sexta-feira, novembro 30, 2007

Carta a circular na internet

EXMO. SENHOR MINISTRO DAS FINANçAS

Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste
País, com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de
Lisboa, contribuinte n.º152115870vem por este meio junto de V.Ex.a
para lhe fazer uma proposta: a minha Esposa, Maria Amélia Pereira
Gonçalves Sampaio Cerqueira, foi vítima de CANCRO DE MAMA em 2004, foi
operada em a 6 Janeiro com a extracção radical da mesma. Por esta
"coisinha" sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade
de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído
de alguns benefícios fiscais.
Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA,
que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos
importância. Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente,
querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer
um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V.
Ex.ª o seguinte:

a) a devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Ex.ª que, com os
meus cumprimentos o dará à sua Esposa ou Filha.

b) Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua
Esposa ou Filha ainda:

c) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.

d) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.

e) A angustia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.

f) os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que
orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).

g) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.

h) A angústia em que vivemos permanentemente.

Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha
Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios
fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo
para o fazer.
Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo,
a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.

Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V.Ex.a que
darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República,
agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e
a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e
outras...

Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.

Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e
por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso
desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.

Atentamente

19/Outubro/2007

Victor Lopes da Gama Cerqueira

2 comentários:

Anónimo disse...

Sou muito sensível às questões de saúde das pessoas e entendo o sofrimento de todos os envolvidos. Para eles a minha solidariedade. Todavia registe-se que muito boa gente com os tais 80% de incapacidade padecem de males menores. Parece ser da praxe que as juntas médicas da segurança social atribuam essa percentagem a uma grande maioria dos doentes que lhes são presentes. Conheço múltiplos casos de incapacidade total a quem foi atribuída essa percentagem e conheço tantos outros que desde a constipação à tiragem da unha se aplicou a mesma. No que se refere ao cancro, os funcionários públicos, de um modo geral não querem a simples incapacidade, mas a incapacidade baseada no célebre art.º 173 que lhes permite uma pensão por inteiro e como ainda tem benefícios fiscais, passam a auferir muito mais do que estando no activo. Não confundamos justiça com interesses individuais. Há muio boa gente aposentada pelas mais diversas razões, sendo que muitas delas em perfeitas condições de trabalhar tanto ou mais do que outras que não tiveram essa possibilidade ou não conhecem os caminhos para lá chegar.

Anónimo disse...

Concordo em absoluto com este comentário.

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