sexta-feira, dezembro 30, 2005

Votos de Bom Ano Novo

este final de 2005, desejo a todos os conterrâneos e suas famílias, votos de um final de ano feliz, e desejos de um 2006, cheio de alegrias, e a concretização de muitos sonhos.
Desejo, também estender estes meus votos, a todas as pessoas da Freguesia. (Juvandes, Arneiros e Lamelas).
Um desejo muito especial, para o Sr. Presidente da Junta.
Que o ano de 2005 termine da melhor maneira, e que o ano de 2006, seja realmente o ano de uma mudança, que se espera concretizadora, nas promessas, que só o foram e nunca passaram disso mesmo. Por isso mesmo, lhe desejo muita e boa saúde, assim como a toda a sua equipa, para que possam realmente realizar o que sabem muito bem os povos precisarem. Para todos um BOM ANO 2006.
Jorge Venancio

quarta-feira, dezembro 28, 2005

É NATAL, É NATAL!!! (por Teresa Paula Costa)

É Natal, É Natal!!Todos parecem anunciar o Natal sem saberem o que realmente simboliza.Paira no ar um ligeiro mau gosto e falta de personalidade.As ruas estão iluminadas, as casas preparam-se para receber talvez... não sei bem, se calhar alguém com falta de orientação!Em todas as casas se vê um gorducho de fato vermelho e barbas brancas a trepar pela chaminé, ou mesmo vários a subir por uma escada de corda em cada varanda de cada bloco de cimento.Há estrelas cintilantes, azuis, vermelhas e verdes, em cada janela, provavelmente compradas numa qualquer loja chinesa, e são muitas por esse país fora, tentando concorrer com a fachada do vizinho, esquecendo que é isso mesmo, apenas "fachada".Também há as mangueiras de todas as cores contornando as janelas, varandas e casas por inteiro, que parecem mais a anunciar o "cabaré da coxa", do que propriamente a chegada do Menino despido. Sim despido, despido de luxúria, de igoísmo, de egocentrismo, do consumismo desenfreado.É verdade, pois é, estou do contra.Não estou muito sensibilizada para este " espírito natalício". Não me apetece nada, mesmo nada, comprar uma prenda porque tem de ser, porque todos compram.Não.É verdade, não consegui. Ainda tentei. Embrenhar-me na multidão de gente que invade os centros comerciais num consumo desmedido, desnecessário e num nervosismo impaciente, com a pessoa que passa à frente na fila para os embrulhos dos presentes, ou com a senhora que ao sair do parque auto, deixou o carro ir a baixo e, quantas mais apitadelas, mais nervosa fica e mais difícil se torna pôr o carro a trabalhar, ou com a rapariga do café, com tanta gente para atender, não repara no senhor que já está há alguns minutos à espera tornando-se mal educado.Pois é. Não estou nada para aí virada. O que eu queria mesmo era passar o Natal na Póvoa!E porquê?! Na Póvoa tudo é mais simples.Com os miúdos enfeitavamos uma pequena árvore de Natal, bem ao gosto deles.Com alguns jornais faríamos o presépio, porque o que é preciso é imaginação e criatividade.Sentavamo-nos à lareira a ouvir o crepitar da lenha e com um pouco de sorte, iríamos brincar na neve que, ao que parece, e as gentes de lá dizem, nós é que a levamos.E à noite?! Acho lindíssimo o nevar à noite.Depois, claro, não podia faltar, assim dita a tradição, as rabanadas e filhoses à moda da família Costa, isto é, assim assim, mais ou menos, com todos a dar palpites e a pôr as mão na massa.E há lá coisa melhor do que ver o sorriso dos miúdos e o brilhozinho nos seus olhos, quando de manhã encontram no seu sapatinho um presente, mesmo que não seja aquele que mais desejassem.Claro que recebem prendas, eu não sou alucinada e sei que vivemos neste mundo. Eles veem televisão, conversam com os amigos e, porque tenho uma visão diferente não me acho no direito de lhes tirar esse prazer, quando eles ainda não têm capacidade de entender.Enfim.Seria o Natal como eu o sinto.Mas este ano não é possível, no entanto desejo a todos os Poveiros de coração um Feliz Natal e Bom Ano Novo e, que em cada tamanquinho surja a realização de um desejo.- Teresa Paula Costa
(20-12-2005 - 12:40:27 PM)

terça-feira, dezembro 20, 2005

BOAS FESTAS







Para todos que nos visitam
e em especial para os
da Póvoa e amigos,
Votos de um
Santo Natal e Próspero Ano Novo

sábado, dezembro 17, 2005

Novo endereço

A partir de agora poderá aceder à pagina através do seguinte endereço:

www.povoavilanovasoutodelrei.pt.la

Brevemente será disponibilizado novo album de fotografias.
Para aceder a estas terá de solicitar uma palavra passe.
Faça-o, clicando em "palavra passe clica aqui"
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quinta-feira, dezembro 15, 2005

Livre Pensamento em brisa leve (por Zé Macário)

Fui criado e educado, como a maioria de vós, com absorção e quase assimilação de uma espécie de ódio aos nossos primeiros pais ( Adão e Eva) por nos terem deixado - por sua desobediência - a maldita carga do pecado original. Querendo ver isto hoje por outra perspectiva, louvo-os por terem dado largas a sua cobiça e, desobedecendo, terem provado o fruto da árvore da vida( árvore do conhecimento do bem e do mal). Como seria monótona a vida no Paraíso Terreal, onde tudo existia e nada era necessário fazer, para obter a felicidade total! Tudo estava feito inventado e criado... Não fora tal desobediência e viriam necessariamente Adão e Eva a ser atacados pelo vírus da abulia, mercê de tanto tédio e fastio. Moldada em material nobre, Eva, frágil criatura (só um catorze avos da caixa torácica de Adão) deveria ser extremamente bela, pois era a primeira, e, portanto, obra prima do Criador.Quem seria então o "morcon" capaz de resistir aos apelos de tanto encanto; tanto mais que também ela deveria andar arrebatada - por idênticas razões - perante a visão do seu "Apolo"? Digam-me, quem seria capaz de resistir?... Pergunto até se, não será a cobiça - em vez de um pecado - um acto de louvor ao Criador? Quem criaria uma obra - prima - para não ser admirada e cobiçada? Não seria mesmo um grave pecado, não louvar o Criador, através da admiração e mesmo, cobiça e prova,da criatura? Não fazendo, nem por sombras, a apologia do furto, acho que a cobiça não é pecado.Pecado será o furto por causa da cobiça... Sei que havia ali (no Eden) uma limitação (proibição) não sabendo no entanto se estariam Adão e Eva avisados de que pairava sobre eles a vigilância do espírito do Criador; parece-me até de muito mau gosto esta ideia coscuvilheira orweliana ou carrilheira - como no caso do olho do Grande Irmão ou das câmaras de vídeo vigilância em Lisboa - de tentar surpreender e filmar pessoas distraidas e descontraidas a coçar o cu ou a tirar cagaitas do nariz. Foram surpreendidos em flagrante e castigados;mas porquê? Meu Deus, Porquê? Sim, são insondáveis os designíos do Senhor, porém, porque haveria o criador de querer privar a criatura, de fruto tão delicioso? Felizmente o Criador reconsiderou e, mandou que Alguém muito valoroso, se apresenta-se perante Si, como fiador e redimisse aquela divida/ofensa.E pronto, tudo está bem quando acaba bem. Sublimando a ideia de pecado original e da sua propagação, verificamos porém que, foi por causa dessa desobediência que hoje somos participantes no acto da criação, e que por isso mesmo, saboreamos em êxtase o manjar dos Deuses. A cobiça, sendo um sentimento subjectivo e secreto, poderá talvez ser incontrolável mas não tem obrigatoriamente de ser um sentimento negativo pois, por actos de sublimação,pode tornar-se num factor activo de progresso. Assim, ao nosso próximo, podemos cobiçar a casa, o carro e até salivar de desejo pela mulher; porém não devemos deixar que a cobiça seja objecto de usurpação,daquilo que é seu por direito próprio, mas antes, movimentar-nos para conseguir dotes iguais ou superiores àqueles. No que respeita à prova da árvore da vida, e que, tantas vezes - embora em momentos muito fugazes - nos faz extasiar, chegar ao céu e provar o tal manjar dos Deuses, podemos sempre, por actos de imaginação - como que por passes de magia - transformar a nossa água - se é que é água - no precioso líquido que imaginamos ser o "vinho" do vizinho; não sabemos mesmo se, quando o nosso par, nos afirma ter gostado imensamente dos nossos diospiros, não estava simplesmente com a imaginação nos pêssegos de outro pomar. Resumindo e concluindo: - Bendito pecado original! Comamos o fruto da árvore da vida e tentemos conservar - tal como Adão - aquele gostinho, na epiglote. Nunca acabem de engolir a maçã, porque assim o gosto dura mais tempo. Comam muita fruta! Sejam felizes! Bom Natal!

segunda-feira, dezembro 12, 2005

Tradição e solidariedade

Como todos sabemos, a matança do porco na nossa terra foi no passado, um ritual, uma tradição de sobrevivência para as famílias que tinham assim as provisões mínimas de carne da salgadeira, banha, unto…assim como pá, presunto e enchidos. Estes últimos produtos eram porém “iguarias” que se guardavam “religiosamente” para presentear amigos, para colocar na mesa às visitas, para “pagar favores” e ainda para comer em família em dias especiais como no Carnaval ou partilhar com familiares vindos de fora.
À matança do porco seguia-se a função, uma refeição saborosíssima constituída por massa com “colada”, e sarrabulho simples ou com açúcar e banha, torresmos arroz de fígado; juntando-se à mesa toda a família.
As pessoas eram humildes, de fracos rendimentos, porém uns mais pobres que outros. Era então que se revelava o carácter solidário daquela gente.
Penso que era um costume na Póvoa, no dia da função distribuir generosamente parte dos alimentos a consumir nessa refeição pelos mais necessitados.
Na casa dos meus pais fazia-se um pote de arroz para nós e outro para dividir por essas pessoas. Após a confecção da comida, enchia-se um prato com tudo o que nessa refeição ia à nossa mesa e levava-se às referidas pessoas. Isto acontecia no Inverno e nem mesmo as gélidas temperaturas, as rajadas de vento ou chuva nos impediam de entregar aquela ceia nos lugares de destino…
Não nos esqueçamos, que, uma ceia assim, podia significar para aquelas famílias a diferença entre deitarem-se com o aconchego de uma boa refeição, ou irem para a cama com um caldo de batatas e couves, ou uma água de unto com umas côdeas de pão duro, que se ia poupando durante a semana; ou mesmo nem comerem mais nada até ao outro dia!
Penso que posso afirmar que na nossa terra há um certo espírito de solidariedade e digo isto porque me lembro que em alturas de maior” aperto” de trabalho: bessadas arranca, cegadas, malhadas…, as pessoas apareciam para ajudar nesses trabalhos do campo.
Para reforçar este princípio moral, que a todos nós nos toca, dou outro exemplo. O Sr. padre Manuel, meu tio, que abdicou de tudo aquilo a que tinha direito por herança, distribuindo esses bens pelos irmãos, pedindo porém que se ajudassem os mais pobres nas suas dificuldades; o que veio a ser feito. Não tendo nós a certeza, pensamos que essa ajuda foi dada em géneros alimentares e agasalhos.
Para terminar esta reflexão, destaco a minha tia Celeste que foi uma profissional competente no ensino tendo leccionado na nossa povoação, e noutras localidades do nosso concelho, e ainda em Angola. Hoje, já reformada, continuando com um espírito dinâmico e entusiasta sendo na minha opinião um ”motor de vida” na nossa pequena aldeia.
Disponibilizando parte do seu tempo, ela dinamiza e dá apoio aos rituais religiosos na nossa capela nos cânticos nas leituras… contribuindo assim para se manter a dignidade que esses momentos requerem. Ultimamente tem tido uma acção humanitária com pessoas idosas doentes, deslocando-se ao respectivo domicílio, dando apoio e orientando tarefas que visem melhorar o conforto desses doentes.
Há muitas formas de se ser solidário!...
E temos sem dúvida na terra quem nos dê o exemplo.

Celeste Gonçalinho Oliveira Duarte

sexta-feira, dezembro 09, 2005

Malhadas do cereal em eiras de terra.

A debulha dos cereais na Póvoa de Lamego até aos anos 50, era feita por homens, em eiras de pedra ou de terra e chamavam-se malhadas.

Vou fazer a descrição, do processo de preparação para as malhadas duma eira de terra:
Tomem atenção nos pormenores que ela encerra.

Havia uma no cimo do povo,
outra no fundo
e fazê-las,
não era nada de outro mundo!

A do cimo,
chamava-se eira dos Rijos,
a do fundo, era eira do Pinheiro,
esta última, era quase do povo inteiro!

O terreno era plano,
de terra bem calcada,
arranjar matéria prima,
não custava mesmo nada!

Logo ao amanhecer,
as vacas iam para o pasto,
o excremento delas nas ruas,
era mesmo muito basto!

E lá íamos nós,
de balde na mão,
apanhar a bosta,
sem nenhuma hesitação!

Repetíamos esta tarefa várias manhãs,
não era brincadeira,
pois era preciso muita bosta,
para fazer uma eira!

A pequenada ficava contente,
de ver os montes de bosta no chão,
e os homens de pés descalços,
pisavam-na com animação!

Iam juntando água,
para a massa ficar fina e maleável
e se querem saber; tinha um aroma agradável!

Tinham uns utensílios de madeira chamados rodos,
com eles apanhavam e alisavam a massa,
para espanto de todos!

A bosta era bem dividida pelo terreno
e todos se reviam na obra feita,
com os derivados da erva e do feno!

Depois da massa espalhada,
na eira não se podia por pé,
por cada pegada deixada,
os artífices faziam banzé!

Brincar nessa eira, era caso arrumado!
pois era necessário, ficar bem seca,
para o cereal lá ser malhado!

Ficava muito dura,
que durante todo o dia,
os malhadores, bem podiam bater forte com os manguais,
que a obra não fendia!

Findas as malhadas,
a eira não ficava abandonada à solidão,
faziam nela os bailaricos
próprios da ocasião!

Sinto saudades,
ao recordar o passado,
mas é bom trabalhar,
mesmo que seja necessário as mãos sujar!

Venham visitar a Póvoa
que tem muito para ver,
seja em dia de festa
ou em dia de laser.

Lucília Alves

quinta-feira, dezembro 08, 2005

Recordações por (Zé Macário)



C'um damonho!!... Era mesmo o mafarrico, aquele Ti Zé Diabo! Que se soubesse, nunca praticara qualquer culto, nunca fora à missa nunca fora bafejado-assim se pensava na aldeia - pelo espírito do bem. Quando metade do lavradio, por questões de pousio e pastoreio, passava a uma espécie de baldio comunitário, o Ti Zé Diabo recusava que nesse "baldio" fossem incluídas as suas leiras. Para tanto, sinalizava-as amontoando-as com pequenos montículos de terra, tornando-se assim o terror dos pastores que, tinham de tomar todos os cuidados para não sofrerem coimas, pelo facto de deixarem que alguma das suas rezes pisassem aquelas terras.Nunca aquela personagem fora muito fução no trabalho, porém, em família, parecia ser um santo homem. A sua esposa parecia uma fidalga, e as suas filhas gozavam de extrema liberdade.Matava porco e fazia "função"...Era engenhocas, inventor e tinha uma forja. Dizia-se que em tempos, fabricara moeda - de tostão- mas, que, cedo fora descoberto e terminara tal actividade. Inventara uma máquina de "abufar" à lareira - coisa rara!- para que a família não sofresse queimaduras pela aproximação às chamas. No princípio da década de 50 inventou uma máquina de fazer electricidade aproveitando a energia eólica.P'orriba da minha casa, na varanda da sua casa, plantou um pinheiro alto, encimado por uma ventoinha constituída por duas pás de lata - construção sua - com cerca de um metro cada; fez umas ligações a um velho dínamo - que alguém lhe trouxera da sucata - e deste, à sua casa, onde já houvera feito uma instalação eléctrica constituída por interruptores, tomadas e suportes de madeira - tudo de seu fabrico. Nunca obtivera a energia que ambicionava mas, durante dois anos, estorvou o sono dos vizinhos com o "basqueiro" daquela geringonça altaneira e irritante. Bem olhavam estes, lá p'arriba, com vontade de lhe escangalhar a maquineta, porém, ela estava instalada em propriedade sua, e na altura era desconhecida qualquer lei do ruído. Inventara mais tarde um moinho movido a energia "alcínica" e que viera a ter um final igual aos inventos anteriores.Pois bem, este homem, quando passava por mim, sendo eu garoto, passava-me a mão na cabeça e tinha para comigo sempre alguma demonstração afectiva - coisa rara nesses tempos, em que, nem os próprios pais podiam demonstrar afecto pelos filhos, pois, sendo preciso dar-lhes a "criação", era suposto falar com eles, sempre em gritaria ameaçadora e autoritária.Andava eu na escola primária, e, este homem, sem que eu lhe pedisse, fez-me um pião, com ferrão de encaixe - um luxo de pião e terror dos outros piões. Criamos amizade e ao longo da vida fez-me gratuitamente vários utensílios, tais como sachos e engaços. Dos brinquedos de garoto lembro-me de me fazer "baleiros" e principalmente um arco e flecha, que guardei religiosamente e que anos mais tarde serviu para acertar no cu, despido, do meu irmão mais novo, como castigo de uma qualquer patifaria.O homem de que vos falo, arrastou um pouco penosamente a sua velhice pelas ruas da aldeia, tendo sempre contado com a minha simpatia e, muitas vezes saldei as suas contas quando era a ele que competia pagar o petisco ou mais uma rodada de vinho para que fosse aceite inter pares, velhos da mesma idade.Tivera também um filho varão - muito esperto - que viera a ficar maneta, por motivo de acidente e viera a ser meu "professor" e de quem também, muito grato, guardo boas recordações. Seguindo a prática de seu pai, não era também muito de assistir a serviços religiosos, porém, e ao contrário daquele, muito diligente e trabalhador. Era no entanto dele a grafonola, de corda, que, pelos idos do final da segunda guerra mundial animava todos os bailaricos de fim-de-semana na eira dos Rijos.Deixem só que vos lembre mais um pequeno episódio:- Estamos em fins da década de 50 e processam-se em Arneirós uma série de oito ou quinze dias de sermões, protagonizados por três padres redentoristas vindos propositadamente do Porto. Dos púlpitos, estes padres pregavam assustadoramente o fim do mundo e a condenação eterna, vendendo ao mesmo tempo a salvação a quem lhes comprasse uns escapulários pretos, medalhas, pagelas e jaculatórias, todas carregadas de indulgências. Ninguém, absolutamente ninguém ficou indiferente a tal pregação. De tal forma foi importante que, até o maneta foi assistir a um dos últimos sermões.Comentava-se depois na aldeia, de forma admirada que os sermões haviam sido tão importantes que até tinham operado um milagre da conversão do maneta; pois até o maneta tivera receio de ir p'ro maneta sob ameaça castigadora daqueles aterradores sermões, com cenários ultradantescos. Porém, ao maneta, não conseguiram vender nenhum escapulário salvador, pagela, medalha ou jaculatória, e, que eu saiba, o maneta nunca foi condenado e acredito que há-de salvar-se como todos os outros. E aqui para nós, ele bem merece. Ele era, e é, também um Homem Bom. E que dizer, daquela gracinha de graça, a Tia Graça, que, de graça, tanto com ele engraçou??
Quinta-feira, 08 Dezembro, 2005

quinta-feira, dezembro 01, 2005

História da Póvoa (por Celeste Venâncio




Uma vez que a Póvoa está a acordar do seu sono hibernal, é bom que se saiba também alguma coisa sobre a sua história.
Situada no sopé do monte de Ufe, a Póvoa é uma pequena aldeia pertencente à freguesia de Vila Nova do Souto d’El-Rei, concelho de Lamego.
Por aqui, assim como em toda a freguesia, deixaram marcas vários povos antigos: Lusitanos, Celtas, Romanos, Suevos Visigodos e Muçulmanos.
A atestar o domínio dos Suevos e Visigodos (povos germanos) está, entre muitos outros, o nome precisamente pelo qual é designada o núcleo primitivo que deu origem à freguesia: Uma “Vila” ou propriedade rústica pertencente a um tal Maddo – vila Maddonis, nome germânico latinizado, que aparece já em documentos do sec. VII ou VI .
Nome de origem germânica (suevo-visigótica) é também o do monte de Ufe, situado a sul da nossa Póvoa. Segundo uma lenda popular, aqui teria morrido em combate um “mouro” com esse nome. Que “mouro” não podia ser, pois é muitos séculos anterior. Quando muito seria um guerreiro suevo ou visigodo de nome Wulf, morto possivelmente em luta contra os romanos. Mas também pode ser que o nome designe um sitio povoado de lobos – Wolf quer dizer lobo.
Mas a confirmar a passagem dos Mouros, por este lugar, temos o berço da moura, onde dizem ela ter embalado o seu baby, assim como o famoso moinho, onde ela moía os grãos de centeio que naquela zona cultivava, para seu sustento. (isto é apenas um aparte. Mas que aquele sitio vai ser provavelmente local de curiosidade, e nascimento de outras "estórias", isso vai)
Todos os lugares que hoje fazem parte da freguesia de Vila Nova do Souto d’El-Rei, excepto o de Lamelas que nessa altura fazia parte da freguesia de Penude, pertenciam no sec XII à Sé de Lamego.
Junto com o nome de Ajuvandes, aparece em documentos do sec.XIII o nome de Santa Cruz. Nome este de uma ermida com esta invocação, certamente anterior ao sec. XII, ao pé da qual se viria a formar uma pobra, quer dizer um “pequeno povo”, com esse mesmo nome de Santa Cruz, mas que posteriormente é chamado Póvoa. Esta ermida deve ter existido no mesmo sitio onde está hoje a capela da Póvoa (do sec XVII) no lugar ainda hoje conhecido por Santa Cruz.
Não obstante a aparente insignificância da actual capela da Póvoa – “ermida de Santa Cruz” ela gozava na Idade Média de uma certa aura e importância. O que se pode deduzir do facto de o bispo de Lamego, D. Gonçalo ter doado, em 1418, umas casas ao cabido da Sé, para este ir todos os anos à dita capela celebrar as festas da Invenção e Exaltação da Santa Cruz (3 de Maio e 14 de Setembro). Costume este que se manteve até ao fim do sec.XIX. Nestes dias segundo dizem os antigos, era costume irem em procissão desde a dita capela até ao cimo do monte de Ufe (até ao picoto).
Das “Inquisições” de D. Afonso III (1258) se deduz que a maior parte das terras de Santa Cruz (Póvoa) eram “reguengas”, quer dizer, do senhorio do rei e andavam aforadas a certas “fogueiras” de Lamego e seu termo. Diziam-se “fogueiras” grandes casais cujos proprietários (ditos cabeceies ou cabeças de fogueira) eram obrigados a pagar ao rei ou ao senhor da terra determinado foro, geralmente em géneros.
A capela de Santa Cruz - hoje de Nª Sº do Pranto - no lugar da Póvoa (do sec.XVII) possui um belíssimo retábulo barroco, em talha dourada (mas da qual o douramento desapareceu quase por completo).
Na Póvoa, no sitio das Ribas, assente sobre um enorme penedo, ergue-se o chamado “Cruzeiro dos Centenário”, levantado em 1940, por ocasião do terceiro centenário da fundação e independência de Portugal. (Faz hoje precisamente 365 anos)
A população, gente simples, humilde e hospitaleira, vivia da agricultura e criação de gado. Hoje não temos quem trabalhe as terras; as pessoas estão velhas e cansadas e os novos vão procurando outros lugares onde a vida lhes sorria e lhes proporcione melhores condições.
No entanto, estes últimos anos, tem-se notado algum progresso. Já se construíram algumas casas novas e outras foram reconstruídas, sinal que “os bons filhos à casa voltam”.
É bom que outros sigam estes exemplos. E tu, se andas stressado e precisas de descanso, vem até esta pequena aldeia gozar da sua paz e sossego, beneficiando ainda do seu ar puro e das suas águas refrescantes.

Recordações (por Zé Macário)

Subiu ao Calvário, entrou na tumba, jaz morta e arrefecida, no sopé do monte Dufe, a caminheta do Ti Setenta. Como eu me lembro daquela caminheta a gasolina que carregaria, talvez cerca de cinco toneladas, adquirida em segunda mão já muito velhinha, pelo Ti Setenta, em sociedade com o seu genro! Mereceria ainda agora ser descoberta no seu túmulo, pelos arqueólogos, reconstituída e, erigida à categoria de monumento nacional, tais foram os momentos de prazer e glória que tal carro proporcionou às nossas infâncias. Ali, no Calvário, sopé do monte, éramos donos do mundo que imaginávamos grande, ao volante daquele carro, em que, parados fazíamos as maiores viagens sem sair dum sítio, e também as maiores patifarias, dignas de crónica de bons malandros. Enquanto "vivera", aquela caminheta e tendo por donos aquela dupla, nunca teve no seu estômago combustível para mais de cinco quilómetros. Quando lhe faltava a força do combustível, deslocava-se o genro à aldeia mais próxima afim de conseguir que umas juntas de bois deslocassem aquele carro até à bomba de gasolina mais próxima. Encantava-nos ver a zanga quase diária entre aqueles dois sócios pela falta de gasolina, ao ponto de, no calor duma dessas zangas, o sogro ter botado uma "bitcha" (lombriga) pelo nariz, tal fora o estado de nervos do pobre homem. Não havia no entanto zangas que não se acalmassem facilmente afogadas em dois copos de vinho tinto, ainda que, uma zurrapa de Meijinhos. Do genro - que homenageio como a melhor pessoa do mundo - lembro, que este homem mais tarde, já a viver em Lisboa como simples ajudante de motorista, arranjava aqui emprego para todos os conterrâneos que para tal se lhe dirigiam, em tempo de grandes necessidades. Recordo com algum remorso quando ainda na Póvoa, um dia, à tardinha, eu, escondido no cedro do cemitério, fazendo gemidos de alma do outro mundo, o obriguei a fugir do trabalho na Tapada do Cão, para casa, arrepiado de medo. Nunca este homem se esqueceu disto, até ao fim da sua vida; e sempre que se encontrava comigo em Lisboa - e era muito frequente - apresentava-me aos colegas, com toda a graça, como o homem que em miúdo lhe havia feito borrar as calças em nome das almas do além. Povoa também ainda as minhas memórias, o pai deste homem, que ainda conheci, já velho ancião, e que personificava em si só, o "CONSELHO DOS HOMENS BONS" no tempo em que na Póvoa habitava ainda muita gente. Sempre que havia dúvidas sobre a passagem de um caminho, de um rego, ou da propriedade do dia de uma água, toda a gente se submetia à sentença lúcida daquele sábio, de nome Manuel Luís, que mantinha na ordem aquele povo, pela força da sua palavra e da sua honra. Nas suas sentenças, conselhos, ou simples sugestões - não sei bem - começava assim: - Oh Rapazes!...- Fazia uma pausa. Apelava à sua remota memória empírica e, continuava: - Tal tal, tal tal, tal tal,...- Estava ditada a sentença e toda a gente se submetia, sem mais discussões alegre e contente por seguir o caminho da "dreitura".Do Ti Setenta - que era um self made man - retêm-se as mais engraçadas memórias:- Teria sido chaufeur de fidalgas e marquesas e teria corrido mundo; fora acompanhante de circos, eu sei lá!...Fazia espectáculo onde quer que se encontrasse, quer em truques de cartas, que nos deixavam boquiabertos, quer em malabarismos vários, em que se destacavam ser capaz de "roubar" as cuecas ou a camisa a qualquer um que estivesse distraído, ainda que com as calças ou o casaco vestidos, e sem que estas peças se deslocassem. Era exímio a fazer aparecer e desaparecer bolas, e , nas cartas, ninguém o batia no jogo da vermelhinha. Em tempos idos, fora caçador. E eram de graça tamanha os diálogos que mantinha com o seu pequeno cão, de nome Ribolim.Quando via uma lura (toca), chamava o cão assim: - Ribolim!...Bôtcho, bôtcho, bôtcho!...Tcheira aqui nesta lura e vê se está aqui coelho?! - O cão, pequenino, amarelo com uma malha branca por baixo do pescoço, era também ele um malabarista. Como nós nos empolgávamos mutuamente a imitar estes diálogos e estas vivências.

Quinta-feira, 01 Dezembro, 2005

Povoa já tem página na net

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A todos os que têm contribuído com textos para o blog (e tem sido muita gente), o nosso muito obrigado

segunda-feira, novembro 28, 2005

A memória de antigos Invernos

Naqueles dias
e noites frias,
dias de Inverno
diferentes dos restantes do ano,
com o vento a soprar,
parecendo tudo arrebatar
e a assobiar lá fora
quase a toda a hora;
num enorme rodopio
tantas vezes a gente viu!...
A chuva nas vidraças a bater,
e nós dentro de casa a ver
grandes poças no chão formava
e a miudagem que nelas chapinhava;
assim como a neve
que do céu caía leve
tão branca e bela
que nada mais se comparava a ela;
cobrindo hortas e telhados
uns dos outros pouco afastados,
onde deles nem um palmo se via
à noite ou durante o dia.
Nos seus beirais, “círios” pendentes
esculturas surpreendentes
de completa transparência,
que a criançada encantava
e logo o sabor experimentava;
coisa própria da inocência.
Tapados de branco manto, os palheiros,
piscos e pardais eram os primeiros
na neve a esgaravatar,
para na palha debicar
um ou outro grão
que lhes servisse de refeição,
misturando-se o castanho e o branco
num espectáculo de incomparável encanto
de tão grande beleza,
só possível ser criado pela mãe Natureza!
As giestas e pinheiros,
couves tronchas e castanheiros;
tudo pela neve derrubado
só para o Inverno mostrar
que todos vão admirar,
o seu toque improvisado
misterioso e requintado.
Com temperatura tal
até nem fazia mal,
pois assim sobrava tempo
para se ter algum alento
à volta do lume,
sendo em alguns casos costume,
a lenha ir buscar à eira,
para na cozinha se fazer boa fogueira,
que, o corpo aquecia
e os alimentos dos potes cozia
preparando-se comida reconfortante e suficiente
que chegasse para toda a gente!...
Eram dias calmos
em que por vezes da bíblia se liam salmos
as mulheres remendavam roupa ou faziam meia.
Tudo isto e muito mais acontecia
numa ordenada sintonia
na minha querida aldeia!...


Alda Cristina Gonçalinho de Oliveira Morais

domingo, novembro 27, 2005

O Magusto (por Juiz de Direito Sr. Zé Macário)


Estas fotografias foram alteradas em relação aos originais


O Magusto
Zé Macário, Juíz de direito em 2005/2006 do julgado de Paz e Harmona da " Comarca" da Póvoa de Vila Nova de El-Rei, venho publicamente agradecer a comparência e participação dos Poveiros e demais convidados no magusto realizado no dia trinta de Outubro no dito lugar da Póvoa.Entendo-a como uma festa muito bonita, exactamente porque muito participativa, não obstante o terrível mau tempo que se fez sentir.Para além da presença da nova Junta de Freguesia, presidida pelo Sr. Carlos Fernandes que muito nos honrou e pensamos augurar um óptimo relacionamento, agradecemos a animação proporcionada gratuitamente pelo conjunto de acordeões e guitarras que ofereceram a todos, óptimos momentos de baile e são convívio. de louvar também é o meritório trabalho (e seu resultado ) da Sra. D. Irene que , nos deliciou com suas maravilhosas bolas e bem assim a Sra.Hermínia Gonçalinho, também com suas bolas e caldo verde, penso eu de que, de sociedade com a D. Celeste e Zé Maria Venâncio.Não faltou a boa pinga, oferecida pelo Sr. alguém.Do assamento das castanhas e das fêveras, oferecidas também pelos Srs alguéns, encarregaram-se o Sr. Manuel da Costa ( Neca para os amigos ) e o Sr. Aníbal Faria, este último, um filho adoptivo da terra e que também - e com sua família - já adoptou a terra.Ficam eventualmente fora dos nossos agradecimentos personalizados, várias outras pessoas, por manifesta falta de lembrança, deixando no entanto para todos o nosso muito, muito obrigado e o desejo de que muitos outros momentos destes se repitam muitas vezes.O juíz dá-se assim por muito contente com este primeiro julgado de paz, por sentir ter ditado uma sentença satisfatória para todos os contendores e não ter exagerado nas custas do tribunal. A todos, muito obrigado e até breve.
Sexta-feira, 25 Novembro, 2005

quarta-feira, novembro 23, 2005

Souto amigo

Para do belo souto da Póvoa se falar,
a antigos factos é necessário recuar
e assim se entender,
a importância desse lugar
na subsistência daquele povo;
que da castanha seca o pão fazia,
para comer no dia-a-dia.

Era o tempo de reis e cruzados
homens robustos e determinados,
que, levados pela emoção
desenvolviam a sua acção,
empreendendo aventuras e guerras
na conquista de novas terras,
pelos reinos se dispersando
e a fé em Jesus Cristo divulgando.

Ora, estando El-Rei de Leão em seus pensamentos
de levar a cabo seus intentos,
de os Muçulmanos expulsar
e o seu reino alargar
o mais que pudesse ser;
ao longe vê aparecer
nobre cavaleiro ou cruzado
de outro reino distante ali chegado.

O homem para ele avança
era um cruzado vindo de França,
que estas palavras ao rei dizia
de ao seu serviço se colocar,
só para ter a gloria de um dia;
a fé poder espalhar
dos mouros combater,
e a mão de D. Teresa lhe conceder
para em seguida a desposar.

El-Rei ouvindo-o serenamente
lhe responde em tom prudente:
- minha filha te darei
assim nisso eu pense
e conde te farei
do condado portucalense
de verdes campos e montes
e de água fresca que jorra das fontes.

E logo o rei manda anunciar
no seu reino a toda a gente,
que rejubile e fique contente,
porque Teresa vai casar
e contra tal ninguém se oponha,
pois o noivo é Henrique de Borgonha.

O casamento estava consumado
e um único filho nascido,
que a Egas Moniz foi confiado
para em terras do Sul do Douro ser educado;
ficando na historia conhecido
pelas lutas que contra os muçulmanos travou
e pela independência de Portugal que conquistou.

Numa certa ocasião
estava-se em pleno verão,
quando naquela terra passou
casualmente D. Teresa
e tristemente constatou
que o povo da Póvoa vivia mal
numa pobreza tal,
que nem pão tinha à mesa.

Comovida ordenou
e logo escrito ficou,
que dela era só a lenha
e do povo a castanha,
pois muito desta precisava
para o pão que o alimentava.

Séculos passaram
sobre as coisas que não mudaram;
quando em certo dia
uma desgraça sobre essa gente caía,
pois aquele souto tão estimado
o povo observava preocupado,
ia secando estranhamente
sem qualquer razão aparente!

Então cheio de fé
se junta à gente doutros povos: Juvandes e Melcões
prometendo ir à Lapa a pé
aí rezar suas orações,
se nossa senhora lhe valesse
e os castanheiros protegesse
pois não havia memória
de tão terrível história!

A promessa se cumpriu
e de novo o verde se viu,
nos castanheiros sem idade
que eram da Póvoa vaidade,
pois frondosos como eram
muita castanha dariam e deram,
para dela se fazer
o saboroso pão para comer.

A tradição ainda hoje se mantém
e não há nestes povos ninguém,
que fique indiferente
a perder tal romaria,
de tantas outras diferente
para tal sempre se nomeou um juiz
pois assim o povo o quis!

A ele várias responsabilidades cabem e cabiam:
a de a romaria organizar
e abundante merenda preparar,
tudo para que àqueles que iam
nesse dia nada faltasse
pois mais valia que sobrasse;
sendo também sua obrigação
à Senhora da Lapa rezar com devoção.

A merenda sempre apetitosa
muito farta e gostosa:
um cesto cheio de fritas
loiras saborosas e bonitas
vinho e outras bebidas,
para tornar mais divertidas
aquelas horas de romaria,
que, no ano uma só vez se fazia.

Aquele souto antigo
que de tantos foi amigo,
fica mesmo em frente
de quem pela estrada da Póvoa entre,
como de um cenário se tratasse
e a uma peça de Gil Vicente se ajustasse,
cumprindo assim o seu destino
que lhe traçaram em pequenino.

Por fim um apelo faço
olhemos com respeito aquele espaço,
que se falar soubesse
e o mais velho castanheiro pudesse,
muitas histórias contaria
de amor, por certo, alguma seria;
de alegria, tristeza ou pobreza
disso ninguém duvida com certeza.

Celeste Gonçalinho de Oliveira Duarte, 23 de Novembro de 2005

segunda-feira, novembro 21, 2005

O magusto na Póvoa





Estas fotos foram alteradas em relação aos originais



Até ao dia do magusto certamente alguns de nós andaram a contar os dias para nos reencontrarmos, para nos divertirmos e alegremente confraternizarmos. Penso que foi a primeira vez que se organizou um magusto comunitário, o que trazia
para nós, a comissão, algumas preocupações. Assim, não admira que ao aproximar-se essa data, estivéssemos um tanto ansiosos, devido às expectativas que tínhamos em relação ao mesmo para além de que estávamos com outro problema; S. Pedro parecia não estar a colaborar connosco. Eu própria estava com algum receio que as coisas corressem mal, mas felizmente constatou-se para agrado de todos nós, que apesar do tempo que se fez sentir conseguimos “dar a volta ao texto” e embora tivesse havido a necessidade de alterar o local inicialmente pensado e divulgado para a realização do referido magusto, tudo correu bastante bem.
O dia começou com grande euforia; enquanto o “Zé Macário” preparava os molhos de giestas para aquecer o forno, sua esposa e a tia Irene preparavam as carnes e tendiam a farinha para as bolas. Eu também fui ajudando como podia na confecção das bolas. E já agora para fazer crescer água na boca a quem não esteve neste magusto, o que digo é que não sabem o que perderam, porque estavam saborosíssimas e deram para toda a gente comer à vontade.
Sem se apagar o lume ao forno, começámos a assar as castanhas por volta das quinze horas, enquanto algumas pessoas iam chegando bem dispostas para o convívio. Para além das castanhas fizeram-se febras e caldo verde à maneira antiga ou seja no pote, nisto ajudou a tia Celeste a Adriana e a minha mãe. O garrafão do vinho, também esteve na mesa.
Para além das pessoas atrás referidas tivemos o apoio de outras pessoas.
As concertinas alegraram e animaram ambiente e puseram toda a gente a dançar e a cantar. O espaço começava a ser pequeno para as pessoas que ali se foram juntando. Quem também quis estar presente no nosso magusto, foi o Sr. Presidente da Junta da nossa freguesia, que se envolveu como nós na alegre diversão.
A festa continuou pela tarde fora com toda a gente a dançar até cerca das vinte horas. Para terminar o dia em festa, seguimos povo fora até ao café do Rui e da Adriana para desfrutar de um saboroso café.
Foi dia de grande alegria, gostaria muito que se voltasse a repetir para o ano e já agora, com a presença ainda de mais pessoas se possível.
Um muito obrigado a todos e vamos repetir porque foi fantástico!

Herminia Gonçalinho

quinta-feira, novembro 17, 2005

Um reconhecimento sentido

Quantos de nós passámos parte da nossa infância na extinta escola da Póvoa, na altura “Posto Escolar Misto da Póvoa”, dando dores de cabeça e fazendo aquelas maldades inocentes próprias da infância, à nossa professora, a tia Lucília?!... E quantos anos passaram já sobre a data do nosso aparatoso exame de 4ª classe, em que nos saiamos tão bem ou melhor que muitos alunos de outras escolas?!..porém, para se chegar a estes resultados foi necessário dedicação e empenho de quem tinha a responsabilidade pelas nossas aprendizagens. Crianças como éramos, o que queríamos era brincar e em casa, poucos podiam contar com o apoio dos pais, já que muitos deles não tiveram o privilégio de ir à escola. A vida naquele tempo era particularmente difícil para todos: a pobreza era uma constante naquele meio, logo a instrução não se considerava uma prioridade; pelo contrário, era preciso trabalhar duramente para aguentar o escasso rendimento familiar. Com esta mentalidade é fácil perceber a razão da falta de envolvimento/apoio dos nossos pais na nossa progressão escolar.
Tenho presente na minha memória aqueles dias de preparação exaustiva para o exame que se aproximava: os fins de tarde que por vezes se prolongavam até depois da ceia, passados em sua casa, na cozinha e à sua volta; como uma ninhada de pintos sob a protecção da mãe galinha!...
Ali estávamos concentrados nas contas, nos problemas, na leitura que tinha de ser corrente e expressiva, na História de Portugal repetida de “cabo a rabo” da 1ª à 4ª dinastias, sem esquecer as Ciências e a Geografia, nesta última rios, serras, províncias, linhas férreas etc., tudo bem sabido. E tudo isto porque segundo ela ainda hoje diz, sempre valorizou o saber. Além disso, ver os seus alunos regressar do exame com um sorriso” de orelha a orelha” inchados de orgulho, dava-lhe uma alegria imensa.
Não esqueci também o trabalho que teve a ensinar-nos nas aulas, numa escola sem o mínimo de condições como todos sabemos.
E agora pergunto eu: será que algum de nós, os seus antigos alunos, ao cruzar-se com ela nos caminhos da nossa terra, se lembrou que tinha uma divida para com ela? Uma dívida que afinal custa tão pouco a liquidar, se não o fizemos, façamo-lo agora, porque basta muito simplesmente dizer-lhe obrigada (o).

Celeste Gonçalinho de Oliveira Duarte, 17 de Novembro de 2005

segunda-feira, novembro 14, 2005

Rimas ao berço da moura


No tempo da formação
da nossa nacionalidade
não era de certeza,
uma grande novidade
o amor de um rei
por uma jovem princesa.

Oriana era seu nome
Mas o mesmo não se tome
Como sendo duma fada,
Muito menos de desvirtuada
Sem dotes nem feição
Sem virtude nem razão.

Fugindo à persseguição
Com motivo?!...com razão?!...
A jovem encontra abrigo
Num campo semeado de trigo
E transgredindo a lei
Ali fica no lugar de Souto D’El – Rei.

A história que vou contar
não é pura imaginação,
é baseada no falar,
de quem não querendo inventar
ma contou com emoção.

Era uma jovem moura,
e um rei; esse era Cristão,
de tal forma a ela se a afeiçoa
que seu amor por ela aperfeiçoa,
dando fruto a proibida relação.

Até que em certo dia
se levanta grande alvoroço,
junto à Ermida da Santa Cruz
uma menina é dada à luz,
filha do rei ainda moço.

O rei, com isso não contava,
dizendo ser filha de um forasteiro
pé rapado e sem dinheiro,
ou talvez de um cavaleiro
posto depois com outros em debandada.

Ignorando o seu amor pela moura
e temendo no reino grande embrulhada,
ordenou-lhe então o rei
imediata retirada.

O povo enfurecido
por tal acto do monarca,
levanta-se em desenfreado ruído.
E em cortes se regista em acta:
a princesa é Cristã,
não queremos que ela parta!

O rei, desvairado
talvez mesmo assustado,
com voz grave ameaça
toda aquela populaça:

- Quem ao diabo se vender,
ou tiver tal ousadia
da princesa defender,
pode desde já pensar,
que ao inferno o mandarei lançar
e nós, os outros, faremos folia.

Então toda aquela gente
se vira para ele de repente
e sem se fazer esperar,
de novo monarca vai enfrentar:

- Vossa Majestade isso não diga
pois tal não nos faz diferença;
comeremos, beberemos até encher a barriga
sem nisso mais pensar;
ou tal coisa julgar,é assim que a gente pensa.

Com tal determinação
do povo ou (raia miúda),
não restava ao rei solução,
que não fosse aceitar a filha.
Impondo porém uma condição,
e logo dali se põe em fuga.

A moura, mulher se princípios
rejeita qualquer negociação,
dizendo que o amor não tem preço,
nem se prende a artifícios
e deitando a pequena no berço
pede ao povo protecção.

Seguiu-se grande discussão
com todos ali envolvidos,
para o topo do planalto seguiram
e ali mesmo construíram
um palácio de feição!

As paredes de granito duro
e pedras a servir de colchão,
um palácio pobre mas seguro
para quem esteve em apuro
e não mais tem ilusão!

Do palácio apenas restam,
penedos e pedras lendárias
e ainda histórias várias,
de quem um dia lá passou
e tão fascinado ficou
que sempre ali voltou.

Nas crianças fica a memória,
da sua verdadeira história
daquele lugar de magia
de em tais pedras se baloiçar,
como quem está a sonhar
ser rei ou princesa por um dia.

E se o rei os penedos visitasse
e por encanto encontrasse
a mesma moura de outrora,
seria naquela hora,
que com ela casaria
e a felicidade de ambos voltaria!

Eu cá por mim digo:
aquele lugar é imponente!
E ficaria muito contente,
se na realidade soubesse um dia
que quem noutro tempo ali vivia,
era gente como nós,
como os nossos pais e nossos avós!...

05/11/05 Celeste Gonçalinho de Oliveira Duarte

sexta-feira, novembro 11, 2005

Rimas à Póvoa

É sobre a Póvoa,
que vou versejar.
Onde passo as minhas férias
e gostava de morar.

Tem festa em Agosto,
que já foi tradicional.
São uns dias de folia e prazer,
para levantar o astral.

As concertinas tocam no povo,
a gente dança em redor.
É dia de festa na Póvoa
e não há festa maior.

Nossa Senhora do Pranto,
que está na nossa capela.
É a padroeira da Póvoa
e é a Santa mais bela.

Saindo da rocha dura,
escondida no nosso monte.
Sai fio de água pura,
que circula até a fonte.

Na Póvoa há belas castanhas,
que são muito saborosas.
Quando cozidas e assadas.
Ai que bom! Mas que gostosas!

Depois do almoço,
é hora de distracção.
Ir ao café do Rui,
é uma boa opção.

Amar a Póvoa.
É ter uma amiga no coração,
ajudar a desenvolvê-la.
É a nossa obrigação.

Com tanta coisa a fazer
e mil coisas a lembrar.
Faça sobrar um tempinho
para a Póvoa visitar.


Alzira Gonçalinho, 6 de Novembro, de 2005

quarta-feira, novembro 02, 2005

Testemunho de uma personalidade...

Aquela silhueta de homem alto e magro, de vestes negras e de imponente aspecto, que percorria a passos rápidos os tortuosos caminhos da nossa terra é a personagem da qual vou contar um episódio curioso.
Jamais pensei na minha adolescência ou na juventude que aquele homem de ar solene e postura intelectual, de óculos redondos e pequenos pendendo quase, a meio da cana do nariz, de máquina fotográfica suspensa num dos seus ombros, fosse talvez, um dos maiores valores da nossa aldeia.
Trata-se do senhor padre Tomás.
Foi professor no austero Mosteiro da Ordem dos Beneditinos em Singeverga, onde reparou para a vida monástica alguns monges.
Recusando-se limitar a sua actividade de docente a uma condição medíocre, era frequentemente exigente, estimulava e incentivava os alunos na progressão e formação pessoal e académica, bem como em outras práticas do desenvolvimento intelectual, valorizando as capacidades dos jovens estudantes.
As afirmações que acabo de proferir, baseiam-se no relato de uma experiência vivida e contada na 1º pessoa, de um antigo aluno seu e por coincidência o mesmo veio a ser meu aluno também na Universidade Sénior, no passado ano lectivo em Gouveia, quando ali cumpria serviço docente na Escola Secundária daquela cidade.
É uma história singular, que me deixou perplexa, orgulhosa e muito honrada.
O já referido aluno, um reformado chefe dos correios é actualmente um aguarelista e desenhador de reconhecido valor como artista naquela terra . O seu nome é Fernando Pereira Gonçalves, conhecido no meio beneditino no ano de 1959, como Frei Urbano ou Fernando Chaves, por ser natural da cidade de Chaves ; na primeira 1ª aula após ter-me apresentado, perguntou-me se não havia na minha família um padre com o nome de Tomás Gonçalinho. Estava longe da Terra, por isso seria pouco provável encontrar ali alguém do relacionamento dos meus familiares. Assim, fiquei estupefacta com tal pergunta e dei por mim a repetir mentalmente a frase: “O mundo é pequeno, muito pequeno!...”.
Meia encavacada ainda por tão inesperada situação, respondi que o meu falecido pai era primo direito do senhor D. Tomás.
Durante a aula nesse dia, o tema de conversa foram pequenas histórias passadas em Singeverga.
O tempo passou… chegou o encerramento do ano lectivo e todos nós, alunos e professores estávamos envolvidos numa grande azáfama a montar uma exposição de trabalhos (pintura de azulejos), no átrio da Escola Secundaria, após o que nos deviríamos dirigir ao refeitório onde o Conselho Executivo preparava um lanche avantajado para todos nós. Discursos e mais discursos, seguiram-se aos comes e bebes. Ouviu-se alguém pedir a palavra, fez-se silêncio!...
Era o Senhor Fernando que, dando uns passos em frente e falando pausadamente como era seu hábito, contou que tinha sido aluno de um familiar meu, guardando desse tempo boas recordações. Acrescentou ainda que D. Tomás era um homem de alto valor intelectual, um profundo conhecedor de música e um homem que dominava vários saberes tendo-o marcado com o seu exemplo de bom mestre. Relatou episódios passados nos ensaios musicais, que preparavam para os rituais religiosos, em que o senhor padre Tomás se tornava particularmente exigente, pois para ele as coisas tinham de atingir a perfeição.
O presidente do Conselho Executivo estava simplesmente abismado e tomando a palavra, acrescentou que 10 anos antes, na mesma Escola Secundária de Gouveia tinha leccionado um professor“Gonçalinho”a disciplina de desenho. Era o Carlos, filho do "tio Zé dos óculos" como era conhecido, mas seu nome; José Gonçalinho, irmão do padre Tomás.
Os diálogos animaram-se e todos quantos ali estavam ficaram com uma imagem brilhante da família Gonçalinho.
Por último digo: pudesse cada um de nós um dia, merecer idênticos elogios!...

Celeste Gonçalinho de Oliveira Duarte 27/10/2005

quarta-feira, outubro 26, 2005

Jogos tradicionais da minha aldeia


Esta pequenina aldeia da Póvoa, situada no sopé do monte Ufe, cheia de beleza e cor, que o sol beija logo de manhã bem cedinho, é formada por gente simples e laboriosa, que nos tempos mais antigos apenas viviam da agricultura e criação de gado.
Hoje os tempos mudaram e há já muita gente formada, pois sempre tiveram grande paixão pela cultura.
Conta a minha mãe, que no tempo dela, poucas eram as meninas que iam à escola, pois tinham de ser as “amas-secas” dos irmãos mais novos.
Então distraiam-se com os brinquedos que eles e elas construíam.
As meninas era com as “nenas” que faziam de farrapos e depois punham-lhe os cabelos com lã das ovelhas.
O jogo das pedrinhas era um dos preferidos; deixavam os manos a dormir e lá corriam elas a ver se havia parceiras. Metiam na boca dos meninos uma chupeta feita de açúcar e já está!
A cabra cega, o lencinho vai na mão, as cartas, as lavadeiras do rio, etc, etc...
Os rapazes, esses divertiam-se com o jogo do arco, empurrado por uma gancheta lá percorriam os caminhos da aldeia em 3 tempos.
O pião, a maior parte construído por eles; o jogo do botão. Por isso as camisas dos gaiatos apareciam sempre sem botões!
O ferrínho, o jogo da verga- loureira; este ultimo jogava-se muito na escola e só com rapazes pois era preciso muita força.
O pino, o jogo da choca; este era jogado principalmente no monte e com pinhas.
O rou-rou – aqui já entravam rapazes e raparigas.
O jogo dos potinhos –este era um jogo também muito engraçado,
As célebres rodinhas em que se cantava; a borboleta que vai a voar, mais um cravo roxo que na roda entrou, etc.etc...
Diz a minha mãe que foi assim que passaram a infância de todos do seu tempo; mas que eram tempos alegres e felizes, apesar de não haver televisão nem game-boy, nem playstation , nem computadores , nem nada...
Havia apenas trabalho para os miúdos e para os crescidos.
Era apenas, uma pequena aldeia, onde vivia “uma grande família”...
Como é bom ouvir estas coisas(muito aqui ficou por contar). Algumas delas ainda eu vivi, as outras; só em sonhos...
Deixo aqui um desafio; vamos recordar e viver esses tempos no próximo verão fazendo uma verdadeira tarde de jogos tradicionais...

Do coração,
Herminia Gonçalinho Oliveira

sábado, outubro 22, 2005

Ai que saudades!...



Ai que saudades!....
Sim, que saudades eu tenho dos meus tempos de menina e moça!...
Dos serões que fazíamos todos em casa, ouvindo as anedotas e adivinhas do meu pai, ou escutando a “Nau Catrineta” que a minha mãe tão bem cantava. E nós, os irmãos, todos bons cantores, não esquecíamos os fados de Coimbra, que todos gostávamos.
Recordo com saudades aquelas idas pelo corgo abaixo, tudo numa corrida, a não ser que se encontrasse algum namorico. Nessa altura esquecia-se o tempo.
E se aparecesse o Zé Minhoto!....
- “ó que caraçasaquela é que é rica!.. dizia ele. Nesta altura o tempo passava sem se dar conta, e quando se podia, lá vinha o desgraçado a “acamboar” com um grande pedregulho metido no molho da erva.
- Aquilo é que são marotos!...
E o Chica? Ai o Chica a imitar tudo e todos, era da gente se mijar a rir.
Este foi mais um dotado que se perdeu no tempo e no espaço; mas os tempos eram difíceis e não havia as facilidades e as ajudas que há hoje. Caso contrário teríamos agora o Chica no lugar do “Bisalhão” para ajudar a Júlia Pinheiro na 1ª Companhia, e tenho a certeza que desempenharia bem o seu papel.
Recordo com saudades os bailaricos na eira de pinheiro, ao som do realejo do Isac.
As idas à Stª Eufémia, que para nós era uma festa.
A noitada do fogo dos Remédios, onde nunca o meu pai faltava, assim como eu e o meu Manel.
Òh tanta, tanta coisa boa e bonita!....
Até as próprias maroteiras dos rapazes, desde o roubar, ou melhor, fazerem desaparecer as galinhas, e a pobre raposa é que ficava com as culpas, ao irem durante a noite tirar a roupa dos estendais, para a irem estender na torre do sino. Só deles….
Já agora aproveitando a embalagem, deixem-me que lhes conte apenas duas de entre muitas das suas façanhas.
Uma noite, resolveram pregar uma partida ao tio David.
Foram buscar a burra e prenderam-na dentro de casa, junto à porta. Quando ele ia a entrar, deu logo um grande beijo no focinho da burra. Estão a ver o que lhe podia ter acontecido?! não havia luz, e ele entrar em casa, e sem contar bater contra o focinho do pobre animal!...
Claro a sua reacção foi gritar:
- Acudam-me, acudam-me….
- Tio António, anda um “sprito” maligno na minha casa.
- Ai minha rica casinha que tenho de te abandonar.
Doutra vez resolveram ir passear uma galinha a cavalo na burra do tio Minhoto.
Trouxeram a malograda galinha, que vinha toda contente a passear a cavalo, até ao largo. As do “Mestre” deram conta, abriram a janela e a galinha assustada, queré-qué-qué, queré-qué-qué, lá se foi, tentando esconder-se na sombra da noite, mas provavelmente não se conseguiu safar, e acabou nos estômagos dos raposos, como tantas outras.
Não acham que é para se ter saudades desses tempos? Mas…tudo passa, tudo esquece, só a saudade permanece.
M.C.O.V.G.

terça-feira, outubro 11, 2005

O Magusto




Como prometido; embora com algum atraso, aqui vão algumas fotografias do local onde se pretende realizar o magusto. Pedimos desculpa pela qualidade das mesmas, mas foi o que melhor e para já se conseguiu.
A comissão de festas, pretende sempre que possível, arranjar eventos desta natureza na nossa terra.
Para tal é necessário que haja apoio, em termos de presenças, pois tais, só se justificam se as pessoas residentes e não só participarem. Também podem convidar amigos, das terras visinhas.
O magusto poderá não ser só castanha, também poderá ter animação, conforme a adesão.
Agradecemos a todos que façam a vossa inscrição até ao dia 23 deste mês nesta página, nos comentários. Conforme se forem inscrevendo, passaremos as incrições para a página principal.
Inscrições
-Muito boa ideia e contem com o Neca e a Margarida
-Também estaremos presentes. Jorge e Isabel
-Encontramo-nos no Magusto da Aldeia, Herminia Gonçalinho e António Pinto
-Contem também comigo Alda Cristina Fernando João
-Vamos Adorar estar lá nesse dia Alzira Gonçalinho Carlos Cardoso

sexta-feira, outubro 07, 2005

PAULA DISSE:




Paula disse...
Póvoa, cantinho de paz, de lembranças, de amor pela natureza. Póvoa é onde nos encontramos com nós próprios.Passei lá todas as minhas férias grandes e muitas épocas festivas, como o Natal e Páscoa.Foi na Póvoa que aprendi, com os rapazes, a assobiar, aprendi a nadar, no rio Balsemão, com as suas águas geladas e de seixos que feriam os pés, mas que eu adorava. Descia, juntamente com a Rita (amiga de Vila Real que também ali passava férias), o Souto até ao rio sempre contente e sem me preocupar com o percurso imenso que tanto custava mas não deixava de fazer.Foi naquela aldeia que fiz grandes amizades, a Nela e a Lurdes. Também tinham férias “grandes” mas era neste período que tinham mais tempo para ajudarem na lida da casa, na lavoura ou no tratamento do gado.Para estarmos juntas íamos todas para o monte e, enquanto as vacas pastavam calmamente, nós conversávamos e brincávamos. À noite brincávamos às escondidas, saltávamos à corda. Éramos muitos, a Dília, a Paula, o Jorge, o Rui, o João, o Fernando, o Nelson a Leonor, a Lurdes, a Cristina e tantos outros.Já na adolescência, os namoricos tomaram o seu percurso normal.Crescemos, casamos …E a responsabilidade do emprego, da família, dos filhos que vieram e encheram a nossa vida de uma outra forma, fez-nos esquecer como foram boas aquelas férias “grandes”.Porque é necessário levar os “putos” à escola, porque hoje o trânsito está infernal, porque é preciso ir às compras, porque há aquelas contas para pagar, porque hoje o Nuno tem natação, porque a Joana tem música, porque hoje é domingo e é preciso levar os miúdos à catequese, porque, porque, porque…Hoje parei por momentos e sentei-me no sofá, no intervalo da natação e da música. Uma nostalgia serena percorreu-me todo o corpo arrepiando-me. Quero voltar à Póvoa, tenho saudades. Quero olhar pela manhã o soito, com o sol a bater no monte, ainda meio adormecido, como que a espreguiçar-se, esticando os seus braços, sobre os castanheiros e fazendo lembrar aos passarinhos que são horas de procurar alimento e o chilrear ecoa pelo monte numa melodiosa sinfonia.Quero levar o Nuno e a Joana num passeio pelo pinhal e mostrar-lhe a paleta de cores que a natureza usa e modifica sempre que a Estação é outra.Aqueles tons castanhos, laranja e vermelhos do Outono; os mais variados verdes do Verão e todo o arco-íris das flores, fazendo com que cada uma seja mais bela do que outra, tentando captar a atenção dos insectos que rodopiam numa grande azáfama.Quero que cheirem a terra molhada os fenos secos. Quero que o avô Costa conte as suas fantásticas estórias da mocidade e nos retrate um pouco o nosso passado, por vezes difícil de entender. Quero levá-los ao berço da Moura e ao pico do monte. Quero que eles conheçam outras realidades diferentes das suas, onde as crianças, em vez de uma playstation jogam cartas enquanto o gado pasta no monte, que em vez de aulas de música, sabem, como ninguém, distinguir o canto dos pássaros e os imitam na perfeição. Quero que vejam a neve nos beirais e quero acordá-los a meio da noite para verem os flocos a cair. Quero olhar para o céu e contar as estrelas. Quero ter tempo e espaço para não pensar, só para ver e escutar.Quero ir à Póvoa………………..Teresa Paula

VAMOS TODOS AO MAGUSTO






É isso mesmo vamos todos ao magusto!
Vamos todos reviver velhos tempos.
Ah!. não se esqueçam, de se inscreverem, ou aqui (nos comentários) ou então tentando falar com a ........., bom. 2ª feira vou dizer quem está a organizar, e provávelmente irão ter algumas surpresas. Não se esqueçam por isso mesmo de 2ª feira fazerem uma visita aqui á nossa página
.
Façam como o Neca e a Margarida, que já se inscreveram. Sem espinhas............
Bom fim de semana, e esperamos pela vossa visita na próxima semana, assim como muitas inscrições.
Para que ninguem se perca pelas ruas, esperamos poder apresentar fotografias do local onde se irá realizar o magusto.
Bom fim de semana, e um abraço para todos.

quinta-feira, outubro 06, 2005

A Póvoa, passado e futuro



Não vão longe os tempos, em que todas as casas eram habitadas, mesmo aquelas, que nos anos mais recentes, serviram de palheiros.
Hoje porem, a realidade é outra. Cada vez, mais casas fechadas, mas também, cada vez mais casas recuperadas, e mais gente com vontade de recuperar outras. São os filhos desta terra, que por um motivo ou outro tiveram na sua grande parte de imigrar, enquanto que mais recentemente outros emigraram, mas sempre com a sua terra no coração.
Pretendem todos eles sempre que possível, passar algum do tempo disponível, na terra que os viu nascer e mais tarde partir, transportando consigo as recordações de infância, que nunca mais se apagaram da memória. E são tantas as recordações, e por vezes tão estranhas, que os mais novos, hoje ao ouvi-las, e porque convivem com realidades completamente diferentes das do nosso tempo, outra coisa não dá que não seja motivo de risota e escárnio. Mas para todos nós, que ainda nos lembramos dos finais de dias de segadas, em que, em alegre cantoria as mulheres e homens anunciavam o fim de mais um dia de ceifa, ou os fortes berros dos malhadores de mangualde que gritavam após mais uma malha feita “ á eiiiiiiira!.. á eiiiiiiira!.., para anunciarem ás mulheres que tinham acabado de malhar o trigo ou o centeio, para que estas viessem fazer a respectiva limpeza, (na eira dos Gonçalinhos ainda hoje se encontra uma grande pedra, para onde subiam os homens, para gritar “à eira”, mas isto acontecia em todas as outras) ou ainda, as loucas correrias pela levandeira ou corgo, acima e abaixo, para verificar se a água para regar o cebolo, ou apegar as batatas ou outra coisa qualquer, ainda cobria a marca, que antes de se juntarem outras águas se tinha feito. Tudo isso para além de trabalho era brincadeira, tal como eram mais recentemente, por volta dos anos 70 as malhadas já efectuadas com malhadeiras, e que os rapazes muito bem aproveitavam para se divertir, criando falsos caminhos por onde supostamente as raparigas teriam que passar, para depois caírem em algum buraco. O pior era quando lá caía alguma pessoa mais velha!...
Nós não tínhamos computadores, nem televisão, por isso tínhamos que arranjar diversões na rua, e criar os nossos teatros, até mesmo aquelas brincadeiras de quem ía pela calada da noite roubar as burras para assustar as pessoas, ou se metia nos cedros do cemitério com a mesma finalidade!.... Hoje recordamos tudo isso com nostalgia. Provavelmente a mesma com que os mais novos um dia recordarão os seus feitos, numas imortais férias na Póvoa. Aquela terra onde a liberdade que lhes falta nas grandes cidades, aqui podem desfrutar, sem os receios de que seus pais são acometidos nos grandes centros. Por isso, na Póvoa, as noites são mais pequenas, não para fazerem os mesmos jogos que nós fazíamos, como seja o “rou-rou, a barra ou até mesmo o pino”, mas outros jogos que muitas vezes se traduzem em amenas cavaqueiras e troca de conhecimentos, de que hoje são possuidores, fruto das novas tecnologias. Nós não tínhamos essas diversões, por isso mesmo, de tudo fazíamos divertimento. Como nos dava prazer esperar as raparigas, junto ao tanque, para as molharmos, ou então para esperarmos que enchessem os canecos de água e nós atirarmos umas pedrinhas para dentro, para que elas voltassem a ter que os encher novamente e demorassem mais uns quantos minutos a ouvir uns piropos. Por vezes fugir era o nosso recurso, para não sermos reconhecidos pelos pais, que muitas vezes vinham procura-las tal era a demora a que estavam sujeitas, por nossa culpa.
As noites de Inverno eram demasiado grandes, para que fossem passadas inteiras dentro de casa., por isso arranjava-se de quando em quando umas churrascadas, lá para os lados do cruzeiro, que mais tarde se liquidavam, nos confessionários, com uns puxões de orelhas, e alguns tostões que se davam na missa, para remissão das referidas faltas, já que dar vida às galinhas para se entregarem aos donos era impossível, e demais a mais quem as tinha comida tinha sido a maldita raposa.
Tudo isto nos trás muitas saudades, tal como já todos sentimos da alegria que este ano teve a nossa festa. Sim aquela foi a festa de uma família, a família da Póvoa, onde os mais novos, que estiveram em grande número sentem aquela festa como sendo a sua, e por isso foi muito bonito ver a alegria com que todos se divertiram e contribuíram para a festa, mesmo tendo-se a certeza de que não estiveram lá os seus grupos preferidos, como os Anjos ou os D’zrt, entre outros, mas muito bem, isso não foi pretexto para não darem o seu contributo, e dizerem bem alto á Póvoa que poderá contar com eles em próximas edições, ou outros eventos, como por exemplo, o mais que provável magusto que se irá realizar no final deste mês. A festa essa será na mesma altura, ultima semana de Agosto, com um programa que esperamos venha a ser do agrado de todos. Para tal, podem também colocar aqui em (comentários) as vossas sugestões.
Um abraço para todos.
(Jorge Venâncio)

segunda-feira, outubro 03, 2005

Memórias da Póvoa (por Fernando Costa)




Memórias da Póvoa…Quando era garoto passava o ano inteiro à espera do próximo verão para ir passar as férias à Póvoa com a Avó Gloria e o Avô Macário… Apesar ter imigrado para Lisboa com apenas 3 anos e portanto as minhas experiências na Póvoa serem as de uma criança/adolescente à descoberta de uma terra e das suas gentes muitas vezes enigmáticas e dignas dos melhores contos de aventuras juvenis, sempre senti que no meu sangue corria a alma daquelas gentes e hoje afirmo com orgulho que, esta terra, a sua alma e as suas gentes moldaram a minha personalidade e a minha forma de estar na vida.Recordo com alguma nostalgia as aventuras passadas com os amigos de então… o Manel e o Jorge do Clemente e as saídas para o monte com as vacas ou as idas ao rio tomar banho no final do dia… as histórias do Fernando do Franquelim… as noitadas a jogar o "sobe e desce" na taberna da Celeste… as passeatas para as festas de aldeia em aldeia com o Rui pra curtir umas bubas… e claro o prazer de estar com os meus avós nos serões passados a ouvir sempre e todos os anos as mesmas histórias (a história do "Bicho Cabra"… a história da "Perseguição dos Lobos"… todas as histórias das patifarias do meu Pai e dos meus Tios, isto no tempo em que não havia Game Boy e por isso eles tinham que se entreter com outras "brincadeiras", às vezes pouco apreciadas pelos mais velhos), tantas e tantas histórias que se passadas para o papel encantariam certamente muitas crianças nos contos de adormecer.Aos promotores desta iniciativa um agradecimento por, em nosso nome, e de todos os nossos Pais e Avós, abrirem a esta "porta para o mundo" chamada Internet esta Aldeia, as suas gentes e os seus costumes.Bem-haja a todos!!!Fernando Costa

sexta-feira, setembro 30, 2005

Histórias da Póvoa (Por José de Oliveira Costa)

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Ao longo de séculos e por tradição, os rapazes namoradores corriam à pedrada os mocetões estranhos que tentassem chegar à fala com as belas moçoilas que sempre aqui houve; poucos foram os cruzamentos que escaparam a esta malha. Oh!... como os rapazes se perdiam por aquele palminho de cara, pelos corpinhos ondulados ou mesmo usuais soquetes ou pelos bordados das subsaias rodadas que sempre traziam à mostra!...
De se lhes tirar o chapéu até meados da década de 50, eram as festas de S. João, que sempre provocaram a inveja de todas as aldeias circundantes; enfeitadas e organizadas com seus fachos incandescentes, junto do talefe do monte Dufe, a sua vista era desfrutada por toda a região até para lá de Tarouca e muito para além da Régua. Fala-se com saudades desses tempos, que acabaram, mercê da florestação dos montes (por 1953) e da consequente possibilidade e perigo de incêndios.
Motivo de conversa, pela sua graça, nas tertúlias de café (que também já existe na Póvoa), são ainda hoje aventuras e brincadeiras do "Chica", do Zé D'Arminda, do Zé Macário, e de outros. Só comparáveis com as aventuras do Tim Tim, ou com as histórias da "Tia Pita"
Desde há mais de 50 anos que a Póvoa também não fazia a sua festa anual em honra da sua padroeira...
Retomou a tradição este ano (2005) em Agosto, e vai continuar a ter a sua festa. Ah!... Como foi bom ver ressuscitar este povo, agora sob outras roupagens que promete ser revigorado com regresso de pessoas que já se sentiam esquecidas!... Esperamos que também os senhores autarcas venham um dia a dedicar alguma atenção a este povo e ao fenómeno desta vontade de renascer.
(ZÉ MACÁRIO)

A PÓVOA (Autor: José de Oliveira Costa)






Localizada na base do monte Dufe e limitada a Norte pela aldeia de Quintela, a Sul pelo monte de Magueija, a Este pela Freguesia de Meijinhos e a Oeste pelo rio Balsemão, existe este pequeno povoado que dista do centro da cidade de Lamego cerca de 8 Km. Encravada e esquecida entre altas montanhas, só há poucos anos viu construída uma muito estreita estrada que a pôs em contacto rápido com o mundo; porém, água ou saneamento básico, nem vê-los !..... Este lugar mantêm no entanto todas as caracteristicas de velha aldeia rural, com suas casitas graniticas de coberturas em telha de Varzea, feita e cozida de forma artesanal. É esta uma aldeia ainda carregada de história (agricola), onde existem autênticos monumentos como por exemplo, as eiras de pedra e forno comunitário, o cruzeiro da independência e uma antiquissima capela com três altares dos mais belos que há na região.
Penso ser passífico que os habitantes deste lugar serão originários essencialmente de duas familias: Gonçalinhos e Oliveiras, pelo que toda a deriva aqui vem entroncar, isto é: é tudo uma familia.
(ZÉ MACÁRIO)

Boas Vindas


Sejam todos bem vindos ao Blog da nossa Aldeia!!!!

Este Blog (jornal local online) é de todos e para todos!!

Este "blogg" foi criado em 27/09/2005. Esperamos que a receptividade ao trabalho aqui apresentado seja do agrado de todos, e não se esqueçam, que este pequeno espaço não é da autoria de profissionais, nem tão pouco pretende outra coisa que não seja dar a conhecer a nossa terra, bem como recebermos noticias da mesma por este meio. Agradecemos a todos que pretendam ajudar a construir este "Jornal" que o façam com artigos de intertesse. Criticas (construtivas) ideias, fotografias e tudo o mais que possa ter interesse para a nossa Póvoa. Todos os comentários serão analizados e as ideias serão colocadas na página principal. A todos o nosso muito obrigado pela colaboração e vamos fazer da Póvoa (esquecida pelos autarcas) a inveja dos outros.
Um abraço para todos!

quinta-feira, setembro 29, 2005

Reativar este blog

Iniciado em 2005, este blogue cumpriu em parte, aquilo para que tinha sido inicialmente projetado. Com o decorrer do tempo e tal como n...