quinta-feira, dezembro 04, 2008

O PODER DE UM BLOG

O PODER DE UM BLOG
Quando fui convidado pelo sr. Administrador a colaborar neste blog, longe estava eu de pensar que ele iria ser o responsável pelas obras de restauro e conservação da capela da Póvoa. Tudo começou, porque um dia um amigo meu, professor do Liceu Latino Coelho-Lamego, o Dr. Giordano, entrou na capela com a sua máquina digital e não resistiu a tirar umas fotos, as primeiras que saíram no blog. Amante exímio da arte da fotografia e não menos da arte sacra, confidenciou-me passados uns dias que “era pena se não conservavam as pinturas do tecto, porque valiam bem uma intervenção e o mais rápido possível”.
Como me ofereceu essas fotos, resolvi também partilhá-las com os visitantes do blog. O sr. Jorge Venâncio, logo as apreciou criticamente e, num comentário de então, coincidiu na mesma observação: “Temos que salvar estas pinturas”. O povo da Póvoa reagiu favoravelmente, mas com algum cepticismo e temor, perfeitamente compreensíveis. Onde ir buscar o dinheiro para essa intervenção? E quem vai gerir as complexas burocracias que se antevêem para obras desta natureza? Aliás, a prudência não aconselhava aventuras sem fim à vista.
Surgem opiniões divergentes, mas todas à procura da melhor solução, o que gerou um debate salutar. Era preciso começar. E foi quando eu disse ao sr. Administrador: “Pode contar com o meu apoio, porque pela minha experiência, as obras de Igreja, depois de iniciadas, nunca ficaram por concluir. Há que começar, que o dinheiro aparecerá”. Depois, veio a escolha criteriosa da empresa especializada neste tipo de restauro, a autorização preciosa da Comissão de Arte Sacra Diocesana, a constituição atempada da Comissão de restauro e os donativos surpreendentes das mais diversas proveniências.
Em conclusão, foi uma obra de todos e para todos. Feliz o povo que assim se mobiliza. Não me cabe analisar sociologicamente a realização desta obra memorável. Mas não deixo de a enquadrar naquele tríptico verbal de Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”. Sim, porque amputar a primeira parte desta frase, seria elidir o sentido último das acções do ser humano, independentemente de ser cristão; omitir a segunda, seria desresponsabilizar o homem nas suas obrigações de programar o melhor para a humanidade; esperar que as obras nasçam sem intervenção de ninguém seria viver na ilusão ou na utopia.
Eu entendo que foi, previamente, Deus que o quis e, por isso, nada faltou: nem o sonho nem a obra.
Resta-me felicitar o sr. Administrador do blog, pela “primeira pedra”, diríamos, colocada na construção do projecto (assim concebo o seu alerta inicial para o que era necessário fazer), e agradecer à Comissão de restauro pela ousadia com que se lançaram neste sonho ambicioso e a todos os ofertantes, desde as entidades públicas, aos particulares, aos cidadãos anónimos. Todos podem ficar cientes de que gravaram, com a sua generosidade, letras de ouro na história deste povo.
Pe. Assunção

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