu sangue corria a alma daquelas gentes e hoje afirmo com orgulho que, esta terra, a sua alma e as suas gentes moldaram a minha personalidade e a minha forma de estar na vida.Recordo com alguma nostalgia as aventuras passadas com os amigos de então… o Manel e o Jorge do Clemente e as saídas para o monte com as vacas ou as idas ao rio tomar banho no final do dia… as histórias do Fernando do Franquelim… as noitadas a jogar o "sobe e desce" na taberna da Celeste… as passeatas para as festas de aldeia em aldeia com o Rui pra curtir umas bubas… e claro o prazer de estar com os meus avós nos serões passados a ouvir sempre e todos os anos as mesmas histórias (a história do "Bicho Cabra"… a história da "Perseguição dos Lobos"… todas as histórias das patifarias do meu Pai e dos meus Tios, isto no tempo em que não havia Game Boy e por isso eles tinham que se entreter com outras "brincadeiras", às vezes pouco apreciadas pelos mais velhos), tantas e tantas histórias que se passadas para o papel encantariam certamente muitas crianças nos contos de adormecer.Aos promotores desta iniciativa um agradecimento por, em nosso nome, e de todos os nossos Pais e Avós, abrirem a esta "porta para o mundo" chamada Internet esta Aldeia, as suas gentes e os seus costumes.Bem-haja a todos!!!Fernando Costa

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Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...