sexta-feira, novembro 30, 2007

Diário da República

Clique no endereço que se segue, e veja algumas diferenças entre a Madeira e o Continente, publicadas no D.R. do dia 19 de Novembro de 2007.

http://dre.pt/pdf1sdip/2007/11/22200/0855108552.PDF

Carta a circular na internet

EXMO. SENHOR MINISTRO DAS FINANçAS

Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste
País, com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de
Lisboa, contribuinte n.º152115870vem por este meio junto de V.Ex.a
para lhe fazer uma proposta: a minha Esposa, Maria Amélia Pereira
Gonçalves Sampaio Cerqueira, foi vítima de CANCRO DE MAMA em 2004, foi
operada em a 6 Janeiro com a extracção radical da mesma. Por esta
"coisinha" sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade
de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído
de alguns benefícios fiscais.
Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA,
que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos
importância. Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente,
querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer
um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V.
Ex.ª o seguinte:

a) a devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Ex.ª que, com os
meus cumprimentos o dará à sua Esposa ou Filha.

b) Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua
Esposa ou Filha ainda:

c) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.

d) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.

e) A angustia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.

f) os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que
orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).

g) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.

h) A angústia em que vivemos permanentemente.

Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha
Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios
fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo
para o fazer.
Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo,
a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.

Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V.Ex.a que
darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República,
agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e
a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e
outras...

Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.

Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e
por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso
desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.

Atentamente

19/Outubro/2007

Victor Lopes da Gama Cerqueira

sábado, novembro 10, 2007

A inauguração da Sede da Junta de Freguesia

Antes de ler este comentário, faça clique na imagem em baixo, e leia os dois textos.

Parece pelo conteúdo do segundo texto, do qual desconheço o autor, e espero não seja o Sr Presidente da Junta, que a Póvoa não faz parte da Freguesia de Vila Nova do Souto d'El-Rei, ou então o autor tem para com a Freguesia uma visão um tanto ou quanto distorcida. Será que o autor desconhece que a Póvoa faz parte da Freguesia?! se o desconhece, convém que rapidamente se actualize nos seus conhecimentos. Se não referiu a Póvoa porque apenas pretendeu referir-se a pequenas povoações; aí realmente terei que lhe dar razão, porque a Póvoa mesmo sendo pequena em tamanho, é realmente muito grande em cultura e saber estar. Esta é uma afirmação corroborada por pessoas que nem sequer da Póvoa são.
Jorge Venâncio

quarta-feira, novembro 07, 2007

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Criança sofre

Foi ontem, carago, lembro-me nitidamente! E porque houvera de não me lembrar, se o ontem é tão próximo; só um dia ou mesmo só um segundo antes do hoje.
Eram vésperas do dia quinze de Agosto e eu tinha sete aninhos, tendo hoje já sessenta e três anões, não sinónimo, mas antónimo dos mesmos aninhos.
Na minha cabeça fervilhava já a ideia de ir à festa da Senhora do Outeiro para ver e ouvir a banda passar, ver a procissão e o arraial, e comer borrego e cubinhos de arroz doce e aletria.
Tinha para estriar umas calças e umas botas brancas cardadas, com quatro voltas de cardas, como aquelas que usavam os magarefes do Bairral, pois se bem se lembram o Bairral era terra de magarefes; botinhas de paixão aquelas - dizia o meu pai!...
Sim, porque cá por mim, até preferia andar descalço do que saber que iria levar um pontapé no cu, de cada vez que tropeçando, topasse com as biqueiras daquelas botinhas numa qualquer pedra do caminho.
Minha mãe mandou-me que fosse cortar o cabelo na barbearia do Gabriel de Meijinhos - barbeiro moderno que já não cortava só à tesourada, pois tinha máquina manual de cortar cabelos; mandou-me no entanto que o cortasse curto para não ter de o cortar todas as semanas.
Sentado já eu, na confortável cadeira da barbearia, o senhor Gabriel perguntou-me como queria o corte; ao que respondi que a minha mãe me dissera para o cortar bastante curto.
Sendo assim, o senhor Gabriel com a sua máquina zero rapou-me o cabelo todo, e em menos de um minuto deixou-me em cima do pescoço aquilo que mais parecia uma cabaça do que uma cabeça.
Ao regressar à Póvoa e sem sequer ter ideia de como vinha – pois nem sequer tinha olhado para qualquer espelho – a minha mãe pregou-me o maior dos sermões e quase lhe deu ganas de ir comigo a Meijinhos exigir a reposição do cabelo cortado.
Porém, bem pior do que isso, foi quando o meu pai chegou a casa e me deu tareia por lhe aparecer assim naquele estado descabelado.
Sim, ao outro dia os meus pais lá me deixaram ir almoçar, de cabeça bem tapada com chapéu de pano – que ficou conhecido como o chapéu do piletas – à senhora do Outeiro em casa da minha avó. Porém enquanto eles viram passar a banda, foram à missa da festa e ao arraial, eu fiquei prisioneiro, fechado em casa da minha avó, por não ter cabeça apresentável quando precisasse de a descobrir para cumprimentar alguém.
Embora me mirasse e remirasse muitas vezes na água das poças, por não haver espelhos lá em casa, nunca percebi muito bem o espectáculo da minha cabecinha rapada, mas lá que sofri, sofri caraças !
Sofri quase um mês, até que o cabelo começasse novamente a dar sinais inequívocos de crescimento.

quinta-feira, novembro 01, 2007

PÓVOA, TERRA DE GENEROSIDADE

PÓVOA, TERRA DE GENEROSIDADE…

Se há epítetos que se ajustam a esta terra, um é o de “gente culta”. Mas não se esgota neste apanágio a sua caracterização. Estou em crer que outros se lhe podem atribuir, menos apelativos é certo, mas não menos surpreendentes. Um deles será o de “terra de generosidade”. Para quem escuta os anseios e reparte sonhos e vivências, semana a semana, nesta porção do povo de Deus, vai descobrindo com grande edificação a sua forma nobre e peculiar de estar na vida.
São ilações pessoais, decorrentes das obras que estão em curso sobre o tecto da nossa capela. No início, não havia uma terça parte sequer, do montante necessário. Hoje, nas minhas previsões, já só faltará uma terça parte. Isto porquê? Nem eu próprio sei explicar totalmente. Abrindo o Evangelho, detectamos com a passagem do óbolo da viúva, (a mulher vista por Cristo a deitar duas moedinhas no cofre do tesouro do templo): “Digo-vos na verdade que essa pobre viúva deitou mais que todos os outros, pois eles deitaram do que lhes sobejava para as ofertas de Deus, mas ela, na sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver”(Lucas 21, 2-4).
Têm sido vários os donativos, à imagem do elogiado por Cristo no Evangelho. Alguns preferem ficar como anónimos. Mas no final tudo será divulgado, isto é, publicar-se-ão todas as receitas e despesas implicadas com o empreendimento.
A todos agradeço, mas para estes últimos, faltam-me as palavras: só Deus o poderá fazer com justiça.
Na minha perspectiva de responsável pela pastoral deste lugar, não posso também deixar de recordar as três dimensões da Igreja à qual pertencemos e nas quais somos chamados a cooperar: a catequética (de anúncio); a litúrgica (de louvor); e a sócio-caritativa (de partilha). Nesta pequena/grande obra, a da conservação e restauro da capela, estão todas as dimensões concretizadas. Apostamos em restaurar a catequese das pinturas, em continuar a louvar a Deus com um espaço condigno e a permitir que a dimensão social e caritativa da Igreja se manifeste. Mobilizados para a comunhão e partilha, dignificaremos o presente, mereceremos o passado e projectamos o futuro.
Cultura+Fé=Generosidade.
Cito o papa João Paulo II, quando em Fátima falava aos portugueses numa das suas visitas: “Fé que não se faz cultura é uma fé não plenamente acolhida, nem suficientemente reflectida, nem fielmente vivida”.
Se ele tivesse visitado a Póvoa, imagino-o a dizer: Se a cultura for iluminada pela fé, jamais acabará a generosidade.

Pe. Assunção

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Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...