domingo, junho 08, 2008

OS REIS MAGOS-HISTÓRIA E FANTASIA

DIVULGANDO O PATRIMÓNIO ARTÍSTICO…

Sendo intemporal e não se confinando ao tempo natalício, vejamos o significado desta pintura da capela da Póvoa:



OS REIS MAGOS-HISTÓRIA E FANTASIA
Devemos aos magos a tradição de trocar presentes no Natal. Em vários países, a principal troca de presentes é feita não no Natal, mas no dia 6 de Janeiro e os próprios pais vestem-se de reis magos.
A descrição mais pormenorizada dos reis magos foi feita por S. Beda Venerável (673-735) que acerca deles refere o seguinte:
“Melchior era velho de setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, terra dos Caldeus. Gaspar era moço, de vinte anos, robusto e partira de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltazar era mouro, de barba cerrada e com quarenta anos e partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”.
Envoltos numa densa simbologia, representavam os reis de todo o mundo, e simultaneamente as três raças humanas, em idades diferentes. O ouro entregue por Melchior é o reconhecimento da sua realeza; o incenso de Gaspar é em honra da sua divindade; e a mirra de Baltazar (resina antiséptica usada para embalsamar os corpos) representa a imortalidade e é o reconhecimento da humanidade de Jesus.
Para lá do evangelho de S. Mateus (Mt 2, 11) não existem outros documentos históricos para explicar a vinda destes reis magos, a adorar o Senhor. Esta narrativa cheia de poesia fala de uns magos e não de três. Aliás, nas catacumbas de Domitila (séc. IV), aparecem quatro, e em representações sírias e arménias, chegam a ser em número superior. A tradição fixou o número três, pela quantia dos presentes oferecidos. Talvez fossem astrólogos ou astrónomos, pois ao verem a estrela, seguiram-na até à região onde nascera Jesus, dito o Cristo. “E vendo a estrela, alegraram-se com grande e intenso júbilo”(Mt 2, 10).
Quem não ficou nada satisfeito com a sua vinda, foi Herodes, porque temia tratar-se de um enredo político para o destronar. Esse seu modo de actuar é atestado por historiadores como Flávio Josefo, na sua obra “Antiguidades Judaicas”. Em paralelo com o texto de Mateus, o referido historiador judeu afirma que Herodes misturava-se por vezes, disfarçado, com a multidão para saber o que pensavam do seu reinado. Por isso, os magos no regresso, voltaram por outro caminho (Mt 2, 12).
Para lá da exegese, que vê nos magos o cumprimento da profecia “os reis de toda a terra hão-de adorá-Lo” (SL.71,11), todo o cristão, ao contemplar esta pintura, pode ver neles um resumo do evangelho e enriquecer a sua vida de fé, ao descodificar o significado eloquente das distintas dádivas. Seguir a estrela da fé, desinstalar-se do comodismo da indiferença religiosa, e pôr-se a caminho deste Deus que suscita a curiosidade dos sábios de todas as partes do mundo, eis o grande sinal para que nos aponta a visita dos reis magos.

Pe. Assunção
Nota: Esperamos muito em breve mostrar fotos do tecto já restaurado. Esta pintura foi fotografada ainda antes das obras de restauro. Por isso, apresenta fissuras e outros sinais de deterioração.

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