terça-feira, dezembro 25, 2007

BREVE MENSAGEM DE NATAL (Por Pe Assunção)



Natal … festa da alegria e da Esperança!
A pessoa humana, na sucessão dos seus dias, tem muitas esperanças – menores ou maiores - distintas nos diversos períodos da sua vida. Na juventude, pode ser a esperança de um grande amor; a esperança de uma certa posição na profissão, deste ou daquele sucesso determinante para o resto da vida. Mas quando estas esperanças se realizam, resulta com clareza que na realidade, isso não era a totalidade. Torna-se evidente que o ser humano necessita de uma esperança que vá mais além. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que sozinhos não podemos alcançar. O nosso Deus não é um deus qualquer, possui um rosto humano. O Seu reino está presente onde Ele é amado e onde o Seu amor nos alcança. O nascimento do Seu Filho na gruta de Belém é o maior presente (de Natal) dado ao mundo e a cada um de nós. Ele, único, é a totalidade das nossas esperanças.
“Anuncio-vos uma grande alegria: nasceu-vos hoje o Salvador”. Foi esta a mensagem do anjo aos pastores. É esta alegre notícia que hoje e sempre será anunciada, em dia de Natal.
Ao Sr. Administrador do blog e seus colaboradores, aos benfeitores da capela da Póvoa (com as obras em curso), aos visitantes do blog, a todas as famílias e a todos os paroquianos de Vila Nova de Souto d’El-Rei, desejo um Santo e Feliz Natal e um Ano Novo cheio de renovada alegria e esperança num mundo melhor,

Pe. Assunção

sexta-feira, dezembro 07, 2007

Novos contadores da EDP


Portugal avança com novas tecnologias.
Portugal já não será mais, o país eternamente atrasado em relação ao resto da Europa.
As mais recentes tecnologias estão agora ao serviço do povo Português, tal como nos outros países.
Grandes empresas, como a EDP, que nos primeiros nove meses deste ano registou lucros de 665,2 milhões de euros, um aumento de 2,4% a mais que no ano anterior, prepara-se para instalar o mais recente contador, com telecontagem.
Um bom investimento, se for entendido, como um sistema que comunica a leitura do contador à distância, logo podendo substituir mais uns quantos trabalhadores, e aumentar a facturação da EDP.
Tal como dizia o Presidente da Portugal Telecom, (que também se prepara para despedir mais 600 trabalhadores;
-«Já temos vindo a despedir nos últimos anos e este ano por exemplo despedimos 600 pessoas. Corta o coração dizer isto, mas para o ano despediremos um pouco mais. As tecnologias criam empregos mais qualificados», disse.
È isso mesmo….
Mas isto ainda não é tudo! A EDP, prepara-se para substituir os referidos contadores, podendo daí retirar os seus dividendos, de acordo com a proposta apresentada ao governo pela, Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), em que a substituição dos actuais contadores custará 1014 milhões de euros, cerca de 169 euros por contador, mas irá gerar benefícios de 1164 milhões de euros.
Agora pasme-se! Quem vai suportar a despesa da substituição dos contadores?
Claro; como não podia deixar de ser e mais uma vez os nossos vizinhos Espanhóis que fazem tudo sempre para chatear os Portugueses. Eles obrigaram as operadoras a suportar a referida despesa, retirando esse encargo aos consumidores, enquanto por cá a despesa dos cerca de 9,2 cêntimos, será suportada pelo consumidor.
Mas não há que ficar triste…. Também nos podemos vingar e vender energia à EDP!...
É a tal microgeração (produção de energia a partir de nossas casas). Ou seja, nós podemos produzir em nossas casas energia e depois vende-la à EDP! Só há um problemazinho, que é o custo dos painéis fotovoltaicos e mini-eólicas, são demasiado elevados para os bolsos da maioria dos Portugueses, a não ser que se vá buscar o tio Zé Rijo, homem que há já mais de 50 anos, produzia energia em sua casa, sem as novas tecnologias. O que faria ele agora!... nem imagino, mas certamente, do alto da sua casa, produziria energia suficiente para levar esta cambada toda para a sua alcunha...
Só Monte

sexta-feira, novembro 30, 2007

Diário da República

Clique no endereço que se segue, e veja algumas diferenças entre a Madeira e o Continente, publicadas no D.R. do dia 19 de Novembro de 2007.

http://dre.pt/pdf1sdip/2007/11/22200/0855108552.PDF

Carta a circular na internet

EXMO. SENHOR MINISTRO DAS FINANçAS

Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste
País, com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de
Lisboa, contribuinte n.º152115870vem por este meio junto de V.Ex.a
para lhe fazer uma proposta: a minha Esposa, Maria Amélia Pereira
Gonçalves Sampaio Cerqueira, foi vítima de CANCRO DE MAMA em 2004, foi
operada em a 6 Janeiro com a extracção radical da mesma. Por esta
"coisinha" sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade
de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído
de alguns benefícios fiscais.
Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA,
que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de só menos
importância. Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente,
querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer
um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V.
Ex.ª o seguinte:

a) a devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Ex.ª que, com os
meus cumprimentos o dará à sua Esposa ou Filha.

b) Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua
Esposa ou Filha ainda:

c) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.

d) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.

e) A angustia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.

f) os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que
orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).

g) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.

h) A angústia em que vivemos permanentemente.

Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha
Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios
fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo
para o fazer.
Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo,
a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.

Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V.Ex.a que
darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República,
agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e
a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e
outras...

Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.

Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e
por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso
desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.

Atentamente

19/Outubro/2007

Victor Lopes da Gama Cerqueira

sábado, novembro 10, 2007

A inauguração da Sede da Junta de Freguesia

Antes de ler este comentário, faça clique na imagem em baixo, e leia os dois textos.

Parece pelo conteúdo do segundo texto, do qual desconheço o autor, e espero não seja o Sr Presidente da Junta, que a Póvoa não faz parte da Freguesia de Vila Nova do Souto d'El-Rei, ou então o autor tem para com a Freguesia uma visão um tanto ou quanto distorcida. Será que o autor desconhece que a Póvoa faz parte da Freguesia?! se o desconhece, convém que rapidamente se actualize nos seus conhecimentos. Se não referiu a Póvoa porque apenas pretendeu referir-se a pequenas povoações; aí realmente terei que lhe dar razão, porque a Póvoa mesmo sendo pequena em tamanho, é realmente muito grande em cultura e saber estar. Esta é uma afirmação corroborada por pessoas que nem sequer da Póvoa são.
Jorge Venâncio

quarta-feira, novembro 07, 2007

Encosta-te a mim

Encosta-te a mim, nós já vivemos cem mil anos
encosta-te a mim, talvez eu esteja a exagerar
encosta-te a mim, dá cabo dos teus desenganos
não queiras ver quem eu não sou, deixa-me chegar.

Chegado da guerra, fiz tudo p´ra sobreviver em nome da terra,
no fundo p´ra te merecer
recebe-me bem, não desencantes os meus passos
faz de mim o teu herói, não quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

Encosta-te a mim, desatinamos tantas vezes
vizinha de mim, deixa ser meu o teu quintal
recebe esta pomba que não está armadilhada
foi comprada, foi roubada, seja como for.

Eu venho do nada porque arrasei o que não quis
em nome da estrada onde só quero ser feliz
enrosca-te a mim, vai desarmar a flor queimada
vai beijar o homem-bomba, quero adormecer.

Tudo o que eu vi, estou a partilhar contigo
o que não vivi, um dia hei-de inventar contigo
sei que não sei, às vezes entender o teu olhar
mas quero-te bem, encosta-te a mim.

segunda-feira, novembro 05, 2007

Criança sofre

Foi ontem, carago, lembro-me nitidamente! E porque houvera de não me lembrar, se o ontem é tão próximo; só um dia ou mesmo só um segundo antes do hoje.
Eram vésperas do dia quinze de Agosto e eu tinha sete aninhos, tendo hoje já sessenta e três anões, não sinónimo, mas antónimo dos mesmos aninhos.
Na minha cabeça fervilhava já a ideia de ir à festa da Senhora do Outeiro para ver e ouvir a banda passar, ver a procissão e o arraial, e comer borrego e cubinhos de arroz doce e aletria.
Tinha para estriar umas calças e umas botas brancas cardadas, com quatro voltas de cardas, como aquelas que usavam os magarefes do Bairral, pois se bem se lembram o Bairral era terra de magarefes; botinhas de paixão aquelas - dizia o meu pai!...
Sim, porque cá por mim, até preferia andar descalço do que saber que iria levar um pontapé no cu, de cada vez que tropeçando, topasse com as biqueiras daquelas botinhas numa qualquer pedra do caminho.
Minha mãe mandou-me que fosse cortar o cabelo na barbearia do Gabriel de Meijinhos - barbeiro moderno que já não cortava só à tesourada, pois tinha máquina manual de cortar cabelos; mandou-me no entanto que o cortasse curto para não ter de o cortar todas as semanas.
Sentado já eu, na confortável cadeira da barbearia, o senhor Gabriel perguntou-me como queria o corte; ao que respondi que a minha mãe me dissera para o cortar bastante curto.
Sendo assim, o senhor Gabriel com a sua máquina zero rapou-me o cabelo todo, e em menos de um minuto deixou-me em cima do pescoço aquilo que mais parecia uma cabaça do que uma cabeça.
Ao regressar à Póvoa e sem sequer ter ideia de como vinha – pois nem sequer tinha olhado para qualquer espelho – a minha mãe pregou-me o maior dos sermões e quase lhe deu ganas de ir comigo a Meijinhos exigir a reposição do cabelo cortado.
Porém, bem pior do que isso, foi quando o meu pai chegou a casa e me deu tareia por lhe aparecer assim naquele estado descabelado.
Sim, ao outro dia os meus pais lá me deixaram ir almoçar, de cabeça bem tapada com chapéu de pano – que ficou conhecido como o chapéu do piletas – à senhora do Outeiro em casa da minha avó. Porém enquanto eles viram passar a banda, foram à missa da festa e ao arraial, eu fiquei prisioneiro, fechado em casa da minha avó, por não ter cabeça apresentável quando precisasse de a descobrir para cumprimentar alguém.
Embora me mirasse e remirasse muitas vezes na água das poças, por não haver espelhos lá em casa, nunca percebi muito bem o espectáculo da minha cabecinha rapada, mas lá que sofri, sofri caraças !
Sofri quase um mês, até que o cabelo começasse novamente a dar sinais inequívocos de crescimento.

quinta-feira, novembro 01, 2007

PÓVOA, TERRA DE GENEROSIDADE

PÓVOA, TERRA DE GENEROSIDADE…

Se há epítetos que se ajustam a esta terra, um é o de “gente culta”. Mas não se esgota neste apanágio a sua caracterização. Estou em crer que outros se lhe podem atribuir, menos apelativos é certo, mas não menos surpreendentes. Um deles será o de “terra de generosidade”. Para quem escuta os anseios e reparte sonhos e vivências, semana a semana, nesta porção do povo de Deus, vai descobrindo com grande edificação a sua forma nobre e peculiar de estar na vida.
São ilações pessoais, decorrentes das obras que estão em curso sobre o tecto da nossa capela. No início, não havia uma terça parte sequer, do montante necessário. Hoje, nas minhas previsões, já só faltará uma terça parte. Isto porquê? Nem eu próprio sei explicar totalmente. Abrindo o Evangelho, detectamos com a passagem do óbolo da viúva, (a mulher vista por Cristo a deitar duas moedinhas no cofre do tesouro do templo): “Digo-vos na verdade que essa pobre viúva deitou mais que todos os outros, pois eles deitaram do que lhes sobejava para as ofertas de Deus, mas ela, na sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver”(Lucas 21, 2-4).
Têm sido vários os donativos, à imagem do elogiado por Cristo no Evangelho. Alguns preferem ficar como anónimos. Mas no final tudo será divulgado, isto é, publicar-se-ão todas as receitas e despesas implicadas com o empreendimento.
A todos agradeço, mas para estes últimos, faltam-me as palavras: só Deus o poderá fazer com justiça.
Na minha perspectiva de responsável pela pastoral deste lugar, não posso também deixar de recordar as três dimensões da Igreja à qual pertencemos e nas quais somos chamados a cooperar: a catequética (de anúncio); a litúrgica (de louvor); e a sócio-caritativa (de partilha). Nesta pequena/grande obra, a da conservação e restauro da capela, estão todas as dimensões concretizadas. Apostamos em restaurar a catequese das pinturas, em continuar a louvar a Deus com um espaço condigno e a permitir que a dimensão social e caritativa da Igreja se manifeste. Mobilizados para a comunhão e partilha, dignificaremos o presente, mereceremos o passado e projectamos o futuro.
Cultura+Fé=Generosidade.
Cito o papa João Paulo II, quando em Fátima falava aos portugueses numa das suas visitas: “Fé que não se faz cultura é uma fé não plenamente acolhida, nem suficientemente reflectida, nem fielmente vivida”.
Se ele tivesse visitado a Póvoa, imagino-o a dizer: Se a cultura for iluminada pela fé, jamais acabará a generosidade.

Pe. Assunção

domingo, outubro 28, 2007

EDITORIAL DO ARAUTO D’EL-REI

Que herança deixar aos filhos?

Hoje na educação, tende-se a omitir princípios e normas de conduta e a incutir regras de vida e valores. Mas a educação continua a ser de “gravíssima importância”. Assim a qualificou um documento do Concílio Vaticano II.
A melhor herança que os pais podem e devem deixar aos filhos é uma boa educação, isto é, uma educação que seja integral. E esta não o será, se esquecer a dimensão mais profunda da pessoa humana: a sua dimensão espiritual e religiosa.
No começo de mais um ano de Pastoral, uma comunidade cristã, como a nossa paróquia, é interpelada a transmitir às novas gerações os valores base da existência. Não basta deixar casas, campos, dinheiros ou profissões. Tudo isto se pode desbaratar em pouco tempo. Apenas os valores humanos e divinos serão sempre os pontos de referência e orientação nos caminhos da vida.
Cristo não pode ser esquecido. Ele foi um consumado pedagogo, capaz até de reabilitar os marginais e excluídos para uma superior qualidade de vida. Razão tinha Pierre Charles, ao dizer: “Cristo antes de ter exigências, tem delicadezas”.

Pe. Assunção

sábado, outubro 27, 2007

OBRAS DA CAPELA

Estas são as primeiras imagens do inicio das obras de restauro do tecto da capela da Póvoa

Fig.1 – Vista geral sobre o tecto da nave da Capela


Fig.2 – Inicio da montagem do andaime









Fig.3 – Grandes lacunas

terça-feira, outubro 16, 2007

INICIO DAS OBRAS DE RESTAURO DO TECTO DA CAPELA




"A comissão de restauro da capela da Póvoa vem anunciar que as obras tiveram início no dia 15 de Outubro. O contrato de conservação e restauro estabelecido entre a Comissão Fabriqueira e a empresa especializada no restauro prevê a sua conclusão no próximo mês de Janeiro. Este património singular estava em risco, por isso, tomámos hoje mesmo e, com coragem, esta iniciativa. Não queremos que seja uma obra de alguém ou de alguns, antes a consideramos uma obra de todos. O futuro julgaria severamente a nossa incúria do presente. O adiar indefinidamente este projecto poderia tornar amanhã irrecuperável o que hoje ainda se pode salvar. Era urgente não deixarmos delapidar o "ex libris" da Póvoa. Contamos com a sua colaboração, o que muito agradecemos, na certeza porém de que, no final, todos ficaremos mais enriquecidos. A Comissão de restauro é constituída por dois elementos residentes na Póvoa (Sr.ªDª Lucília Alves e Sr.ª D.ª Celeste Venâncio Gonçalinho) e dois elementos a residir fora da Póvoa (o Sr. Jorge Venâncio e a Sr.ª D.ª CelesteGonçalinho Oliveira Duarte)

sábado, outubro 13, 2007

0S MEUS AMIGOS DA ALDEIA E AS NOSSAS BRINCADEIRAS

I
VOU ENTÃO DIZER QUEM ERAMOS
ESSE GRUPO TÃO FELIZ
O MAIS NOVO ERA O NECA
O MAIS VELHO O LUÍS
II
A SEGUIR VINHA UM OUTRO
E ÁS VEZES ERA UM DEMÓNIO
ESCUSADO SERÁ DIZER
POIS QUE ESSE ERA O ANTÓNIO
III
EU TAMBÉM POR SUA VEZ
SEMPRE COM MUITA ALEGRIA
LOGO PRONTO PRÁ ASNEIRA
POIS EU ERA O ZÉ MARIA
IV
UM BELO DIA ENTÃO
E QUANDO A NOITE CHEGOU
JÁ O LUÍS DIZIA
UM DE VÓS JÁ ME MIJOU
V
ELE ENTÃO PELA CALADA
POIS QUERER -SE -IA VINGAR
LÁ TIROU A ESCONDIDINHA
PARA A TODOS NOS MIJAR
VI
ERAM MUITAS AS BRINCADEIRAS
SÓ DE ALGUMAS VOU FALAR
DESDE CRIANÇAS A ADULTOS
SEMPRE ASNEIRAS ANDAR
VII
VOU FALAR DUMA VELHOTA
QUE ESTAVA SEMPRE NA CALHA
POR ALCUNHA LHE CHAMAVAM
POIS CLARO A PASCALHA
VIII
E ESTA MUITO SOFRERA
E NÓS DANDO Á TRAMELA
ERA QUASE A NOITE INTEIRA
COM PEDRINHAS PRÁ JANELA
IX
E ENTÃO LÁ VINHA ELA
Á PORTA MAS MUITO CEDO
NÓS MUDANDO DE LOCAL
COM PEDRINHAS PRÓ JANELO
X
DIZIA ELA ENTÃO
MAS QUE DIABO AQUI ANDA
E NÓS MUITO CALADINHOS
ESCONDIDOS NA VARANDA  
XI
OUTRAS VEZES ACONTECIA
DA MINHA CASA ENTÃO
ISTO JÁ DURANTE O DIA
À HORA DA REFEIÇÃO
XII
DUM JANELO QUE ELA TINHA
DUMA LOJA POIS ENTÃO
E DE LÁ COM UMA FISGA
ERA AREIA ATÉ MAIS NÃO
XIII
VOU DEIXÁ-LA EM SOSSEGO
E DOUTRAS ASNEIRAS FALAR
POIS DO RIO BALSEMÃO
ONDE NÓS IAMOS NADAR
XIV
NESTA ALTURA MAIS ADULTOS
MAS MALANDROS POIS ENTÃO
LANÇANDO PEDRAS AO RIO
PARA ARMAR A CONFUSÃO
XV
COM A CONFUSÃO LANÇADA
NÓS VESTIDOS E CALÇADOS
LÁ FUGIAM OS RABUDOS
POR MAIS DE QUANTOS LADOS  
XVI
ESTA PALAVRA RABUDOS
PODE CRIAR CONFUSÕES
ERAM OS DE LÁ DO RIO
E NÓS DE CÁ OS SARDÕES
XVII
F UGINDO POR TODO LADO
ERA ENTÃO A DEBANDADA
NÓS CORRENDO ATRÁS DELES
SEMPRE, SEMPRE Á CALHOADA
XVIII
E UM DIA ACONTECEU
PASSAR UM PRO NOSSO LADO
LEVOU TANTA PORRADA
QUASE FICOU DESMAIADO
XIX
TUDO ISTO ERA PASSADO
PARA QUE NÃO HAJA ENGANO
NAQUELE FATÍDICO RIO
SÓ NO POÇO MARIANO
XX
NOUTRAS QUERIA FALAR
MAS NÃO REVELO SEGREDOS
NA ALTURA SE SOUBESSEM
SE CALHAR IAMOS PRESOS  
XXI
E ENTÃO VOU TERMINAR
COM SAUDADES POIS ENTÃO
MEUS AMIGOS ATÉ SEMPRE
COM UM XI DO CORAÇÃO

JOSÉ M.O.VENÂNCIO

sexta-feira, setembro 28, 2007

TESTEMUNHOS (Domingos Rasteiro)


Caros Amigos

Tenho sido um observador atento da evolução e do trabalho colectivo que tem vindo a ser feito à volta deste blog, que procura prolongar as vivências de uma comunidade no espaço e no tempo.
Para além das iniciativas dos Povenses da diáspora ou residentes, este espaço de encontro de internautas tem sido federador dessa comunidade e mesmo, podemos dizer sem receio, um instrumento que facilitando a circulação da informação, contribui também para a coesão social, a solidariedade e o espírito colectivo.
A comunidade encontra-se na "Festa Anual" mas prolonga a sua interacção social, no espaço e no tempo, através deste meio que pelas suas potencialidades, pela sua amplitude, fomenta o global, sem deixar, neste caso concreto, de partindo do "local" chegar ao mundo.
Esta mobilização das pessoas tem permitido reviver de um modo novo esse sentimento de comunidade, de aproximação, de partilha, de valores, de identidade cultural, quase refundando uma comunidade na sua expressão mais antropológica.
Para mim tem sido muito gratificante verificar, consultando este sítio, e estando "in Loco" como é possível, num tempo de indiferença, como dizia um filósofo contemporâneo "numa era do vazio", conseguir este trabalho, comunitário que tem hoje expressão em projectos concretos.
Tive ocasião de estar na Póvoa a seguir as Festas onde estive com a minha mulher, ela sim natural da terra, e pode constatar o entusiasmo que ainda se vivia, os comentários sobre os momentos altos, os principais acontecimentos, uma vibração que resistia ao tempo e ao final do Verão.
Fiquei com a ideia, e a evidência, de que se voltaram a reviver os momentos comunitários próprios de uma comunidade viva e com sentimentos de pertença.
Bom, terminando, e em síntese o que tem sido admirável é o trabalho feito no terreno, o imaginário social à volta de certos valores tradicionais e familiares, a mobilização de todos para objectivos comuns, a vontade das pessoas para ajudarem a reabilitar o lugar quer do ponto de vista físico mas também imaterial. O que terá sido o motor deste processo, já me tenho interrogado? Talvez as lideranças, a vontade de preservar as tradições e as vivências, o contraponto à vida citadina, a intervenção exemplar do Sr. Padre Dr. Assunção, num trabalho sacerdotal muito voltado para as pessoas, o trabalho do autor e gestor deste blog, dando um exemplo da função social que podem ter estes novos instrumentos das tecnologias da informação.
Não tenho respostas finais, pois estamos perante uma dinâmica que se iniciou e que prova, sobretudo, a generosidade do povo deste lugar, dos seus homens e mulheres, o entusiasmo dos mais jovens, a exemplaridade de que, afinal, existem ainda lugares que não são "vazios"
Deixo, uma palavra, de estímulo, de admiração e de muito apreço a todos quantos têm contribuído com o seu saber, o seu entusiasmo, as suas memórias, o seu trabalho para este movimento e para este projecto sócio-cultural que se consolida como podemos verificar pela notícia do início das obras de restauro da Capela da Senhora do Pranto, esse um lugar com tanta espiritualidade e tão importante para a vida de todos.

Domingos Rasteiro

terça-feira, setembro 25, 2007

OBRAS DE RESTAURO DA CAPELA DA PÓVOA


COMEÇO DAS OBRAS DE RESTAURO, PARA BREVE…

Nomeada uma Comissão
Há muito esperávamos este dia, o do início das obras de restauro do tecto da capela da Póvoa. Ocorrerá nas primeiras semanas de Outubro, se Deus quiser. O respeito pelo património não é apenas uma atitude de contemplação dos bens adquiridos. Seria cómoda mas não útil, uma fruição passiva dos legados. E com que esmero e a pensar nos vindouros, os antepassados o construíram!…
Temo-los presentes, imaginando-os felizes, porque, além da catequese (palavra que significa “som que vem do alto”) emanada das pinturas barrocas de cariz bíblico, os seus destinatários mantêm vivo e aberto ao culto o templo, como de sua própria casa se tratasse, não permitindo que se perca a sua beleza por algum negligente desleixo.
A deterioração própria do tempo e a fugaz durabilidade das obras de arte obriga-nos a uma atenção contínua em ordem à preservação e conservação, que passa também pelo restauro. Já saiu neste blog, na devida altura, o projecto, como todos se recordam certamente, discriminado até ao último pormenor pelos entendidos na matéria. Todos os passos foram dados para que haja enriquecimento e não detrimento do património artístico da nossa capela.
Com o aval e a vigilância da Comissão de Arte Sacra Diocesana e a entrega da obra nas mãos das pessoas competentes, foi vencida a primeira etapa. Sentimos necessidade agora, de nos organizarmos e motivarmos para a aquisição dos fundos económicos que custeiem as despesas. Fica nomeada uma Comissão para as obras de conservação e restauro:
- Na Póvoa - A Srª D.ª Lucília Alves e a Sr.ª D.ª Celeste Venâncio Gonçalinho
- Naturais, a residir fora da Póvoa - o Sr. Jorge Venâncio e a Sr.ª D.ª Celeste Oliveira Gonçalinho.
Já começaram a chegar ofertas. As mais avultadas vieram das Comissões de festas do ano 2005/06 e 2006/07, que gerindo de forma rigorosa os donativos, não só realizaram uma festa notável como também decidiram aplicar as sobras, nesta obra urgente e por todos desejada. Desde já, os meus agradecimentos a todos.
Iremos contar com a colaboração das entidades associativas e autárquicas, de todos os moradores, dos cristãos utentes deste espaço litúrgico, dos amigos e visitantes do blog. Toda a generosidade é bem vinda. Diz o Evangelho “que “Há maior alegria em dar do que em receber”. E noutro lugar, que “Nem sequer um copo de água dado a beber ficará sem recompensa”.
O Sr. Presidente da Câmara já deu o seu contributo: cedeu-nos gratuitamente os andaimes para a obra, o que vem a minorar as despesas, no cômputo total do Pre-orçamento, colocando-o nos 18.000€, com IVA incluído (A Fábrica da Igreja receberá a restituição do IVA).

Os ofertantes poderão dirigir-se a qualquer pessoa, membro da Comissão, solicitando um recibo, para efeitos de IRS.

Padre Assunção (Pároco de Vila Nova de Souto d’El-Rei)

sábado, setembro 01, 2007

FESTAS DA NOSSA SENHORA DO PRANTO



Da comissão de 2006 para a comissão de 2007

I
Boa noite meus senhores
E a todos que aqui estão
Vimos dar os parabéns
Á presente comissão

II
Vou-vos cantar umas quadras
Que tenho aqui mesmo á mão
Á moda da desgarrada
Com o Jorge meu irmão
Vamos ver se ele dá conta
Deste recado ou não

III
Vamos dar os parabéns
Com amizade e carinho
Os primeiros parabéns
Vão pró Jorge Gonçalinho

IV
Também quero enaltecer
E nisto não sou modesto
Dou também os parabéns
Ao Engº Ernesto

V
Ninguém fica esquecido
Neste meu ar subtil
Também dou os parabéns
Ao meu amigo Gentil

VI
Pois de todos vou falar
Para que não haja desaires
Também dou os parabéns
Ao amigo e primo Aires

VII
Amigos estou a acabar
Confesso, com muita pena
Também dou os parabéns
Á mulher chamada Lena


VIII
E os últimos são os primeiros
Como dizia Balzac
Aqui vão os parabéns
Para o velhinho Isaac

IX
Para além da comissão
Vou-vos dizer meus senhores
Também dou os parabéns
A todos os colaboradores

X
E então pra terminar
Olho sereno prá serra
Vou-vos cantar uma quadra
Dedicada á nossa terra

XI
Eu sou duma terra linda
Terra de bons professores
Onde há padres e freiras
Engenheiros e doutores
E mais uma vez vos digo
Boa noite meus senhores


Muito obrigado


José M. O. Venâncio
Nota:
Estas quadras deveriam ter sido cantadas à comisão de 2007 no domingo, último dia das festas. Por motivos de indisposição de um dos elementos não foi possível. Pelo facto apresentamos as nossas desculpas.
A comissão de 2006

sexta-feira, agosto 31, 2007

Comissão de Festas 2007


Parabéns à Comissão de Festas

Mais um ano em que as gentes da Póvoa e os que adoptaram esta terra também como sua, se encontram de parabéns.

Sabemos que não é fácil, e muito mais difícil se torna para quem trabalha longe, tornar um evento, como a festa que se tem feito, numa realidade, mas o certo é que todos, sem excepção têm demonstrado uma força, um querer e disponibilidade que se torna impossível pedir melhor.

Está por isso mesmo de parabéns a comissão de festa de 2007, que conseguiu, levar a bom termo uma festa, que a maior parte das pessoas que se encontram fora começam a aguardar com alguma ansiedade, pois passou a ser um tempo de reencontros, de grandes conversas e de matar saudades.

Este ano a Comissão teve contra si uma grande trovoada, seguida de chuva forte e granizo, que se abateu sobre a aldeia, mas nem mesmo isso tirou a alegria e beleza à festa. Foram dias alegres e de muito boa disposição de que todos nos podemos orgulhar.

Gostaria de realçar aqui, a caminhada aos moinhos do Sardinho, que a todos aqueles que a fizeram se mostraram muito satisfeitos com tal visita. (tive muita pena em não ter podido participar)

Aproveito a oportunidade para solicitar a quem tenha fotos da festa, inclusive da caminhada aos moinhos e que as possa dispensar para serem colocadas nesta página, o favor de as enviarem por mail para:

Gostaria ainda de felicitar a nova comissão para 2008, desejando-lhes as maiores felicidades.

Jorge Venâncio

terça-feira, julho 31, 2007

A NOSSA TERRA !




A Póvoa é pequena e divertida, mas seria muito mais, com crianças por todo o lado.

Todos nós gostamos da Póvoa e por isso cá vivemos e nunca a deixaremos.
Somos todos amigos p’ro que der e vier, ajudamo-nos uns aos outros sempre que se puder.
Na Póvoa há muito ar puro, cheira muito bem e as flores também.
A festa da Póvoa é no último fim-de-semana de Agosto, durante ela todos dançamos divertidíssimos.
A capela da Póvoa é muito antiga é pequena, mas linda.
Enfim, a nossa terra é demais!


A Póvoa, é uma aldeia
Pequena mas bela,
Foi o lugar onde nascemos,
E nós gostamos muito dela.

Foi bonito investigar
A história da nossa terra
Sentimos enorme orgulho
Por fazermos parte dela.


Bárbara
Bruna
Jesus

domingo, julho 29, 2007

Nova Sede da Junta de Freguesia

Foi em ambiente de festa e muita alegria, que se fez a inauguração da nova sede da junta de freguesia de Vila Nova de Souto D'El-Rei.
Edificio moderno, bonito, bem equipado, para bem servir a comunidade. Esperamos que seja essa a grande finalidade.
Estamos portanto todos de parabens, não deixando de salientar quem deu inicio à obra, quem a continuou e quem por fim a terminou.
Ao acto de inauguração estiveram presentes o Sr. Presidente da Camara de Lamego, os elementos da Junta e muito público. Em seguida o Sr. Dr. Assunção deitou a sua benção às novas instalações.
Aproxima-se agora o momento mais importante para muitos: o saboroso petisco que os esperava; o porco no espeto e não só...
Realmente estava delicioso. Obrigado aos senhores que tão bem prepararam aquele delicioso "piteu". A festa continua com muita alegria, convivio e animação.
Mas como não há "Bela sem se não" aqui também houve um pequeno "senão" que não agradou a muita gente.
Uma canção, que não veio nada a propósito; apenas mereceu criticas e sé deve ter agradado a quem a cantou. É pena que realmente não se saiba distinguir o que seode cantar em público sem ferir a sensibilidade de quem nos ouve. Naquilo nada se aproveitava, musicalidade não havia, conteúdo não prestva. Era como uma laranja seca, que depois de bem espremida, sumo nem vê-lo....
Aqui fica o meu recadinho, para que não aconteça o mesmo noutros convivios que se possam realizar.
Claro que isto nada teve a ver com a Junta.
Esta apenas merece os nossos parabens.
Celeste Venâncio

domingo, julho 15, 2007

À minha Mãe

Ser professor é uma missão,
De transformação, de pressão e grande tensão.
É ser pai, mãe, amigo, amado e odiado.
É dar carinho e compreensão,
Não ter ambição, nem predilecção.
Saber escutar e aconselhar,
Lavar a alma de quem precisa
E ampliar a auto-estima.
Construir projectos
E remar contra a maré.
É educar e revolucionar
As mentes mais incultas.
É acreditar que o mundo vai mudar
E a sociedade melhorar.
Ter esperança que a guerra termina
E acaba a discriminação…
É participar no crescimento social
E ser essencial.
É sorrir ao olhar terno de uma criança
E aberto à mudança e à inovação.
É ser dinâmico e criativo
E moldar o mundo nas suas mãos.
Despertar a curiosidade
E marcar para sempre a nossa mente.
É semear, pôr a germinar, aperfeiçoar
E saber direccionar.
É lutar e confiar,
Que um dia o reconhecerão
Como necessário na nação.
É tomar decisões pessoais e individuais,
Não indo contra as normas nacionais…

Obrigado mãe, por me ensinares a reconhecer o teu valor como mãe e professora.

João Gonçalves

quinta-feira, julho 12, 2007

Viagem no tempo

Foi no dia 23 de Dezembro de 1956

Eu nem queria acreditar

Chegou às minhas mãos

O alvará para ir trabalhar.


Abri e li, o lugar era Alhões

Junto às portas de Montemuro

Estava realizado um sonho

Uma porta aberta para o futuro.


Lá parti de madrugada

Pelos meus pais acompanhada

Atravessando vales e outeiros

Calcorreando caminhos e carreiros.


Íamos perguntando

À senhora Maria e ao senhor Manuel

Onde ficava a povoação

Cujo nome eu levava num papel.


Chegámos à Gralheira

Bem no alto da serra

Já íamos muito cansados

Mas nem sinais da dita terra.


Parámos um pouco

Quase sentados no chão

Aí nos aparece um padre

Que nos deu a seguinte indicação:


Cinco quilómetros mais

Estão em Alhões, perto de Tendais

É uma terra de gente trabalhadora

É o primeiro ano que lá têm professora.


Ficaram admirados

Quando cheguei à escola

Pois já lá estava há uns dias

Outra professora.


A escola era nova

Em primeira mão

E a professora era

De Santa Comba Dão.


Eram muitos alunos

Dos sete aos dez anos

Fizemos duas turmas

Sem chatices nem enganos.


Estavam todos matriculados

No primeiro ano escolar

Uns eram pequenitos

Outros já queriam namorar.


Todos nos respeitavam

De igual maneira

E cada um tomava posse

Da sua carteira.


Alguns alunos fizeram dois anos num

Mas sem passar de classe

Não ficou nenhum.


Trabalhei muito

Não ensinei só português

Ensinei matemática e preparei lições.

Fizeram também teatro

E aprenderam canções.


Durante todo o ano

Vivi num quartinho

Onde só cabia a mesa, a máquina de petróleo

A cama e um banquinho.


Foi-me cedido pelo senhor Regedor

Homem honesto e honrado

Era a autoridade máxima

Lá no povoado.


Fiz muitas vezes a pé

A viagem referida

Tive maus e bons momentos

Que nunca esqueço na vida.


Um dia eu e o meu irmão

Fomos atacados por um cão

Que guardava os rebanhos

Na serra da Gralheira

Livrarmo-nos deles, não havia maneira.


Logo apareceu o pastor

Que calmo como era

Sem grande esforço

Acalmou a fera.


Passados 52 anos

Cá estou eu

A recordar algo

Que nunca se esqueceu.


Lucília Alves

Póvoa, 10 de Julho de 2007

terça-feira, julho 03, 2007



Olá a todos, parabens pelo vosso trabalho, continuem o pessoal agradece......

Gentil Gonçalinho de Almeida

sábado, junho 23, 2007

Alô! Chamo-me Nuno, e sou neto do meu avô.
E é exactamente deste meu velho avô que começo por falar-vos:
- Ora, o meu avô não sabe que a terra é esférica, e suspensa no firmamento como todos os astros.
Ele pensa que ela é semi-esférica e assente numa base circular compacta, abaixo da qual nada existe.
Entende ele, e isso me ensina, que na terra existe uma escada – imaginária – talvez uma semi-construção em patamares da mítica torre de Babel.
Ora – ainda segundo ele – nós ascendemos ao conhecimento e à sabedoria através da subida de cada um desses patamares.
Nos primeiros patamares, nem a linha do horizonte conseguimos vislumbrar, e depois dos primeiros, a vista vai alcançando cada vez mais amplitude, ao mesmo tempo que se vai reforçando a sua telescopia.
Só que também em cada patamar que vamos subindo, fica sempre maior a diferença entre o que ficamos a saber e a consciência que vamos tomando do muito mais que há para descobrir.
Será também daí que resulta a conclusão do Outro que diz:
- Quanto mais sei, mais sei que nada sei. Daí também a humildade dos sapientes.
Não sei se será genética a predilecção que a minha família tem pelos montes, sendo certo porém que todos os subimos com muito agrado.
Paramos várias vezes ao longo da encosta e vamos apreciando as vistas que se alcançam de cada ponto. E é nessas paragens que o meu avô espraia embevecido as suas lições, quase sempre metafóricas.
Por mim, ouço-o com respeito e com o amor que todos sentimos por este ancião – acho que é assim que ele gosta de ser chamado!
E é engraçado que a verdade é que, quando estou na póvoa, a minha visão é limitada pelos montes, ao passo que se subo ao cimo do monte Dufe, passo a ser dono de uma região que vai daí até Tarouca, ao São Cristóvão e Vila Real.
Se porém subo ao monte de Santa Helena avisto uma região que vai de Montemuro até Armamar.
Se subo à Serra das Meadas, a minha vista domina toda a região do Pinhão até ao Porto.
Como conclusão acho que há alguma razão na ideia de que o nosso conhecimento é tanto maior conforme a “altitude” em cada um dos “patamares” da escada que vamos subindo na vida.
Deixemo-nos apaixonar pelos montes!
Começo a compreender os alpinistas.

Ass: Nuno Costa e Avô
Aventura

Prometo não continuar, porém só por esta vez permiti-me, rapazes da Póvoa e da minha idade, que partilhe convosco – sim, porque de partilha se trata – algumas considerações sobre o meu avô, nado e criado ai na vossa “lavra”:
Este meu velho, que não teve como eu, a felicidade de ter avôs, soube como ninguém encarnar tal papel.
Tem para os netos, sempre um ar bonacheirão e dispõe-se a perdoar as minhas malandrices e traquinices com o pretexto de que sempre foi mais malandreco do que eu.
Já vos falei das minhas brincadeiras com ele, em férias na Póvoa, no carro dos Flinstons, enquanto muito miúdo; brincadeiras dizia, que já só muito remotamente alimentam o sentimento da minha nostalgia – hoje cresci, e as minhas brincadeiras são outras e delas falarei em próximos capítulos.
Já vos falei também das suas conversas comigo sobre a aventura da subida dos degraus do conhecimento, e do dever de humildade perante a certeza da nossa ignorância.
Hoje falo-vos do que ele me ensina sobre o valor e a arte das palavras, conforme a sua composição no texto escrito ou falado. Estas devem obedecer a cuidada composição, tal como as notas musicais para obter uma boa e melódica sinfonia.
Diz-me ele, que elas (as palavras) gostam de ser adornadas com “perfumes, pérolas e pedras preciosas”, como as noivas para os seus esposos.
Com sufixos e prefixos podem ser aumentadas ou amputadas, e cada sinal no texto faz derivar sua beleza ou valor, dando também ao texto falado, diferentes entoações e pausas.
Também os adjectivos enfeitam ou deformam o “ramalhete” das frases.
As palavras podem ser de ira ou de amor, de concórdia ou de discórdia, de paz ou de guerra; podem ser francas ou cínicas, verdadeiras ou falsas, de aproximação ou de afastamento, e mesmo de provocação.
Se o nosso tempo tem como primordial importância a comunicação, temos de nos exercitar no uso e aperfeiçoamento da língua, e portanto, no uso das palavras.
Para beleza e sentido do discurso, devem ser colocadas em casas próprias, e não em casas alheias, ou fora de casa; e requerem cuidados como as flores de um jardim.
Por vezes precisam mesmo de ser podadas e “levantadas”.
Este meu avô malandreco, fala muito em linguagem figurada, com metáforas e mais metáforas, mas já nos entendemos bem.
Em férias, prepara-me as refeições, o banho e lava-me a roupa; ensina-me o preço e o valor da liberdade, da lealdade e da solidariedade.
Eu ajudo-o com diligente prazer nas suas ocupações, e ouço-o com venerável atenção e respeito, nos seus ensinamentos ou nas suas divagações.
Como é bom ter um avô assim! É de pasmar, este avô!


Ass: Nuno costa e Avô

sábado, junho 16, 2007

Deixei passar algum tempo sem comentar a polémica do Arado de Ferro, para ver se o tempo me dava outras perspectivas de abordagem do respectivo contencioso.
Não gosto da generalidade dos deputados, por os achar demasiado loquazes e pouco eloquentes; espertos como ratos e pouco inteligentes. Pior ainda quando começamos a ter conhecimento de que podem afinal ser formados astutamente fora das sedes do saber e imporem-nos regras que não serão portanto fruto do saber ou da inteligência.
Ora sendo assim, não nutro qualquer simpatia pelo nosso Arado de Ferro, dado que também ele já fora deputado, em funda lavra.
Porém, caído este em desgraça, já não como deputado mas como cidadão, devo prestar-lhe alguma solidariedade, embora até esta, já tenha sido nacionalizada em tempos de outro governo da mesma cor deste, e com direito a ministro e tudo. Pois se bem se recordam até já tivemos ministro da solidariedade.
Sim, eu pensava que a solidariedade era um sentimento pessoal e espontâneo, porém já em tempos não muito distantes, foi tutelada por um ministério.
Lembram-se? Perdemos a noção do ridículo? Agora, ou há muito tempo? Confesso que estou confuso ou pelo menos, confundido.
No entanto, perante a lucidez que parece restar-me, deixem que vos diga o seguinte:
- As ditaduras e prepotências só existem porque as toleramos, nelas colaboramos, ou contra elas não actuamos solidariamente.
O que está a passar-se com o senhor Arado, seria impensável com um qualquer cidadão filiado no meu sindicato, sem mobilizar solidariamente todos os associados para uma paragem colectiva de todos os serviços, até que o problema desse senhor estivesse resolvido.
Porém, diga-se de passagem que o meu sindicato pagaria aos grevistas todos os dias de paragem, ainda que se tratasse de meses consecutivos.
Acredito que os cidadãos com mais de cinquenta anos que se referiram de forma indecorosa ao Salazar, teriam morrido na prisão se ele fosse tão mau como alguns dos novos “senhores” de hoje, e que tão mal dizem dele para – por contraste – se empoleirarem e manterem no poleiro. Pergunto porém onde está o grito solidário dos professores? Onde está o grito dos seus representantes sindicais?
A prepotência ridícula que se passa hoje com o Arado, passar-se-á amanhã com qualquer enxadita, que despersonalizada e descaracterizada, dirá em qualquer sítio: não faço minhas as palavras daquele senhor.
Esta falta de solidariedade transformará as Charruas em arados de pau de pinho, que partem a relha ou os timões à primeira pedra fixa que encontrem na lavra.

Ps: Diz-se que o presidente da CIP diz que é por medo de retaliações que não se divulgam os nomes dos financiadores de um novo estudo de um novo aeroporto.

Ass: Zé Macário

domingo, junho 10, 2007



Deixo aqui o endereço de uma página, para ser lida e meditada a noticia.



O final aconteceu no dia 4 de Junho de 2007.

´Morreu............



sábado, junho 09, 2007

Pelo ano de 1997, tinha eu somente 3 anos mas lembro-me vagamente de algumas brincadeiras com o meu avô pela Póvoa fora. Deveria ser Verão, pois guardo na memória que os dias eram longos. No entanto, estava um dia nublado e eu tinha acabado de acordar, enquanto o meu avô já acordara havia muito tempo e já preparara, como era seu costume, o nosso pequeno almoço. E que rico pequeno almoço!
Prontos assim para as nossas brincadeiras, fomos tirar o nosso “comboio” da loja e partimos à aventura.
Ficavam pasmadas aquelas pessoas ao verem passar estes dois tontos pelas ruas da Póvoa, naquele carro de rodas de madeira, que mais parecia do tempo dos FLINSTONS. Como este meu velho gostava de me arrastar naquele carroço!
Como eu adorava fazer aqueles passeios matinais depois do pequeno almoço ricalhaço!
Hoje quando eu apareço pela Póvoa, há sempre alguém que me lembra disto, fazendo acordar a minha saudade...
Mas agora já não é assim, eu cresci e ele está mais velho, um ancião, como gosta de ser chamado , e de vez em quando, nós lá fugimos dos olhos da minha avó e vamos dar uma volta pelo souto fora. Não há vez nenhuma em que nós não trazemos uma giesta atrás para acender a fogueira para o almoço. Às vezes também pegamos no carro e vamos dar umas voltas às aldeias vizinhas. Houve uma vez que parámos num café e ficamos a falar sobre as malandrices que o meu avô fazia (às “cotas” da altura) quando era mais novo. Nesse dia esquecemo-nos das horas e só chegamos a casa por volta das nove da noite. Nunca mais me esqueço desse dia, porque o meu avô apanhou um raspanete do tamanho do Zé Macário, ( que dizem, que era muito alto, porque eu não o conheci).
Eu cresci. Passo mais tempo fora de casa, com os amigos, mas nós ainda nos divertimos a valer.


Ass: Nuno Costa

sexta-feira, junho 08, 2007

Bons amigos



Saúdo os meus caros conterrâneos que muito honro e aos quais agradeço as palavras amáveis que me vão colocando como comentários, nas minhas simples deambulações, que nada mais são do que um olá ao pessoal, matando saudades de tempos da minha infância, e, não querendo sequer tornar-me maçadora, nem falsa moralista, mas não deixarei de contar uma pequena história do meu avô, José Gonçalinho. Aquela figura por vezes caricata, mas de uma bondade infinita, presenciada por todos que mais de perto com ele lidaram e partilharam alguns bons momentos.
E, como de animais se trata, esta parecendo anedota, foi realmente uma das mais hilariantes situações que ele contava com prazer.
Tendo alguma angústia por alguém passar nos seus terrenos das Castanheiras, com o gado, comendo as novidades, (termo muito utilizado, como sinónimo de algo que estaria semeado), sem que para isso usufruísse de qualquer autorização sua, situação grave na altura… resolveu investigar e passar algum do seu precioso tempo, escondido atrás de alguma possível árvore…, muitas horas decorreram e já cansado de tanto esperar e, pensando em regressar, eis que surge o intruso…ou melhor, os intrusos, pois sem qualquer preocupação preparava-se para atravessar o terreno, o Chica, com as suas belas ovelhas, que não eram tão poucas como isso. Come aqui, debica acolá e, sem a menor das inquietações, o Chica assobiava, feliz, por mais um dia de faina estar a chegar ao fim e, poder ainda ter tempo para ao lusco fusco galantear a sua amada Ana.
Eis que surge um valente berro que o tira de seus pensamentos e que lhe dá a ordem de não tentar sequer pôr um pé em cima daquilo que lhe pertencia, com as ovelhas. Só podia passar sem as ovelhas. O Chica atónito com a situação coça a cabeça, olha à volta e para as suas ovelhas, pois o caminho era longo se tivesse que voltar atrás, então, pensou alguns segundos mais, e, sem hesitar pegou nas suas ovelhas e uma a uma atravessou-as a todas às costas, perante o olhar incrédulo do meu avô que já ria à gargalhada, com a situação.
Como amigos que eram continuaram por muitos anos a falar no sucedido e o Chica dizia sempre: “ Lixei o tio Zé Gonçalinho”.

Fernanda Gonçalves

sábado, junho 02, 2007

vim viver para a aldeia

Vim viver para a aldeia,

Para a casa que era dos meus avós,

O meu pai combinou com os meus tios,

E a casa ficou para nós.

A minha casa

Fica no cimo da povoação,

Onde vivo com os meus pais,

O meu Gonçalo e o meu João.

Vivo no campo,

Em contacto com a natureza,

Onde os pequenos bichos e passarinhos

Nunca revelam tristeza.

É muito agradável logo de madrugada,

Ouvir o rouxinol

Na sua canção afinada.

Já conheci coisas,

Que nunca tinha visto,

De fazer novas descobertas

Eu não desisto.

Vou falar de animais,

Que aparecem mais no verão,

Desde a formiga e a cigarra

Até à cobra e ao sardão.

A formiga é muito diligente e graciosa,

A cigarra boa cantadeira mas preguiçosa,

A formiga preta é pequenina,

Vive numa casa sem porta nem janela,

Por vezes carrega um corpo,

Dez ou vinte vezes maior que ela.

A cigarra tem vida de rainha,

Não quer fazer nada,

Quando chega o Inverno, pede à formiguinha.

De vez em quando

Uma cobra atravessada no caminho,

Muito parada e quieta

Para ver se hipnotiza um passarinho.

Lá vai uma pedrada

A segunda e a terceira,

Se ela não faz nada,

Acabou a brincadeira.

Os sardões são inofensivos,

Não fazem nenhum mal,

Eu falo de uns pequeninos,

Que se escondem no muro do meu quintal.

Admiro muito o grilo,

Com a sua capa de estudante,

Calado ou a cantar

Apresenta-se galante.

Onde eu moro é Santa Cruz,

O nome do lugar

Vocês não imaginam,

Como é bom cá morar.

Perto há um cruzeiro

Que coroa a povoação,

Que recorda a fundação de Portugal

E a sua restauração.

Eu já fui vê-lo de perto,

Com o qual me admirei,

Também dizem que viveram aqui,

Povos do tempo do nosso 1º rei.

Não cheguei muito perto,

Porque está em cima

De um grande penedo,

Mas as datas lá escritas

Não têm segredo

A minha casa fica junto à capela,

Onde se venera a linda Santa Luzia,

Venham ver o cruzeiro,

Que eu sirvo de guia.

Póvoa, 26 de Maio de 2007

David Gonçalinho Loureiro ( 12 anos )


sexta-feira, junho 01, 2007

CATARSE


Era eu já crescidinho
Três ou quatro anos tivesse
Guardava gado de mansinho
Ou outro jeito não houvesse.

Se a burrinha assustada
As suas corridas desse
Ao não ser acompanhada
Que pecado eu fizesse.

Se a cabrinha endiabrada
A horta do vizinho saltasse
Era mais uma trapalhada
Como se o mundo acabasse.

Se a vaquinha apressada
Pelos campos vagueasse
Não valeria de nada
Outro ser que invocasse.

Se a noite toda dormisse
Em sossego de inocentes
Havia logo quem visse
Actos vis de indigentes.

Se a água da poça acabasse
Sem a outra ir abrir
Talvez que não faltasse
Quem de mim se ia rir.

Se com o fardo não pudesse
Olhares crus me envolviam
Como que eu não quisesse
Aquilo que outros queriam.

É tão grande este pesar
De tão curtos e longos anos
Que não poderia deixar
De referir tais enganos.

Outros vi, esses sim,
Que tais culpas não tiveram
Memórias que guardo em mim
De santos outros que veneram.

São tão vastas as lembranças
De uma vida atormentada
Que não me restam esperanças
De a ver ressuscitada.

Ass: Bocaleixo
Em guarda! ( por Zé Macário )
Teria onze aninhos – como dizem os brasileiros - quando li um livro intitulado “ O franco maçom da virgem “, tanto quanto a minha memória, não sendo de elefante, consegue ainda lembrar-se, já perto de sessenta e cinco anos.
Daquele livro, me ficaram indeléveis gravações das peripécias de um católico, devoto rapazinho, caçado nas teias da maçonaria e coagido por esta a escarnecer e renunciar às venerandas imagens da Virgem Maria, de outros símbolos da sua religiosidade e renegar os valores transcendentais da sua fé.
Embora já muito ténue a reminiscente lembrança daquela episódica leitura, que passou ao meu subconsciente como que um paralelo do diário de Ann Frank, sempre entendi portanto a maçonaria como organização tenebrosa , avessa ao exercício da milenar religião católica.
Também o meu pai, com os seus fracos conhecimentos, falava uma ou outra vez de maçonaria e carbonária, como temíveis organizações secretas, com quem aliás me comparava sempre que as minhas acções eram do seu total desagrado.
Passaram-se já 25 anos desde que um padre estrangeiro meu amigo, bom observador, e a viver havia já alguns anos em Portugal, me chamou à atenção para que observasse melhor os programas televisivos e outros meios de comunicação social, pois – segundo ele – a maçonaria estaria a invadir as programações e a subverter assim os nossos tradicionais valores sociais.
Sem que se lhe atribuísse grande crédito, também o timoneiro da Madeira se referia de vez em quando de forma muito negativa à maçonaria e aos cubanos do “ contnente”.
Foi agora a vez de o Bispo emérito da diocese de Aveiro, Dom António Marcelino, escrever desassombradamente no Correio do Vouga um artigo polémico sobre a maçonaria, seus métodos e objectivos, descodificando os sinais e traduzindo assim em linguagem entendível, aquilo que muitos católicos sentem há muito tempo.
Sendo ainda parcos os meus conhecimentos e observações sobre a matéria, mas numa lógica cartesiana, parece-me de enaltecer a coragem e clarividência do discurso deste Bispo, tal como admiramos a personalidade de Dom António Ferreira Gomes na sua afronta ao poder Salazarista, com o consequente exílio forçado para longe da comunidade que lhe fora confiada. Aguardamos que outros lhes sigam a peugada, pois só assim os sentiremos como verdadeiros guardiões do templo.
Não nos esqueçamos que, foi a inicial timidez ou tibieza de actuação de algum clero, que há bem pouco tempo fez os católicos perderem a luta contra a liberalização do aborto.

quinta-feira, maio 24, 2007

Póvoa


PÓVOA


Porque fugimos?
Ontem, hoje e amanhã…
Ventos da vida esquecida,
Olhos fixos no luar,
Atenuando a tristeza do olhar…

Vibrando à luz fulgente da alvorada,
Induzida pelo sonho pleno de nostalgia,
Labirinto obscuro da mente,
Adormecendo o pensamento.

Noite e dia, nas entranhas da aldeia,
O sinal da madrugada levita,
Voluntariosamente se ergue,
À rotina da vida!

Saudades, muitas saudades…
Ocultadas pela sombra tenebrosa,
Ungidas pelo silêncio do monte,
Tomadas por quem perto passa,
Ouvidas pelo atento que espreita.

Dádiva evidente do alto,
Ele que nos guia e protege,
Libido sentido humano.

Rendidos ao esplendor da terra,
Envolvidos pelo sonho realizado,
Idolatria ténue da mente…


Fernanda Gonçalves

quinta-feira, maio 17, 2007

Parque de Merendas no Monte de UFE


Com o chegar de mais um verão, e com ele mais umas merecidas férias, é a altura de se dar a conhecer melhor, a localização do parque de merendas, no monte de Ufe.
Este parque inaugurado em 2005, talvez ainda não disponha das melhores condições para se utilizar, mas mesmo com algumas deficiências, será certamente um local de convívio e encontro entre amigos e familiares, que desejam sair do reboliço das cidades e conviver com a natureza, podendo desfrutar ainda das belas paisagens que nos são oferecidas a partir daquele local.Então para quem não conhece, e deseja começar a utilizar o parque, tem a fotografia retirada do Google Earth, (que pode ampliar, clicando nela) onde se vê a A24; Se pode identificar a Póvoa, Penude, bem como a estrada que liga Penude à Póvoa, passando por Quintela, Juvandes e seguindo depois da Póvoa para Melcões, passando sobre a A24. Nesta passagem não siga para Melcões, continue na estrada, florestal e logo encontra a entrada para o parque.
Se desejar ver mais em pormenor, clique no link ao lado “parque das merendas”, e viaje por onde desejar. Faça os zooms dos locais que desejar ver em pormenor. Arraste o mapa para procurar esses locais e em seguida faça um clique sobre os mesmos para ampliar. Pode viajar por todo o mundo.
Não se esqueça que o parque é de todos, por isso, quando o abandonar, deverá deixá-lo tal como gostaria de o encontrar.
Mesmo com algumas deficiências, devemos preservar aquilo que é de todos.Não deixe lixo espalhado pelo chão. Tenha em atenção que há uma mata grande e o menor descuido pode provocar incêndios, por isso antes de abandonar o local verifique se não há qualquer risco de incêndio.Divirta-se, mas deixe que os outros também se possam divertir e usufruir deste tipo de espaço.
Então pata todos votos de umas boas férias.

Jorge

terça-feira, maio 15, 2007



O blog da Póvoa

Naturalmente já todos nós reflectimos sobre a importância da criação do blog enquanto meio de comunicação.

A criação deste blog, foi uma ideia inovadora e genial, tendo em conta que este nos permite o diálogo, a convivência entre nós e o conhecimento de factos, acontecimentos e tradições que dizem respeito à nossa terra.

Penso que é aqui que reside a sua maior importância, já que de modo geral somos pessoas fechadas, devido em certa medida, às orientações educativas que recebemos desde o berço.
O blog também comporta/remete para a função cívica, na medida em que temos o dever de ponderar a forma como divulgamos os diversos assuntos e como comentamos os que outros abordam, numa perspectiva de bom senso e respeito pelos outros. É importante passarmos a imagem da gente que somos, gente de princípios e de carácter irrepreensíveis.

Falando da minha experiência como participante no blog, digo o seguinte:

- estou satisfeita com a criação deste espaço, porque através dele descobri coisas impensáveis, tais como o gosto pela poesia, que era algo desinteressante para mim. Hoje posso dizer sem mentir, é uma actividade de que gosto bastante;

- O blog ajudou-me a familiarizar-me mais com o computador, uma ferramenta de trabalho indispensável na minha actividade profissional, que porém já existe em minha casa há cerca de 20 anos, mas nunca me despertara interesse ou qualquer curiosidade;

- Por fim concluo que, aprender e poder partilhar acontecimentos ou outras coisas com os meus conterrâneos e amigos da Póvoa, é para mim um privilégio.

Por tudo isto, só tenho a agradecer a existência deste blog.

Celeste Gonçalinho O. Duarte

quarta-feira, maio 02, 2007

Falando ainda do cântico a Nossa Senhora do Pranto

Inicialmente esta gravação não se destinava a ser publicada, mas a servir de guia a uma nova interpretação de outro coro (o da nossa terra ). Eu própria não tinha essa intenção e tal como o próprio coordenador do grupo coral da Paróquia de Agualva me disse, se fosse para publicar, teriam feito algo muito diferente. Se a intenção inicial passasse por ser publicada, (obviamente teria de ser com mais tempo e outros meios ), o que tornaria impossível a referida gravação por absoluta impossibilidade.

Acrescenta-se, que esta gravação não faz justiça à verdadeira qualidade de desempenho deste grupo coral; esta é a pura realidade!

Celeste Gonçalinho Oliveira A. Duarte


sábado, abril 28, 2007

Cântico à Virgem do Pranto

A música e letra do cântico em honra de Nossa Senhora do Pranto que agora publico, não são profissionais. Eu própria as criei e não tenho formação musical nem em texto poético.
É uma melodia simples, tão modesta como o é a letra também. Todavia, na minha opinião, adapta-se à imagem de gesto triste, humilde e frágil desta Senhora.
É possível que não tenha grande interesse para alguns dos visitantes e colaboradores do blog. Porém, este cântico tem para mim um significado especial: acho-o autêntico e espontâneo porque surgiu de um impulso natural de uma necessidade de o realizar. Entendo-o e vejo-o como um acto oracional, no qual me envolvi a sério e outros como eu, se envolveram também.
Ao falar da envolvência de outros refiro-me ao grupo coral da Igreja Paroquial de Santa Maria de Agualva, a quem agradeço uma vez mais pela sua interpretação (vozes e instrumental).
No dizer do responsável deste grupo (o Ricardo), a gravação não está em perfeitas condições, devendo-se isso ao facto do reduzidíssimo tempo que houve (um dia apenas), para aprender a letra, ensaiar e gravar.

Nota: Esta música é dedicada em primeiro lugar à minha mãe, que me estimulou com a sua visível satisfação e aprovação quando a ouvia, às minhas irmãs Alzira e Alda Cristina que cantaram comigo na 1ª gravação e ao grupo coral que fez o trabalho definitivo que agora apresento. Dedico-a também aos meus conterrâneos, aos amigos da Póvoa e finalmente aos visitantes deste blog.
Para todos um abraço.

Celeste Gonçalinho Oliveira Duarte
Oiça aqui o poema
Veja aqui algumas fotos

quarta-feira, abril 25, 2007

Laureados ( por Zé Macário)

Tive ocasião e o prazer de, logo no inicio da minha participação no bloog, homenagear em vários escritos, pessoas simples da Póvoa, que influíram no meu crescimento, e que libertando-se da lei da morte, merecem serem lembrados entre os vivos. É no prazer das coisas simples da vida, que se vê a grandiosidade dos homens, que, por actos valorosos se vão da lei da morte libertando.
Foi tal o prazer nessas homenagens a pessoas idas, quanto o desprazer de imaginar homenageados aqueles de cuja vida, que se saiba, ninguém beneficiou.
Estes – que por vezes, nem na morte foram acompanhados – tendo vivido mortos ou nulos, não podem libertar-se nem nos é legitimo que os libertemos da lei da morte, até por configurar um acto de grande injustiça em relação aos outros.
Como de costume, no 25 de Abril e já perto do 10 de Junho, cá virá a procissão dos condecorados e comendadores – alguns valorosos entre tantos nulos…
Alguns mesmo, deixando atrás de si esteiras de vítimas exploradas.
Enfim, foge cão, foge cão, que fazem varão! Para onde? Para onde, se me fazem conde?!
Também no que diz respeito às coisas e gentes da Póvoa, me parece não devermos fazer promoções ou louvaminhas exageradas àquilo que nos parece menos merecedor. E neste particular, revejo-me muito num artigo de um anónimo que realço pelo conteúdo, entre outros seus de que mais gostei e invejo, pela singeleza e beleza da construção literária. Absoluto amante da vida, não posso ver em qualquer outra criatura um mérito maior, do que o dos nossos pais ou avós, que audaciosamente operaram o feito valoroso de nos parirem, criarem e educarem – sem a rendição à tentação do aborto – apesar das dificuldades com que o fizeram, afrontando, na nau das tormentas o mar revolto, que era a vida do seu tempo.
Não apoiarei portanto a promoção da imagem de alguém que, de si ou de seu, nada dera aos seus ou à sociedade. Não tenho nada contra quem o queira fazer – cada um sabe das suas razões – mas, também eu não darei nada para esse peditório.
Porém àqueles simples, que por “simples” actos valorosos, se vão da lei da morte libertando, também eu louvarei por toda a parte, se a tanto me ajudar o engenho e a arte.

Nova Apresentação


Na esperança de uma boa receptividade, também hoje resolvemos dar uma cor diferente ao nosso blog, a cor da esperança.
Esperamos de todos a continuação da vossa colaboração

O primeiro Marquês de Povoalva


Em finais dos anos trinta, chegou a terras D`El-Rei um anónimo cidadão com o fito de aí se fixar e fundar o seu império sentimental. Não se apresentava montado em garanhão de alta escola conduzido por esporas de ouro ou de prata, mas sim a pé, de tamancos coçados e desajeitados. Portanto, nada que fizesse lembrar qualquer personagem dos clássicos da literatura universal. Quando se passeava pelo terceiro dos seus povoados, travou conhecimento com Dona Margueritta, senhora de fino trato, filha do terceiro conde de Gonçalvinhos e da duquesa de D`Oliva. Decorrido algum tempo, depois de alguns contactos e de algumas peripécias pelo meio, o anónimo cidadão lá se enamorou pela dita senhora e adivinhava-se o casamento próximo. Não obstante o título nobilárquico, esta família não era tão abastada quanto isso. Por sua vez, a D. Vasco, assim se chamava o cidadão, nada restava que não fosse um espírito de guerreiro ganho à custa de umas quantas batalhas que havia travado noutras paragens. Tais limitações não seriam, no entanto, impeditivas de satisfazer as duas vontades num enlace matrimonial e disso mesmo deram conhecimento à família da nobre senhora, tendo, de seguida, acontecido o tradicional pedido de mão. Tanto o conde quanto a duquesa deram o seu assentimento, tendo para o efeito, estabelecido que Dona Margueritta receberia, em forma de dote, o empréstimo de uma casa para habitação, um pequeno trem de cozinha, algumas terras de renda e umas quantas alfaias agrícolas. Quanto a D. Vasco, este propôs-se arranjar uns quantos quilos de sementes, das quais constava uma arroba de batatas, promessa de um abastado compadre. Desta forma, deram cumprimento aos seus desejos, iniciando o seu noivado e tendo vindo a casar, uns meses mais tarde, com a bênção do cardeal Cartabranca, primeiro irmão da nubente.
Pareciam, assim, estar reunidas as condições mínimas para se estabelecerem, desenvolverem e serem felizes. Todavia, não tardou que tal cidadão revelasse uma personalidade multifacetada, expressa em atitudes rudes, ar austero e ambições pessoais incontidas, contrastando com o fino trato da senhora, o que originou uma vida de conflito permanente ao ponto de, em momentos vários, este lamentar o facto de não haver consumado algumas das suas antigas paixões: Dona Sujelia, condessa de Quintelais e, mais tarde, D. Viuvelina, prima em segundo grau de D. Margueritta.
Além dos atributos atrás referidos, este “ilustre” cidadão possuía um indisfarçável culto de auto-imagem, alicerçada na aceitação que lhe era dada pela sua expressão fácil, ar generoso e capacidades de intervenção e liderança, tendo-se tornado, até, juiz e conselheiro. Por tal motivo, adquiriu um estatuto tal que, em Assembleia Magna do Povo, lhe foi atribuído o título de primeiro Marquês de Povoalva a que foi acrescido, mais tarde, o de Aquém e Além-Rio e Terras Circunvizinhas. Por essas alturas já se movimentava em elegantes jumentas, encasacadas com o mais fino tecido da Cordoaria Nacional. Para que este suado título se perpetuasse e contrariando todas as tradições da nobreza, delegou no segundo dos seus três filhos a missão de levar a cabo tal tarefa. Para o efeito, tratou de o educar segundo as boas regras e de o proteger de todos os males da natureza: do sol, do frio, da chuva e até das trovoadas. Tal tratamento diferenciado viria a produzir os seus efeitos, tendo sido atribuído a este “principesco” jovem o grau de “Intocável”, pela Academia Superior da Opinião Pública. Entretanto, os dias do marquês iam chegando ao fim e aquilo por que tanto havia lutado ia-se esfumando, numa espécie de neblina matinal que precede um novo dia.
Partiu o marquês e a vida continuou para uns e renasceu para outros, sem títulos ou honrarias, mas com a marca indelével do tempo de outros tempos.
(Sinopse dos capítulos I e V do livro “Venturas e desventuras de um renegado”)
Ass: Anónimo

segunda-feira, abril 23, 2007

A CORRIDA AO OURO NEGRO



Com este título, demasiado comum, pretendo transportar-vos para uma realidade vivida há umas décadas atrás, por alturas do Verão, aquando da maturação e colheita do centeio, um dos principais produtos agrícolas desta terra e base alimentar da sua população.
Se bem se lembram, os mais velhos, ao mesmo tempo que apascentavam os seus animais nas orlas das vastas searas de centeio, dedicavam-se à apanha do cornelho. Também os crivos das malhadeiras eram vasculhados à procura do mesmo produto. Mas o que era, afinal, e o que tinha ele de tão importante?
Numa breve síntese, tratava-se apenas e tão só de um fungo, de cor negra que surgia em várias espigas de centeio, ligeiramente parecido com um grão alongado. Não se sabia o porquê, mas é verdade que esse produto era vendido a peso de ouro. Lembro-me de na década de sessenta e setenta ser vendido a um preço variável entre os quinhentos e mil escudos o quilo. As pessoas questionavam-se sobre tão exorbitante preço e qual o destino do produto. Falava-se, em surdina, que seria destinado à indústria farmacêutica. Pois bem, não andavam muito longe da verdade os que assim conjecturavam. Talvez para vossa surpresa, posso garantir-vos que o mesmo se destinava ao fabrico da dietilamida de ácido lisérgico, conhecido como LSD, um poderoso alucinógeno, percursor da heroína e da cocaína e com efeitos similares. Afinal, a questão das drogas não é nova! O problema é que não era tão divulgada e o poder de compra dos consumidores era reduzido. Por tal motivo, o seu consumo era limitado às altas esferas das sociedades mundiais. Embora este produto fosse sintetizado em 1943, já no século XVII era usado como terapia para certos males. Este mesmo produto foi ainda muito utilizado na prática abortiva. Quem diria que os que apontam o dedo a outros, por motivos vários, e convictamente votam contra o aborto, fossem esses mesmos, embora indirectamente, a contribuir para tal? Questiono-me se nesses mesmos tempos e a preços tão exorbitantes este conhecimento alteraria a atitude de alguém. Sou daqueles que acreditam que a honestidade e os princípios, se é que os há, dependem apenas da conjugação do trinómio necessidade/ambição/preço. Neste domínio e como reforço deste juízo, recordo o episódio bíblico em que ninguém ousou atirar uma única pedra à conhecida “pecadora”.
Brevemente vos surpreenderei com outro produto idêntico, este da família da “claviceps purpurea” e o outro a revelar.
Anónimo

domingo, abril 22, 2007

O ontem e o hoje


Nunca foi minha ideia vir aqui falar de história, e muito menos trazer para este espaço quaisquer tipos de recordações de guerras, mas aparecem por vezes noticias que nos fazem mudar de ideias.
Provavelmente ainda hoje não estaria aqui a escrever estas linhas, se não tivesse recentemente lido, um artigo de Alexandre Herculano publicado em 1838, com o seguinte teor: “Dentro em pouco os inválidos que lá existem terão de ir mendigar o pão, que a pátria tem obrigação de lhes dar, havendo eles ganho o direito a recebe-lo com o seu sangue, e com os perigos e fadigas da guerra, que só sabem avaliar aqueles que os têm passado
(Referia-se aqui A. Herculano, aos veteranos de guerra que se encontravam no Real Hospital de Veteranos, em Runa.)
Ao ler este artigo, lembrei-me imediatamente de duas coisa:
De dois velhos soldados que tive o prazer de conhecer e que tinham participado na 2ª guerra mundial, e todos os anos compareciam fardados, ostentando as devidas condecorações de guerra, no dia do aniversário da assinatura do Armistício, (11 de Novembro) na Avenida da Liberdade em Lisboa, e do que mais recentemente fora prometido aos ex-combatentes do ultramar.
Se Herculano em 1838, já escrevia aquilo, o que diria ele hoje se cá andasse?
Puderam aqueles dois militares contar com o apoio de um hospital real, (agora, lar) onde viveram os seus últimos dias, de vida devidamente acompanhados e com a assistência que mereciam, porque uma princesa, de nome “ Maria Francisca Benedita Ana Isabel Josefa Lourença Inácia Gertrudes Rita Joana Rosa” que casara com um sobrinho com apenas 15 anos, quando ela já tinha 30, e que após enviuvar, resolveu mandar construir em Runa um hospital, que demorou 35 anos a construir, e ao qual dedicou toda a sua vida e riqueza, em favor dos veteranos de guerra., mas que após a sua morte passou por algumas dificuldades financeiras. E agora? O que tem sido dado aos milhares de ex-combatentes, que continuam a sofrer de graves perturbações, provocadas por uma guerra que não quiseram?
Estes tal como aqueles, também merecem continuar a ser vistos como verdadeiros patriotas. Cumpriram aquilo que a Pátria lhes exigiu. Cumpra a Nação o seu dever de patriotismo para com eles, não os esquecendo, como tenta esquecer, para os deixar impunes, aqueles que tão mal têm feito a este país.
JV

sábado, abril 21, 2007

Avaria na parabólica ( por Zé Macário)

Andava Jesus Cristo cá pela terra, e um dia contou uma parábola mais ou menos do seguinte teor:
- Um dia um administrador, sabendo que iria ser despedido, chamou os indivíduos que deviam dinheiro ao seu senhor, e acertou com eles o registo de uma imensa redução da dívida, lesando com este “furto” os interesses que devia defender.
Caindo na miséria depois de despedido, este administrador foi recebido e alimentado em casa daqueles a quem tinha reduzido as dívidas.
E Cristo termina a parábola louvando a acção deste homem por saber conquistar amigos com o dinheiro da iniquidade.
Tendo defendido noutra ocasião que é devido a César o que é de César, parece-me haver contradição entre estes dois princípios.
Sem pretender reduzir o pensamento de Cristo ( Deus ) , à dimensão da minha compreensão (humana) , mas supondo que era para mim que falava, confesso simplesmente que não percebo a parábola.
Terei ouvidos de ouvir? Terei sentidos de sentir?
Possivelmente uma qualquer interferência na minha “parabólica” não deixa chegar o sinal, com a nitidez necessária à compreensão da parábola.

sexta-feira, abril 20, 2007

A Parábola ( por Zé Macário)

Em certa altura da sua vida, e numa severa crítica à avareza, disse Jesus Cristo aos seus discípulos:
É mais fácil entrar uma camelo num buraco de uma agulha do que um rico no reino do céu.
Nunca ao longo de vinte e tal anos tinha compreendido a utilização da figura do camelo, naquela asserção.
Embora percebesse o sentido e o exagero da alegoria, não conseguia perceber a lógica da utilização da figura daquele animal. Porque não utilizar a figura de um elefante, de um hipopótamo ou de um rinoceronte?
E que ideia maluca de querer enfiá-los no buraco de uma agulha? E para quê?
Só aos 25 anos, com a aprendizagem de vários termos técnicos de marinhagem, vim a saber que um camelo é afinal a corda mais grossa de um navio e que serve para a amarração deste, à muralha do cais onde atraca.
Disse corda mais grossa, porém disse mal, pois a esta corda como a todas as outras num navio, se chama cabo, à excepção de meio metro, preso ao badalo da sineta na proa do convés.
Com a revelação de que uma corda muito grossa é um camelo, fizera-se luz na minha cabeça, e ficara esclarecida a figura do camelo na imagem daquela alegoria.
Sim, agora havia lógica e tudo fazia sentido.
Enfim, o tempo que um homem leva a aprender coisas tão simples !...
Também agora na visita pascal, o reverendo pároco, me ensinou que Macário, é derivado da palavra grega Macárius e que significa homem de sorte.
No caso do meu pai, o significado correspondia mesmo à verdade, pois ele era um gigante que tinha e espalhava sorte, por onde quer que passasse.
Devia fazer-se-lhe uma estátua, mas não há na Póvoa pedra com tamanho suficiente, para esculpir um gigante daqueles, e com uma alma ainda maior !...

quinta-feira, abril 19, 2007

A tainha ( por Zé Macário)

Ainda na minha geração, o estuário do Tejo era habitado por uma fauna bastante rica, e não há muitos anos ainda, havia aqui dois golfinhos que exibindo as suas brincadeiras, faziam as delícias dos passageiros dos cacilheiros, e dos turistas que em travessias de e para a outra banda, demandavam o mar da palha. Quer por motivos de morada, quer por motivos profissionais, estes golfinhos tornaram agradáveis muitos, muitos dos meus dias.
Hoje porém, e não obstante a despoluição a que já foi sujeito este estuário, ele é habitado quase só por tainhas – peixe de águas pouco profundas – e que vivem à babugem de todos os resíduos que flutuam no cimo das águas. Lindo, lindo, este peixe!
Ninguém pense porém comê-lo, porque a sua frescura e beleza nos enganam. Seja qual for a forma de o cozinhar, têm sempre um intenso sabor a petróleo, próprio aliás das águas em que só esta espécie consegue sobreviver e multiplicar-se.
Já há bastantes anos atrás, estando a trabalhar a bordo de um navio Japonês, atracado ao cais da Fundição ( Santa Apolónia) observei a cena que a seguir descrevo:
- Tendo uma maré cheia levado grande quantidade de água para dentro dos esgotos da cidade, dois marinheiros daquele navio, colocaram grandes redes num bocal desses esgotos, que na maré vazante, e com o retorno das águas, se encheram, cheiinhas, de tainhas lindas e frescas, capturadas portanto no regresso de uma visita às sanitas de muitos lares da baixa Lisboeta; Foi esta, uma pescaria maior, muito maior do que a tal do São Pedro que nos é relatada pelo evangelho.
Continuavam lindas aquelas tainhas, não obstante a viagem que acabavam de fazer sem qualquer escafandro.
Parece-me que também a degradação ou alteração dos valores reguladores da nossa vida colectiva, estão a empestar de tal forma o ambiente que, a breve trecho só conseguirá sobreviver nele uma espécie sub-humana sem coluna vertebral. Sucedem-se quotidianamente denúncias de pedofilia, de abuso sexual de menores, de corrupção, de tráfico humano, eu sei lá…
Aparecem vulgarmente autarcas e outros políticos e governantes constituídos arguidos por peculato ou outra qualquer forma de apropriação ilícita de fundos…
Há insinuações de grande promiscuidade entre universidades privadas e governantes, usurpação de títulos académicos, leccionação por professores inabilitados para tal…
Tudo isto descredibiliza pessoas e instituições.
Há assaltos a bancos, carrinhas de transportes de valores, gasolineiras etc, e começam a ser já muitas as agressões às autoridades policiais, e assassínios por dá cá aquela palha, ou por meia dúzia de tostões…
Os professores perderam a autoridade e são agredidos fisicamente dia a dia, pelos alunos que, parece serem apoiados muitas vezes pelos próprios pais. As famílias honradas começam a ter dúvidas sobre os valores em que devem educar os seus filhos, para não os sujeitar a viver vassalagens sob malfeitores…
Antigamente os facínoras eram representados na tela, com caras muito feias, desgrenhados e andrajosos.
Se hoje fossem representados, teria de ser por nédios, bonitões, bem enroupados, engravatados e engomados.
Tal como na velhíssima sociedade espartana, à “ pirataria “ tudo é permitido e incentivado, com a única proibição de que não se seja caçado em flagrante.
A justiça é tardia, infuncional ou inexistente e já não há condenação social – mas antes louvores – pelos maus actos de ninguém, considerando-se até irrelevante que um governante seja verdadeiro ou um compulsivo mentiroso.
Vivemos cada vez mais cercados pela ignomínia, e parece que só ela sobreviverá – tal como a tainha – neste meio, cada vez mais putrefacto.
Não me confesso surpreendido porém, pois percebi que poderia vir a ser assim, quando a seguir ao 25 de Abril verifiquei que poderia vir a ter ao leme deste país, a maioria do tempo, uns ociosos auto proclamados antifascistas, alguns filhos de beneficiários do antigo regime, que, - tal como Dom Quixote – encontraram no combate ao fascismo, a razão de ser das suas vidas, tornando-nos a nós, ao longo destes anos, fiéis escudeiros Sanchos Panças.

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Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...