sábado, janeiro 21, 2006

Desabafos (por Zé Macário)

Desabafos
Há muitos anos atrás, no tempo dos nossos avós, tempo de uma população essencialmente rural e agrícola e, até meio do século passado, os baldios que compõem o monte Dufe e arredores eram talvez a principal base colectiva de sustento do povo da Póvoa. A relação deste povo com aquela montanha era uma relação de pai/filhos, pois aquele monte guardava-lhes e mantinha-lhes os rebanhos e as manadas, nutria-lhes as terras de fertilizantes naturais, secava-os e aquecia-os à lareira nas longas noites de rigorosos Invernos e era o seu principal elemento de trabalho e recreio. A partir desta altura, com a florestação, o povo perdeu essa saudável relação com a montanha e teve de esperar até aos nossos dias (cerca de 50 anos) pela criação da galinha dos ovos de ouro (a floresta) para que pudesse voltar a comungar da riqueza - agora florestal - que aquele velho e generoso "avô-montanha" tem ainda para nos dar. Com limitado conhecimento de causa mas, a contar com a riqueza que a nossa vista por lá avista, acreditamos que será boa a fonte de rendimento que para este povo reverte todos os anos de tais baldios, e que gostaríamos de ver traduzidos na melhoria colectiva das condições de vida desta gente. Porém, não vemos melhores arruamentos, abastecimento de água ou saneamento básico; outras coisas haverá em que esses fundos são aplicados... gostaríamos de saber quais.Agora virando o disco, tocando a mesma música mas noutro tom: -Há um ditado popular que diz que atrás de mim virá quem me louvará. Há uns bons pares de anos atrás estava a Póvoa há muito tempo com grande carência de água, quando um dia encontrei o Presidente da Junta (Prof. Valentim)numa festa de um familiar comum e aproveitando a companhia de outro filho da terra (Diamantino) reclamei-lhe de forma algo brincalhona a extracção e abastecimento do precioso líquido àquele povo; tendo-lhe logo ali indicado também o local onde poderia fazer a referida extracção. Foi-me logo ali prometido que na segunda feira seguinte alguém iria proceder à referida exploração. Se bem foi dito, melhor foi cumprido, pois na tal segunda feira - penso eu de que - logo de manhã, lá estava o marido da Alice com uma máquina da câmara a explorar água que, cedo começou a jorrar em força. Fui ainda testemunha da construção por essa junta de algumas calçadas naquele povo - algumas, reclamadas pelo meu pai - pessoa que sempre reclamava e se ligava a obras de beneficiação da Póvoa. Do Presidente da Junta que se lhe seguiu - um tal Gonçalinho - não consegui que, activamente, algum dia escutasse qualquer reivindicação e parece-me que a Póvoa ao fim destes mandatos ficou mais pobre e não terá comungado nunca, de forma material e visível, das verbas que lhe deveriam caber em sorte, não obstante as movimentações que se fizeram - até com abaixo assinados - para que lhe fosse abastecido água ao domicílio e executado o saneamento básico. Lamentamos. Tanto mais, porque este senhor (pelo nome em que deveria ter algum orgulho) deveria ter alguma relação de origem com o povo da Póvoa. A falta de água ao domicílio e o saneamento básico são uma vergonha do nosso tempo, tanto mais expressiva quanto a fertilidade daquele líquido e a altitude a que está, são uma realidade que permite satisfazer estas necessidades com baixissímos custos. Com o novo Presidente e nosso amigo, Carlos Fernandes, acreditamos que possa agora ter expressão e execução aquela velha reivindicação popular. É um indivíduo mais novo, culto e moderno e com quem todos mantemos uma relação muito mais afectiva. Ele não vai trair essa afectividade e vai com certeza pôr a execução destes objectivos como prioridade do seu mandato. Parabéns e muito obrigado, amigo Carlos. Que Deus te ajude em tudo. Nós, mesmo sendo poucos, estaremos contigo com a força que tivermos e ajudaremos a fazer a negação do aforismo contido naquele ditado popular. Um abraço, Presidente!
Zé Macário

1 comentário:

Anónimo disse...

Zé.
Muito obrigado por nos trazeres este grito de alerta, em forma de desabafo.
Esta, é talvez a primeira vez que neste site se apela à consciência das pessoas, assim como nos alerta para a o futuro, sem que nos possamos esquecer do passado.
Esta é a nossa terra. Todos nós, sem excepção, temos a obrigação de lutar e procurar fazer algo de bom por ela, assim como denunciar as tropelias de que possa ser alvo.
Todos nós gostamos de passar uns dias de descanso na nossa terra, mas sempre que lá chegamos, somos acometidos de alguns temores: Uma estrada, que não passa de um atentado à vida; a água que corre nos fontanários, com os problemas que se tem conhecido; a continuação da inexistência de uma rede de esgotos.,etc.etc,etc.
Penso tal como tu, que a mudança verificada na Junta de freguesia, poderá trazer realmente uma dinâmica diferente.
Sr. Presidente: Todos nós esperamos realmente muito de si. Faça o favor de exigir que nos orgulhemos de o ter como PRESIDENTE, assim como o apoio que necessitar.
Um abraço para todos.
Jorge Venâncio

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